sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Casa, Rio de Janeiro --- Wikipedia e tal

A capacidade da internet de se auto-organizar ainda me impressiona. Um dia alguém tem uma ideia nova para coletar/gerar informação de uma forma particularmente útil, e voluntarios de todo o mundo contribuem até termos outro projeto típico da rede: Excentrico, difuso, nem sempre correto, mas imensamente útil. Dado o chute inicial, uma comunidade com sua própria sub-cultura emerge para manter e atualizar o recurso, com custo agregado quase nulo e alcançe quase ilimitado.

Eu estava pensando nisso enquanto fuçava na Wikipedia (uma enciclopedia comunitaria; qualquer um pode contribuir um artigo, com a ressalva que o artigo pode ser rejeitado pela comunidade, ou modificado). A sequencia lógica do racicinio acima seria a seguinte "qualquer um pode contribuir, e uma contribuição útil, mesmo que pequena, vai permanecer disponivel para todos e para sempre"... Aliando teoria à pratica, resolvi então contribuir um artigo. Existem vários assuntos sobre os quais entendo um pouco, mas queria algo que fosse

a) Curto: Eram 3 da manhã e não queria ter mais que 2 minutos de trabalho
b) Fácil: Não queria pensar muito; um pequeno artigo factual não controverso
c) Útil: Um verbete curto só seria útil se fosse sobre um tema pontual e obscuro (para os leitores da Wikipedia). Algo que vc poderia ler mencionado em uma página na rede, e se perguntar o que é.

Decidi então escrever um paragrafo curto sobre... José Alencar! Nosso vice-presidente... Não tenho nenhum interesse especial pelo cara, nem sabia muito sobre ele. Mas ele se encaixava em todos os criterios: Uma micro-biografia é simples, incontroversa, e um carinha randômico lendo o NYT acharia o verbete útil (pq ele só que saber quem é José Alencar, não ler José Alencar: Vida e Obra). Fiz uma pesquisa de 1 minuto, e escrevi o texto. A lógica é bizarra, mas consistente...

Existem outros recursos parecidos: a usenet (faz 30 anos!), ou o slashdot agregam o saber e folclore da rede para a posteridade; o projeto Gutenberg armazena livros que não são protegidos por copyrigth, e redes P2P distribuem qualquer coisa para qualquer um. O principio é o mesmo do software de código aberto, só que aplicado a qualquer produção intelectual.

Na verdade, a empreitada de ´código aberto´ pioneira se chama ciência. Todo o processo de produção científica depende de grupos dispersos produzindo e tornando disponiveis teorias e observações, que são então testados, criticados e melhorados pela comunidade. Agora o círculo está completo, como diria Darth Vader. A internet e a web, inventadas por e para pesquisadores, agora são o principal meio pelo qual o intercambio científico se dá. Trabalhos científicos são disponibilizados na rede, referenciados por hipertexto e indexados pelo google.

Chega de mayonese por hoje. Mas se daqui a 20 anos houver um antropólogo pesquisando sobre auto-organização nos primordios da internet, talvez tropeçe aqui neste blog...

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domingo, 28 de novembro de 2004

Cyber Games, Cabo Frio

Estou aqui em Cabo Frio para o fim de semana, com a Ceci & pais. Praticamos esportes radicais, como ir a praia, comer peixe frito e dormir. Pode não ser uma grande aventura, más é uma ótima terapia. A dona da barraca onde almoçamos é uma excelente cozinheira (para quem gosta de coisas bizarras, comi as ovas fritas do(a) peixe. Gostoso.). Depois do almoço, ficamos discutindo sobre receitas e temperos. Decidi que vou plantar um pouco de alfavaca.

Nada como um pouco de antropologia underground. Existe alguma conexão profunda entre sol & praia e música ruim & alta. Música ruim existe em qualquer lugar, mas só na praia ela é realmente apreciada (os habitantes locais não são mais ou menos propensos a gostar de porcaria; o que acontece é que os fãs hardcore se congregam na praia). Em outro lugares, as pessoas ouvem funk/axé porque estão entediadas/procurando sexo/embriagadas, mas por aqui seus apreciadores ouvem com atenção reverente enquanto cantam e dançam com uma desenvoltura que só a longa experiencia traz. O repertório não se limita ao ´bonde do Tigrão´ básico, e inclui vários grupos obscuros (mas igualmente ruins) do Brasil afora. Assim como os verdadeiros fãs de rock progressivo não consideram o Pink Floyd seu grupo favorito (preferindo algum grupo finlandês obscuro), os verdadeiros connoisseurs tem opiniões fortes sobre o que constitui o verdadeiro funk/axé, e discutem entre si os meritos relativos dos diversos grupos, bandas e bundas.

Chega de antropologia underground.

No Rio a minha vida esta meio atolada. Não consigo terminar algumas tarefas necessarias mas desinteressantes, e portanto não consigo começar outras mais interessantes. Argh...

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domingo, 21 de novembro de 2004

HSH, Belo Horiznote - Chernobyl

Estou em BH para outra visita relâmpago. Semana restrasada estive em SP para o Tim Festival. Eu *nâo* estive em Chernobyl durante este periodo, mas uma Bielorussa cruzou a zona contaminada de moto, e fez um blog a respeito! Não é uma aventura tão suicida quanto parece; a radiação é toleravel se vc não sai da estrada ou fica muito tempo (ou pelo menos é o que ela diz).

Quando o reator explodiu, espalhou radiação por uma zona enorme na Ucrania e na Bielorussia. O governo sovietico tentou manter o acidente em segredo até que os noruegueses (acho) detectaram um nuvem radioativa inda na direção deles. Enquanto isso, os sovieticos recrutaram milhares de soldados e bombeiros para apagar o fogo (das barras de grafite super-aquecidas, expostas pela explosão ao oxigenio atmosferico). Alguns sabiam do que se tratava, outros não; mas parece que alguns milhares deles morreram de cancer ou envenenamento radioativo. Depois que o alarme foi dado, algumas centenas de quilomtros quadrados da então URSS foram evacuados quase que da noite para o dia. As fotos mostram as cidades fantasmas, caminhões, fazendas, barcos, como foram deixados. Parece filme de zumbi...

http://www.kiddofspeed.com/chapter1.html

UPDATE: A tal Elena é uma fraude! (veja aqui tb) Parece que ela foi em uma excursão para Chernobyl com o marido (em um Lada, com um guia), e que metade das coisas que ela diz são exageros. Argh! Parecia bom demais para ser verdade

UPDATE 2: O filme "Return of the living dead 4¨ vai ter cenas rodadas em Chernobyl!". Filme de zumbi mesmo.,.,

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terça-feira, 16 de novembro de 2004

CBPF, Rio de Janeiro - Ruido branco

Não vou mais falar da eleição americana (pode abrir os olhos, Fernando). Este não é um blog político, afinal de contas. Mas não prometo não falar sobre a morte do Arafat, o segundo turno na Ucrania ou o genocidio em Darfour... ;-) Minha personalidade 'News Junkie' está tentando voltar a tona, mas no momento é a 'Cadê a comida?' que está no comando.

Vou jantar agora. Comecei o post prometendo não falar sobre alguma coisa, e terminei falando sobre coisa alguma. Em homenagem as **AA, termino com uma citação do Robert Heinlein

There has grown up in the minds of certain groups in this country the notion that because a man or corporation has made a profit out of the public for a number of years, the government and the courts are charged with the duty of guaranteeing such profit in the future, even in the face of changing circumstances and contrary public interest. This strange doctrine is not supported by statute nor common law. Neither individuals nor corporations have any right to come into court and ask that the clock of history be stopped or turned back, for their private benefit.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2004

CBPF, Rio de Janeiro

o Bush ganhou... Que merda.

Eu passei a madrugada ontem acompanhando a eleição americana pela internet. Por volta das 9 da noite, começaram a aparecer extra-oficialmente pesquisas de boca de urna indicando que o Kerry estava na frente em quase todos os swing states. Na CNN, os apresentadores (que tinham se comprometido a não divulgar tais pesquisas dado o fiasco da eleição anterior) ficavam soltando 'dicas', dizendo que o sorriso da Laura Bush parecia forçado, que o clima era de otimismo entre os democratas, etc. Na internet não havia auto-censura (e.g, na Wonkette); os democratas comemoravam, e os republicanos arranjavam desculpas e acusavam os democratas de intimidação, mau halito e bestialismo. No site de apostas TradeSports , os apostadores que antes favoreciam Bush na proporção de 2 para 1 subitamente mudaram de ideia, e começaram a apostar em Kerry.

Por volta de 1 da manhã, começavam a chegar os primeiros resultados. Em todo os EUA, eles favoreciam Bush, mas isso era esperado, porque distritos rurais (que em geral votam nos republicanos) terminam a contagem mais cedo.

Uma hora depois, a liderança de Bush se consolidava em alguns estados que a boca de urna apontava como tendendo ao democrata. Os posts nos blogs liberais foram ficando mais esparsos, e as apostas em um ou outro lado se equilibravam.

Perto das 3:30, alguma coisa estava obviamente errada com a boca de urna. Na Florida Bush abria 5 pontos de vantagem com metade das urnas apuradas. Ele tambem liderava em new Hampshire, Winscosin, Minnesotta, Iowa e Michigan, alem de Ohio. As apostas agora voltavam a proporção anterior de 2 para 1 em favor de Bush.

As 4, com mais votos urbanos sendo apurados, New Hampshire passou a favorecer Kerry. Pouco depois, o mesmo se deu com Minnesotta, Wisconsin, Michgan e Iowa. A disputa em Nevada, Colorado e Novo Mexico era apertada. Em Ohio, a vantagem de Bush caiu para 4, 3, 2 por cento. Tudo dependia de Ohio, quem ganhasse seria o novo presidente. Mas a esperança democrata dura pouco. O resultado em Ohio oscila, mas a diferença nunca é menor que 100.000 votos. O total de seçoes eleitorais apuradas chega a 80%, 90%, 96%. Por volta das 5, até os democratas mais otimistas reconhecem que tinha acabado.
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Neste momento, estou dividido entre raiva e perplexidade. Não entendo como os americanos elegeram este mentecapto, após tudo o que ele fez (na verdade entendo sim, só não aceito. Mas depois desta madrugada insone acho que tenho o direito de ser implicante). Fico com raiva daqueles americanos que não foram votar por pura coceba. Fico com raiva da esquerda, que atualmente só consegue oscilar entre o patético e o irrelevante. Fico com raiva dos Roves, Cheneys, Rumsfelds e Ashcrofts da vida, que vão tomar este massacre (não só na eleição presidencial, mas também no senado e camara dos representantes, e em alguns anos também na suprema corte) como um mandato para continuar a cagada dos ultimos 4 anos. E fico com raiva dos fascistas islamistas que vão aproveitar esta oportunidade única para se posicionarem como 'defensores da fé' na cabeça de muito gente.

De consolação, pelo menos como procedimento democratico a eleição nos EUA foi um sucesso. Os americanos tem um sistema singularmente ineficiente e excentrico de votação. Mas não houve fraude ou intimidação em larga escala, o comparecimento foi grande, e eu tive a impressão que os eleitores foram muito mais capazes de aceitar diferenças honestas de opinião do que os políticos e comentaristas em geral.

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terça-feira, 2 de novembro de 2004

B & C B& B, Rio de Janeiro

A comunidade mineira expatriada (exceto pelo Schneider, cujo celular aparentemente faleceu) está aqui em casa. Fiz um macarrão (novidade!) de Chitake & Shimeji com alho poró, soyo e vinho branco. A Maria Flavia trouxe brownies de sobremesa.

Nas ultimas semanas me tornei quase um expecialista no processo eleitoral americano. GOTV, swing states, incubent rule, early ballots, etc.

Nas ultimas duas semanas, estão aparecendo literalmente duzias de pesquisas por dia. Veja aqui e aqui mapas eleitorais com previsão de voto estado a estado. Em resumo, a maior parte dos estados já está definido. O sul e centro oeste é Bush sem discussão. O nordeste e oeste são democratas. Os swing states que ainda estão em jogo ficam em sua maioria na região dos grandes lagos (Iowa, Wisonsin, Minnesota, Ohio; A Pennsylvania já esta quase definida para o Kerry). Além destes, a Florida (sempre) está empatada nas pesquisas, e Novo Mexico e New Hempshire ainda estão na disputa (mas tendem a Bush e Kerry, respectivamente).

Até ontem as pesquisas estavam praticamente empatadas, tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral. Em geral, isso tenderia a favorecer a oposição; 2/3 eleitores indecisos tradicionalmente voltam na oposição. Mas nesta eleição o numero de indecisos é minusculo; e dada a excepcionalidade do pleito, o inverso pode acontecer (alguem que esteja indeciso nesta altura do campeonato ou é *muito* alienado, ou *muito* burro, duas caracteristicas de muitos dos eleitores do Bush).

No final das contas, a eleição deve ser definida pelo comparecimento dos eleitores. Nas ultimas eleições presidenciais americanas, pouco menos de metade dos eleitores qualificados votaram (a menor fração em um pais industrializado hoje). Este ano espera-se um comparecimento maior. A questão é quão maior, e quem são os novos eleitores. Ambos os partidos investiram pesado no GOTV (get out the vote); os republicanos tentam mobilizar 4 milhões de evangelicos que não votaram na eleição passada (explicando em parte o apoio do Bush aquela emenda constitucional grotesca proibindo os estados de reconhecer uniões gays). Por outro lado, negros e jovens tendem a votar nos democratas, e milhões deles se registraram para votar pela primeira vez. O voto hispânico também é disputado. No final das contas, tudo depende de quem vai efetivamente comparecer*.

Estou ligeiramente otimista que estes fatores favorecem o Kerry. Quem quer que ganhe, acho que vai ser por uma margem relativamente grande; quem for mais eficiente no GOTV deve ganhar em quase todos os swing states.

Alguns (poucos) links que costumo frequentar:

Comentarios relevantes na revista Slate
Quatro blogs (os dois primeiros politicos, os dois ultimos sobre o Iraque:
Andrew Sullivan, Wonkette, Juan Cole, Healing Iraq
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* To any americans reading this, get off your ass and vote!

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domingo, 31 de outubro de 2004

Bruno & Ceci bed & breakfast, Rio de Janeiro

Tenho uma confissão a fazer. Estou obcecado com a eleição americana...

Como o resto do mundo civilizado, eu acho o GWB uma desgraça. O que eu não consigo entender é porque metade dos EUA não compartilha desta opinião. Talvez porque eles achem que ADM foram achadas no Iraque, que o Saddam é responsavel pelo 11 de set., que o mundo ama o Bush e que o Bush apoia o tratado de Quioto e a Corte internacional de justiça (sério! Parece que não é só a mente de GWB que tem um contato tênue com a realidade.)

Se o problema se limitasse a um presidente imbecil que levou as finanças de seu pais para um buraco e rebaixou o nivel do discurso politico para o subsolo, eu poderia me limitar a uma certa simpatia abstrata pelos EUA (algo como um Zimbabwe gigante). Infelizmente, por ação ou inação, as decisões do dito imbecil afetam o mundo todo. E quase tudo o que ele fez ou deixou de fazer contribuiu para tornar o mundo inteiro menos seguro e mais violento. Eu não tenho dúvida que GWB e OBL se odeiam com todas as forças (não importa o que o Micheal Moore diga). Mas a verdade é que eles vivem em simbiose. Bush não seria mais que um acidente eleitoral de mandato único se não fosse OBL. E OBL não seria visto por muitas das suas vítimas em potencial os como um ´defensor dos [insira seu grupo de muçulmanos oprimidos favorito]´ se Bush não usasse sua presidencia para sublimar seus traumas de infância.

A tragedia é que o mundo realmente precisa combater o totalitarismo islâmico e seus representantes. Mas, chame isto de guerra ou não, o campo de batalhas deste conflito é o das ideias. E para ganharmos, muita gente (e não só nos EUA e no mundo islâmico) vai ter que parar de repetir slogans vazios e efetivamente começar a pensar por conta própria.

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quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Casa, Rio de Janeiro

Primeiro post desde a morte do meu avô. Fim de semana passado voltei para BH para a missa de
7o dia. O meu tio Demostenes (que é padre (e que sempre chamamos de tio Demo)) oficializou. Eu, meu irmão e meu pai fomos nomeados voluntários para ler trechos da Bilbia. Segundo o meu primo, eu soava como um locutor do Discovery channel.

No dia da missa, de manhã, tinha ido com o Fernando e a Mariana na escavação arqueologica que o André e o Alastair estão comandando em Sabará. É a segunda vez que vou. Da primeira, fiquei responsavel por uma quadra de 1mx1m que era cortada por um muro (muito capenga) antigo. Desta vez, a Mary & Fernando ficaram com um quadrado, enquanto eu peneirava e subia no pé de jabuticaba.

O processo de escavação é sistemativo. A posição da quadra é demarcada com um teodolito. Raspamos o seu interior com uma pá de pedreiro, até atingir os limites de um contexto (i.e., uma pedaço de um estrato produzido em alguma circunstancia temporal ou espacial comum; muros, pisos, tipos diferentes de terra, etc. separam contextos diferentes). Qualquer coisa de origem antropogênica é guardada em um saco especifico da quadra e do contexto (a terra retirada é peneirada para garantir que nada importante seja descartado). Os achados são então lavados, esfregados e classificados. Os resultados são anotados em planilhas, que são então ponderadas por alguns individuos exóticos. Tais individuos então escrevem artigos/livros/teses explicando o que pedaços de cerâmica e osso, quando inseridos no contexto (semanticamente falando) apropriado, nos dizem sobre quem vivia alí, o que faziam, pensavam e comiam, e quais criaturas monstruosas antidiluvianas esperam no fundo do oceano pelo alinhamento estelar que anuncia o fim do mundo-tal-como-conhecemos(r).

A parte da escavação parece simples, mas é preciso ter cuidado para saber identificar os contextos (e não mistura-los) e não deixar passar nenhum caquinho (e fazer isso da forma mais rapida possivel). A parte das criaturas antidiluvianas subaquaticas demanda um pouco mais de experiencia.

Eu gostei muito de escavar. É dificil descrever a emoção de descobrir em um buraco no chão um caco de ceramica (que em outro contexto (semântico!) seria bastante ordinario), sabendo que o respectivo contexto (físico!) é delimitado pelo piso de um casebre de função ignorada. Claro que um observador desavisado só veria um maluco sorridente coberto de poeira raspando cuidadosamente a terra enquando junta caquinhos amorfos em um saquinho. Falta-lhe o contexto...

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quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Casa, BH

Meu avô Cilas morreu ontem de noite. Ele estava na UTI após desmaiar na fazenda da minha tia, mas após dois dias parecia bem, falante e inquieto. Eu fui visita-lo sabado de manha; o Roca foi a tarde. Algumas horas depois o pulmão não conseguia mais bombear oxigenio suficiente devido a uma embolia, e ele morreu.

O meu avô adorava inventar engenhocas, contar estorias e piadas infames. Cada canto da casa dele tem alguma coisa que ele construiu ou modificou, uma especie de museu do Professor Pardal. Portas e portões automaticos, arvores com topologia não-trivial, uma cadeira articulada inimitavel, um pegador automatico de goiabas, e a passagem secreta ocasional. Como ele era *muito* bom em trabalhar com madeira, quase tudo é de pinho de Riga (i.e., Estonia. É a mesma arvore que dá aqui no Brasil, mas por lá a madeira ganha veios claros e escuros alternados)

Quando eu era pequeno, ele era o adulto mais interessante que conhecia. Uma cabana tosca que construimos nos fundos da fazenda se transformava em um posto avançado na selva profunda. Sua oficina/deposito continha os segredos da Vida, o Universo e tudo o Mais. E foi no seu Doge brontossaurico que o Paulinho aprendeu (sem que sua mãe soubesse) a dirigir. Eu, meu irmão e meus primos eramos, e ainda somos, loucos com ele.

Chegamos no hospital pouco depois das 11 da noite de ontem. Com algumas poucas horas de sono fomos para o velorio, que durou o dia inteiro para que toda a familia & amigos se reunisse. O enterro foi no final da tarde. Não houve ultimas palavras, e fico feliz por isso. Qualquer coisa que se dissese naquela hora seria redundante, ou dispensavel. Nós nos lembramos, e isso basta.

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terça-feira, 28 de setembro de 2004

CBPF, Rio de Janeiro

Milhões de anos sem postar! Vou colocar aqui as fotos da viagem (na Europa!) que prometo a meses. Fui recebendo por email de várias pessoas. A Parvin mandou escaneou e me mandou as fotos que tirou em Cargese, o Slava mandou fotos da Irlanda, e o Saulo mandou outras fotos da Corsega. Também peguei a foto dos participantes em Cargese no site do Friedmann V. Obrigado a todos!

Hoje vou postar as fotos da Corsega. Como sempre, clique nelas para ver uma versão ampliada.



A última foto do dia é a dos participantes do Friedmann V. Eu estou sentado no meio na 2a fileira, ao lado do Slava. A Parvin, o Carlos Romero e o Triay (o frances maluco que organizou o encontro) estao logo a minha frente.

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quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Hotel Glória, Caxambu

Estou aqui no encontro de particulas e campos. Hoje fiz duas apresentações orais, que ficaram *muito* boas, acho. O Luminet (um dos fundadores da topologia cósmica) estava na plateia, vamos almoçar amanha (hoje não dava, estava um bagaço, veja abaixo). Encontrei a Julia (outra mineira expatriada, em Floripa). É estranho, não veio *ninguem* da UFMG! Chegar aqui foi a maluquice usual. Sai do CBPF atrasado (novidade! veja o 3o post deste blog ), cheguei em casa, catei minhas coisas, peguei um taxi e comentei que estava atrasado. Como sempre, o cone de Mach se formou, e carros a nossa frente adquiriam uma leve cor azulada. Mas cheguei 5 minutos depois do horario. A solução foi pegar um onibus parador para Rezende, descer em São Lourenço e pegar o expresso da madrugada (4:40) para Caxambu. Foi até bom estar um pouco aprensivo com as apresentações, para me ajudar a me manter acordado...

Daqui vou para BH passar o fim de semana. Depois, de volta ao Rio. Por um longo tempo, espero...

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domingo, 8 de agosto de 2004

Mansão Mota, Belo Horizonte

Ontem quando cheguei descobri que não tinha trazido minha agenda de telefones. Sem saber muito o que fazer, entrei no ICQ, e achei o Gustavo´blivion (a caminho da reunião da SAB), e ele me deu o telefone da Lets. Acabamos indo ver ´Eu Robo´ (interessante, mas não muito Asimoviano. Depois posto uma crítica mais completa); e em seguidas despencamos no comitê de reeleição do Arnaldo Godoy (o pai da Madá), cujo bar (!) foi tomado por um trio de físicos (Gordinho, Costela e Planeta; nomes próprios são desconhecidos entre nós).

Hoje fomos na fazenda para comemorar o dia dos pais com meu avô. Depois, fui em um show de dança (interessante, porém meio estranho. Parecia a ´Volta dos mortos vivos´ em algums momentos). Na volta descubro que algum *&@%¨&$ tinha arrombado a *&¨#&¨%$ do carro arrancando a &*¨#%# da fechadura e levado a ¨%$@¨%$# do CD. Agora o &¨#(*&# do modafuca do carro não fecha, porque algum outro &¨@*&¨# modafuca tinha feito a mesma coisa alguns meses atrás na porta do passageiro.

merda

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quinta-feira, 5 de agosto de 2004

CBPF, Rio de Janeiro

De volta ao Rio... Depois da começão em Mangaratiba, cheguei aqui logo a tempo de pegar o coquetel de posse do novo diretor. Coisa fina, virou almoço.

Ainda vou para BH no fim de semana (dia dos pais). Só depois posso falar que voltei mesmo.

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Hotel Portobello, Mangaratiba

Ultima noite aqui no Hotel. Para variar nossa dupla de físicos musicais esta tocando o que dá na telha, o que pode ser qualquer coisa entre Tom Jobin e Vicente Celestino.

Fiquei bastante satisfeito com a escola. De modo geral os cursos foram muito bons. Mas depois de mais de um mês assistindo dezenas de seminários, palestras e mini-cursos de todos os tipos, estou meio cansado.

Já falei do seminário do Magueijo. O Ruffini deu um mini curso sobre gamma ray burst (cuja fonte ele diz ter explicado). O entusiasmo do cara e´ contagiante, mas ele adora o som da própria voz (e adora adicionar detalhes auto-biograficos do tipo ´Este sou eu com o Zeldovich, aqui estou com o Papa, quando encontrei o Godel no onibus...´). Ontem felizmente o Mario Novello aproveitou uma pausa dele para respirar para pedir ´Aplausos para o apresentador´, senão estariamos la´ até agora.

A comida aqui é um desbunde, temos que nos organizar para comer 5 refeições diarias. Estamos todos visivelmente mais roliços. É interessante, varias pessoas matam palestras por estarem cansadas demais, mas nunca vi ninguem matar um almoço (ou mesmo um coffe break). O caiaque continua de vento em popa (as vezes literalmente), a sauna é um compromisso diário. Acho que já me acostumei a vida dura daqui...

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sexta-feira, 30 de julho de 2004

Hotel Portobello, Mangaratiba

Todo dia agora na hora do almoco estou andando de caiaque. Hoje fui em Mangaratiba, que fica do outro lado da baia, com uma cara de Sao Paulo (Leonardo). Fiquei muito cansado na ida, porque tanto o vento quanto a maré estavam cotnra. Nao dava nem para parar para descansar um pouco, senao era arrastado na direcao errada. Finalmente cheguei na cidade, pedi para um moleque vigiar o caiaque, e fui andar. A cidade é bem feinha (mas a vista e´ fantástica). Comprei umas garrafas de coca cola (a latinha aqui custa 3.50 + taxas), e comecei a voltar. A volta foi uma delicia pelas mesmas razoes pelas quais a ida foi um inferno. Descobri que se deixasse o vento (e as ondas) virem das 5 (ou 7) horas, conseguia ´pegar jacares´ sem muito esforco. A ida me tomou quase 1 hora, a volta somente 25 minutos. Mesmo assim perdi o almoco e cheguei 10 minutos atrasados na palestra do Magueijo (com um saco de garrafas pet pingando agua do mar).

Falando em Magueijo, os seminarios dele sao os mais animados. No 2o dia ele colcocou uma transparencia (em referencia ao MOND) dizendo ´HIGH BULLSHIT CONTENT`... O cara atira para todo lado, tem teorias de enrgia de Planck invariante, c variavel, e variavel, o diabo a quatro. Mas o que ele diz e´interessante.

Para terminar, o assunto randômico do dia. Sempre achei irritante aqueles documentarios sobre o mundo animal que personalizam demais os bichos. Ontem vi um que devia ganhar oscar! Era sobre a travessia de um rio infestado por crocodilos por zebras/gnus/antilopes (nesta ordem). Nao so´a musica dramatica e a camera lenta faziam cada ataque dos jacares parecer uma cena do Poderoso Chefao, os bichos também tinham flashbacks!! Um close na cara tristonha de uma gazela era seguido de cenas em preto-e-branco de outras gazelas sendo comidas, e imagens furtivas de jacares submersos... Algo como o trauma da infancia (e a narração ´...Ela já esteve aqui antes... Na estação seca do Serengueti...´). Ate´ os jacarés tinham flashbacks (provavelmente lambrando dos anos despreocupados da juventude ou algo assim). Bizarro!

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quarta-feira, 28 de julho de 2004

Hotel Portobello, Mangaratiba

ççççççç Estava com saudades do ç!!
A a escola e´ em um hotel tipo resort bastante confortavel. E´ meio cheio de frecuras (na pagina do hotel tem orientações para como chegar de iate ou de helicoptero), mas a comida e´ excelente. Hoje vou ver se ando de caiaque...

As aulas (sao 4 minicursos nesta semana) sao em geral boas, mas estou muito cansado. Quero mesmo e´ ficar um tempo em casa.

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segunda-feira, 26 de julho de 2004

www phone, Rodoviaria, Rio de Janeiro

Estou de volta ao Brasil! So estou postando agora (de uma quisque vagabundo na rodoviaria) pq estamos sem internet em casa. Nao preciso dizer que a viagem foi otima, em todos os aspectos. Pelas minhas contas eu estive em

3 paises
5 cidades
7 avioes
9 camas (contando o chão da barraca em Cargese)

Numeros respeitaveis, eu diria. No momento estou a ponto de pegar um onibus para Mangaratiba, para a escola de cosmologia. Viajar e´ minha sina... ;-)

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quinta-feira, 22 de julho de 2004

Aeroporto, Dublin

Meu ultimo post da Irlanda...

Ontem foi a 'Irish night'. Foi ate' interessante, em um pub meio modernoso no subsolo da estacao de trem. Tinha uma banda irlandesa muito boa (em particular o violinista), e um trio de dancarinas (daquelas que sapateam sem mover a parte superior do corpo). Alguns dos fisicos foram convocados para dancar com elas, e dancaram o habitual meus-pes-estao-pregados-no-chao-e-tento-me-desgrudar... Na verdade, o convite dizia Dress code: smartly casual. Alem do absurdo semantico, e' meio temerario pedir para um bando de fisicos se vestirem 'smartly casual'. A maior parte veio como ia ao congresso, mas algumas aves raras apareceram em trajes mais bizarros. Nao sei se ja disse isso antes, mas cientistas sao iguais gafanhotos no que se refere a comida. As garconetes passavam com bandejas de comida (destinadas as mesas), mas nunca conseguiam passar do saguao; duzias de dedos imediatamente se lancavam sobre a bandeja e a comida sumia em questao de segundos. Parecia abordagem de navio em filme de pirata...

Hoje foi minha apresentacao. Foi muito boa, acho; nao estorei o tempo nem me embolei. Depois fui correndo ate' o museu nacional ver os tesouros enterrados da irlanda (aparentemente na idades do bronze/ferro era moda enterrar tesouros e a ocasional vitima de sacrificio).A arte dos objetos de ouro e' bastante impressionante, e' meio agressiva, mas nunca grosseira.

Bom, tenho que ir. Corri para nao perder ochek-in, nao quero perder o embarque.

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quarta-feira, 21 de julho de 2004

Planet Internet Cafe, Dublin

A Irlanda era um pais relativamente pobre ate' muito recentemente. Em alguns bairros(principalmente na margem norte do rio, onde fica meu hostel) isto e' bastante evidente. Os predios sao atarracados e escurecidos de fuligem, com uns becos esburacados entre paredes de concreto. O comercio por estas bandas parece um pouco com o varejo no centro de BH (com menos gente e sem camelos). E' claro que a profusao de pubs esta' la' para nos lembrar que estamos em Dublin.

A parte sul da cidade por outro lado esta' em pleno boom economico, existem guindastes para todo o lado e mostruosidades corporativas de vidro surgem como cogumelos. A unica coisa que ambos os lados do rio tem em comum sao os onibus de dois andares caqueticos, que nunca estao no horario(devido ao transito sempre ruim, e a falta nos motoristas do instinto animal de 'passa por cima' que os motoristas de onibus cariocas tem). As linhas que param em cada ponto sao indicadas em tambores rotativos. Parecem as rodas de oracao tibetanas (cada volta que o fiel da' na roda corresponde a uma oracao. Com 10000 vc invoca a bencao do Buda; com 20000 o onibus aparece)

Hoje foi o seminario do Stephen Hawking no GR17. Foi uma coisa meio teatral, com imprensa para todo o lado. A alguns anos ele e o Kip Thorne apostaram com um cara chamado John Preskill que buracos negros seriam capazes de destruir informacao quantica (embora a teoria quantica seja unitaria). O(s) perdedor(es) dariam para o(s) ganhador(es) uma enciclopedia (onde a informacao sempre pode ser recuperada). Hoje o SH afirmou estar errado, e deu para o Preskill uma enciclopedia de Baseball. Entao a palestra comecou (ele essencialmente fica parado enquanto o sintetizador de som le sua palestra. Na hora das piadinhas ele abre um sorriso desengoncado). Foi interessante, embora sem muitos detalhes (o paper ainda nao saiu nem na rede), e eles so' resolveram para um caso que pode ou nao ser fisico (constante cosmologica negativa i.e., Anti-deSitter; em 5d, com CFT na fronteira)*. Depois da palestra, algumas perguntas tecnicas, e depois duas perguntas dos reporteres. As perguntas tecnicas eram respondidas por um estudante do SH (que estava nervoso pra caramba), e o Thorne & Preskill dog and pony show entretia o publico enquanto SH preparava respostas (meio bestas, para perguntas igualmente bestas) para os jornalistas.

O resto da tarde foi livre. Dei uma revisada na minha apresentacao (que e' amanha), e fui com Slaba & Luiza na Irish National Gallery. Algumas pinturas interessantes, nada extraordinario. Mas tem uma paisagem brasileira, pintada por um holandes, onde varios animais da nossa fauna aparecem como figurantes. O artista ou so ouviu descricoes dos bichos ou os viu de muito longe, mas consegui reconhecer (e apontar para meus amigos surpresos, que achavam que os bichos eram imaginarios) uma preguica, 2 tatus, uma anta, e uma capivara (acho).

Hoje a noite temos uma tal de 'Irish Night'. Supostamente e' uma experiencia tipica irlandesa, mas tenho medo que seja uma versao celta das mulatas do Sargentelli. (mencionadas em post anterior) Vamos ver...
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* A ideia e' que vc pode pegar um estado quantico puro de gravitacao quantica (em uma aproximacao semi-classica) no infinito passado, que evolua para um colapso de modo a fazer um buraco negro, e depois ver o que aparece no infinito futuro, se e' outro estado puro (como SH afirma, indicando evolucao unitaria), ou misto (informacao e' destruida, que e' a imagem usual da evaporacao do BH (inventada pelo proprio SH), onde a radiacao e' termica). Ele faz isso com uma integral de Feynmann por todas as metricas possiveis. A parte que corresponde a metricas simplesmente conexas pode ser foliada em superficies de t constante, e portanto pode ter um hamiltoniano bem definido, e uma evolucao unitaria. A parte correspondente a metricas nao-simplesmente conexas nao tem evolucao unitaria, mas segundo ele tem amplitude zero. Para que as coisas convirjam e' nescessario introduzir uma constante cosmologica negativa. Ele nao explica como a &^"£ do BN evapora, e como correlacoes surgem na radiacao Hawking.

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terça-feira, 20 de julho de 2004

Royal Dublin Society, Dublin

A conferencia aqui (GR17) esta sendo muito melhor que o Friedmann (na Corsega), pelo menos cientificamente. A organizacao e' excelente, o unico problema e' o almoco, que e' igualzinho comida de aviao. Podemos reclamar da organizacao, falta de apoio e estrutura de congressos brasileiros, mas pelo menos uma coisa costuma ser boa: a comida!

Ontem depois do congresso me encontrei com o Slaba e sua namorada italiana. Fomos andar pelo centro historico de Dublin. E' uma cidade bastante agradavel, sem vistas espetaculares. Os dublinenses que sao fantasticos! Nao podiamos parar em uma esquina com o guia aberto nas maos, que aparecia alguem se oferecendo para nos ajudar a procurar o que seja. Foi desta maneira que descobrimos um 'Restaurante Irlandez' (o Wicked Chef). Estavamos discutindo onde comer, e um grupo de velhinhos na varanda de um pub imediatamente iniciou uma discussao paralela sobre onde deviamos ir. O consenso emergente foi que o WC tinha uma comida boa, a um preco razoavel, e distancia andavel. De fato, a comida era simples (Shepard's pie, figado, e vegetais), mais saborosa.

Depois andamos mais um pouco, e rezolvemos ir para um pub. Novamente, emerge do vacuo um dublinense que nos diz que pubs no Temple bar sao armadilhas para turistas, e que se fosse ele, iria para o O'Donaghue, que e' famoso por sua musica. De fato, eu nao queria ver a versao irlandesa das mulatas do Sargentelli. O pub nao decepciona, a musica e' massa, e o ambiente e' irlandes (incluindo a totalidide dos fregueses) sem tentar ser 'tipico' demais. Atras do bar, existe uma colecao de notas de dinheiro de varios paises, com uma curta mensagem escrita em hidrocor. A mais nova adicao e' uma nota de 1 real doada por um estudante de fisica brasileiro em viagem a europa.

Hoje devo voltar la' com um grupo multinacional incluindo varios brasileiros, um ingles, um irlandes (de Belfast), um russo, italiana, portugues e catalao.

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segunda-feira, 19 de julho de 2004

RDS lecture hall, Dublin

Estou em Dublin, depois de (como sempre) algumas atribulacoes.

Ontem fui comprar algumas encomendas em Totteham. Quando voltei, meu cartao nao abria mais a porta do departamento no QM! Tive que esperar algum samaritano aparecer para abrir para mim. Quando peguei o metro, ja' estava enormemente atrasado; fui ate' Vitoria e peguei o trem para Gatwick. O checkin ja tinha fechado, e me disseram na agencia da Ryanair que a) Ficaria na lista de espera do voo seguinte, as 2055; e b) teria que pagar £40, masi do que o preco da passagem+taxas. Fui direto para o balcao de checkin e pedi para me colocarem na lista de espera. Depois de vegetar por algumas horas no aeroporto, voltei ao balcao e descobri que tinha lugar. A atendente me deu um cartao de embarque, e (sem querer lembra-los da taxa de £40), embraquei.

O aviao e' uma banheira, e o servico de bordo e' pago (tem um menu!), mas e' isso que vc ganha com passagem a £19. Cheguei em Dublin de noite, fui para o Hostel, decobri que devido a um problema na reserva nao tinha mais lugar la', e me mandaram para outro hostel a alguns quarteiroes de distancia. Hoje de manha voltei para o hostel original, onde ja estou instalado.

Os Dublinenses sao muito solicitos, o que tem me salvado na minha perene desorientacao.

A sessao vai comecar, depois eu escrevo mais.

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sábado, 17 de julho de 2004

QM, Londres

Hoje acordei cedo para fazer minha mochila. Dois dias antes tinha lavado algumas roupas (na banheira, operacao complicada), e deixado secar no banheiro. Felizmente estavam secas quando acordei. Devolvi as chaves do flat e levei minhas coisas para o departamente. Depois fui assistir ao seminario de comemoracao dos 60 anos do McCallum (um fisico foda do departamento aqui). As palestras foram interessantes (em particular a do Ellis). O Penrose ficou tirando sarro dos cordistas, comparando-os 'a uma manada de bufalos', e o Witten ao Mao Tse Tung.

Depois do seminario fui almocar com a Sara em um comida a kilo brasileiro! (sugestao da Flavia, fica em Oxford street em frente 'a Virgin records). 1.1 kilos a mais e varias libras a menos depois, o nosso plano era ir ate' a Tate modern. Descemos antes em Hyde park, para tomar uma cafe no gramado e deixar a comida descer. Duas horas depois acordo de um sono tranquilo (o dia estava bastanta agradavel). Acabamos ficando conversando por la' mesmo ate' a hora da Sara ir embora, e depois eu segui para a Tate.

Cheguei na Tate, sentei em um poltrona para dar uma olhada no mapa, e claro, dormi. Nao so comi demais, mas estou realmente detonado. Viajar 'e bom mas cansa fisicamente.

A Tate e' um enorme museu de arte moderna que fica em uma antiga Termoeletrica recauchutada*, um lugar bastante interessante. Ela tem algumas exposicoes temporarias, e varias exposicoes tematicas, e felizmente e' razoavelmente livro daquele pedantismo viajado tipico deste tipo de lugar**

Alguns exemplos aleatorios

1 Logo no saguao existem varias fileiras de bustos, desde Rodin ate' uns malucos contemporaneos em video. A ideia e' mostrar a evolucao da representacao da cabeca humana na escultura.

2 Existe uma sala dedicada a posteres de propaganda da era sovietica. Alguns sao ate' bem feitos (como o que celebra as tropas da NKVD, futura KGB). Um do Uzbequistao, decada de 20, mostra uma revolucionaria com cabelos ao vento e lenco vermelho conclamando uma fileira de mulheres cobertas com o veu muculmano (os rostos nao aparecem) a votar na eleicao. Interessante os paralelos com os dias de hoje... Mas o premio Hellmans vai' para uma do Cazaquistao (acho), que diz "A guerra do futuro: So' a uniao socialista pode evita-la", enquanto mostra uma *nave* futurista detonado uma cidade com raios da morte! Bizarro.

3 Vi tambem um quadro surrealista +- famoso do Max Ernst (um alemao que lutou na 1a guerra, bla bla bla). Ao lado existe uma aparelho que reproduz gravacoes onde varios criticos, psicanalistas, historiadores e chutadores em geral tentam explicar o quadro. Cada um diz uma coisa diferente, chega a ser engracado.

Max Ernst, The Elephant Celebes (1921)

4 Em um bloco maciço de madeira, um escultor escavou cuidadosamente os nos, aparando ate' chegar na camada que corresponde a arvore quando era pequena. E' muito interessante ver o tronco e tocos dos galhos da antiga arvorezinha emergirem do bloco de madeira.

Voltei de onibus aqui para o departamento. Originalmente pensava em ficar em um albergue esta noite (o dormitorio estava reservado). Mas resolvi acampar aqui mesmo na sala de pos graduandos. Minhas coisas ja' estao aqui, saco de dormir e esteira inclusive, e' de graca e tenho Coca Cola. Poderia sobreviver ao inverno nuclear se fosse preciso.

Por ultimo, como este deve ser o ultimo post significativo de Londres, ai vao as fotos que faltavam. As primeiras sao do Regent's canal. No meio, as de Hamsptead Heath (a primeira delas e' a do show que entrei de penetra), e no final uma na Corsega da Parvin & Slaba.



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* Quando vamos acampar, `a fazenda ou ao parque, estamos revivendo um simulacro das experiencias das sociedades pre'-agricultura e pre'-industrial respectivamente. A arquitetura da a Tate e' algo parecido, uma especie de nostalgia da era industrial.
** Tipo: "A instalacao e' uma releitura de mitos da criacao aborigenes refletindo a incerteza da sociedade pos-moderna em face a subordinacao da polis burguesa face ao super-ego da coletividade" ou algo assim

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sexta-feira, 16 de julho de 2004

QM, Londres

Hoje sai depois do almoco do QM. Fui no Imperial War Museum. A exposicao sobre o Dia-D foi meio decepcionante, mas eu gosto do IWM (nao e' um museu muito reflexivo, mas o acervo e' muito interessante). De noite, fui assistir a primeira parte de Henry IV* no anfiteatro do Regent's park. Estudante paga £10 (o menor preco), e fica com o melhor assento disponivel no dia. Se a peca lota, vc vai em pe'. Mas hoje fiquei na melhor secao, logo de frente para o palco.

Eu gosto da peca (e' a unica que e' efetivamente engracada, embora seja uma tragedia**), e gostei da montagem (e' a primeira vez que vejo esta peca em particular). Eles conseguiram fazer com que a maior parte dos dialogos soasse natural (mas e' meio complicado manter uma torrente de sentencas complicadas durante uma luta de espadas). O Falstaff e' duca, com um timing comico que eu nunca vi numa peca do balancador de lancas de Stratford.

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* Shakespeare e' igual aos filmes do Rambo. No primeiro (Henry IV, Rambo I) o principe Hal (futuro Henry V)/Rambo e' um personagem dividido, que rejeita sua vocacao marcial, e so' a contragosto sai na porrada (no final). No segundo (Henry V, Rambo II) ele ja' superou estas duvidas e o pau come solte para seus desafetos (franceses/vietnamitas). Profundo...
** Hamlet no McDonalds:
' Coisa admiravel o Big Mac, tao cheio de hamburgers & alface, dotado de excelso queijo e refinado molho especial, e mesmo assim repleto da malicia infinita do colesterol. Escolheria-o eu, senao pelo aviso do fantasma de meu pai, e entao pelo Cheddar me inclino. O' nobre feicao do queijo derretido, a duvida me corroi as entranhas, ha' mais opcoes entre o ceu e a terra que caberiam em meu vao estomago. Cheddar ou big mac, eis a questao. E depois de comer, dormir, sonhar talvez? '

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QM, Londres

Durante a semana, passava a maior parte do dia trabalhando. Como as coisas fecham cedo por aqui, mas a noite cai tarde, quando saia do QM ia andar por algum canto da Cidade que nao conhecia. Descobri que a luz do 'final da tarde' (que dura umas duas horas), combinada com  a iluminacao dos predios e monumentos, e a falta de gente na rua, cria um efeito impressionante. A cidade ganha uma textura que nao tem durante o dia; a luz suave e obliqua cria sombras que, junto com as lampadas, realcam a arquitetura e o desenho das ruas. Durante o dia a luz solar e' mais democratica, e o contraste se desfaz. 
 
Tirei umas fotos, mas so' uma ficou boa. Tambem tirei uma foto do Big Ben nestas circunstancias, para provar que nao estou escrevendo isto do meu ap. no Rio e viajando so' na maionese ;-)



Nestas andancas, fui pela margem do Tamisa do monument ate' Waterloo, passando pela Millenium bridge* e a catedral de Saint Paul. Outro dia resolvi conhecer o East End. Fui me embrenhando a partir de Mile End. Passei por algumas regioes bem detonadas, e algumas coisas interessantes (tem mercearias vendendo jacas por aqui!). Parei um pouco na Ion square (com um nome desses nao dava para nao parar), e depois continuei meio sem rumo. Tinha a vaga ideia de ir ate' o Tamisa, mas acabei indo parar em Islington. Chutando o balde, continuei andando ate' Camdem (ao longo do curso do rio Fleet, hoje um esgoto canalisado subterraneo*)
 
Em Camdem jantei em um restaurante vietnamita/chines de aparencia bem ordinaria. Geralmente por aqui restaurantes chineses tem um servico meio brusco, para dizer o minimo. Os garcons falam mal ingles, esperam que o cliente mentalize o seu pedido assim que se senta, e se vc abre um livro e comeca a ler ficam fazendo cara feia, aparantemente como um estimulo para comer rapido e vagar a mesa. Neste, o solicito garcon tinha cabelo tingido de laranja, e falava pelos cotovelos (me ensinou a receita de frango satay). A musica de fundo era um tipo bizarro de techno-calypso pop em chines,  com o garcon como backing vocal double surround durante os refroes.
 
No dia seguinte voltei de metro ate Camdem, para continuar andando ate' Regent's park, que tem um jardim duca. Continuei ate' Hyde Park, onde rolava um show de Simon & Garfunkel. Fiquei ouvindo de fora, porque a) nao tinha ingresso, b)minha cota de penetra em Londres esta esgotada, e  c) estava acabando
 
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* Uma ponte de pedestres;  foi inaugurada em 2001,  e teve que ser fechada logo depois porque oscilava demais. Os calculos de oscilacao tinham sido feitos supondo que os pedestres andassem de forma mais ou menos aleatoria (i.e., com frequencias e fases diferentes). Mas assim que uma pequena oscilacao comecava, todos instintivamente (para manter o equilibrio) comecavam a andar no mesmo ritmo, aumentando a amplitude da oscilacao.
** O Fleet ja foi importante no passado, ja teve desde cerveja (ale) fabricada com sua agua, ate' plantacoes de acafrao em suas margens. Sua nascente fica em Hampstead Heath. Descobri isso tudo lendo uma exposicao de paineis que achei pelo caminho.
 

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segunda-feira, 12 de julho de 2004

QM, Londres

Ontem depois do almoco fui conhecer Hampstead heath. Ao sair do onibus, encontrei um grupo de espanhois que me disseram que um concerto de Jazz estava ocorrendo em Kenwood (que e' uma antiga casa de campo no canto de HH). Fui com eles ate o local. A entrada era 40 paus, sem chance. Ficamos ouvindo de um gramado proximo a area do show por um tempo, mas me cansei (de ouvir mal a musica e dos espanhois), e resolvi dar uma de penetra. Entrei no meio do mato, dando a volta em um lago, e consegui achar um tronco caido com uma vista razoavel do show. Por umas 2 ou 3 musicas tudo correu bem, ate que apareceu um seguranca mal-humorado (por que sera?), que expulsou de la.

Depois desta experiencia, o show perdeu a graca (nao gostei muito do que ouvi de qqr maneira). Fui entao andar pela heath (que quer dizer charneca). O lugar e' muito grande, e impressionante. Na maior parte, consiste em bosques e enormes campinas semi-planejados (i.e., nao e' uma floresta natural, mas tambem nao e' um jardin (que existem nas proximidades e sao fantasticos)). Fiquei varias horas me perdendo mato afora, em varios pontos nao se ve sinal da cidade. Apos anoitecer, peguei o onibus de volta ate Totteham, e fui andando pela Charing cross e Whitehall ate westminster. Claro que tudo esta fechado a esta hora, mas a iluminacao noturna da abadia e do parlamento e' interessante.

Hoje o dia foi meio parado. No almoco saimos eu, o Reza, dois indianos e um paquistanes. Foi uma conversa interessante... No final da tarde fui para uma livraria em Charing cross que fica aberta ate mais tarde. Fiquei no starbucks da loja (estou gostando do SB. O cafe e' bem mediozinho, mas existem poltronas confortaveis e ninguem enche o saco se vc ficar algumas horas. E a comida pelo menos mata a fome tb.

Alias, ja tinha notado isso antes, mas o papo de duas brasileiras na livraria (comparando as habilidades sexuais de varias nacionalidades) me lembrou de o quanto brasileiros soltam a lingua quando acham que nao tem ninguem ouvindo (ou pelo menos entendendo).

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domingo, 11 de julho de 2004

QM, Londres

O clima aqui continua erratico, mas fora isso as coisas vao bem. Sexta fui jantar na casa do Reza. O papo foi rendendo e quase perdi o ultimo trem.

Em baixo da minha janela, passa o regent's canal. Ele vai ate' Yorkshire, e e' um lugar interessante para andar. Imagine a paisagem inglesa padrao, com salgueiros, casinhas com jardins,o canal com patos,trutas e agregados. Varia eclusas operadas manualmente permitem a passagem de barcos em ambas as direcoes; varias pessoas aqui em Londres moram em uns barcos estreitos proprios para estes canais (tem varios), e' um estilo de vida bem agradavel, acho. Esta vocacao veneziana de Londres eu nao conhecia.

Sabado de manha o dia amanheceu sem uma nuvem no ceu, e fui andar pelo dito-cujo. Andei bastante, ate' Camdem, onde existe uma 'feira-punk' (que nao e' exclusivamente, nem majoritariamente, punk. Mas a feira hippie tambem nao e' la' muito hippie). A feira tem de tudo, de cogumelos magicos a havaianas. Como havia chegado cedo, ainda nao estava muito cheia, e pude andar bastante e conversar com os feirantes. Claro que, sendo aqui Londres, comecou a chuviscar por volta do meio dia. Eu estava de bermuda e minha camiseta de ciclismo. Nao sou uma pessoa muito friorenta (menos que a media dos Londrinos), mas isto ja era demais. Minha unica blusa de frio estava em casa, e nao era impermeavel. Acabei comprando o casaco de coura mais detonado que achei, de um indiano com cara de picareta, por 12 libras. Nao encontrei facadas ou manchas de sangue ainda no casaco...

Eu estava parecendo o Indiana Jones do Agreste, e foi vestido assim que fui me encontrar com a Sara (sorry!). Por bondade ou desatencao, ela nao fingiu que nao me conhecia, e fomos almocar em uma lanchonete arabe com uma comida maravilhosa. Voltei no meu ap. para trocar de roupa, para preservar minhas pernas da hipotermia, e depois assistimos uma peca da 'Reduced Shakespeare Company', onde eles apresentam todas as pecas do pagodeiro de Stratford em menos de duas horas. Otelo vira rap, as comedias sao condensadas em uma so', e em Hamlet (que e' encenada 4 vezes; em 15 minutos, 2 minutos, 20 segundos e ao contrario) a plateia faz o papel do ego, superego e id da Ofelia. Interessante.

Hoje andei um pouco no Victoria park (perto do canal) hoje de manha. Nao sei ainda o que farei de tarde, mas acho que vou conhecer Hapstead heath e o cemiterio de Highgate

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quinta-feira, 8 de julho de 2004

QM, Londres

Estou me adaptando bem a vida aqui. Passo a maior parte do tempo na minha mesa, ou na biblioteca, ou no computador (como agora), nada que valha a pena colocar no blog. Comprar comida no supermercado poupa bastante dinheiro (o que eu faria sem meu canivete?). O presunto e' abominavel, e o unico suco de laranja decente e' caro, mas fora isso a comida e' boa e variada. Meu suprimento de livros acabou, porem, e devo me aventurar na selva eventualmente para conseguir mais.
Ontem a noite combinei de sair com a Sara (para quem nao conhece, amiga do Andre em Southampton, visitou BH recentemente). Fomos em um Indiano generico em Piccadilly. A comida era so' razoavel, mas o papo foi muito interessante. Ela e' iraquiana, mas passou quase toda a vida aqui, mas os pais ainda tem um pe' em Bagda, o que pode ser complicado as vezes. Gostei muito dela (tinhamos conversado pouco em BH), ela prometeu me levar na melhor lanchonete arabe de Londres. Estamos pensando em ir a' uma peca do Michael Frayn (o cara do Copenhagen).
Hoje foi a comemoracao da desfesa de uma aluno do Reza. Fomos (eu, ele, o Reza, o McCallum, e um pessoal que eu nao conhecia mas era bem simpatico) para um restaurante indiano aqui no East End que e' excelente. Muitos restaurantes indianos tem (ou tentam criar) um efeito de sobrecarga sensorial, na decoracao supercolorida cheia de penduricalhos, e no estilo de cozinha *.* (imagino que de forma parecida com restaurantes 'Brasileiros' em NY, cheios de araras e folhas de bananeira). No restaurante que fomos a decoracao era bem mais tranquila, e os pratos tinham sabores bastantes sutils. Comemos coisas bem variadas. O cafe, como sempre, era horrivel (alguns lugares tem expresso Lavazza, que e' muito bom)
Passei aqui no College (e' caminho) para dar uma olhada na internet. Daqui vou direto para cama

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terça-feira, 6 de julho de 2004

QM, Londres

Ontem quando sai daqui resolvi andar por esta regiao da Cidade (East end), que nao conhecia. Desci por Whitechapel (onde ocorreram os assassinatos de Jack o estripador) ate' a City (onde existem varios edificios recentes interessantes, em particular um que os locais chamam de Erotic Gerkin). O East end e' uma regiao relativamente pobre, com imigrantes de todo o mundo. Caminhando nas ruas, vemos uma profusao de sarongues, abayas, turbantes, saris, etc. Enquanto andava, fui pensando sobre a tal singularidade de Londres.

A maior parte das pessoas quem vem aqui tem a impressao que Londres e' uma cidade com muita 'historia'. De fato, ela e'. Mas nao de forma excepcional (para a Europa), no que se refere a idade ou conservacao de construcoes. A maior parte da cidade foi destruida no incendio de 1666, entao o que se ve em geral e' mais recente que o centro de varias cidades europeias.

Por outro lado, ninguem invade estas ilhas desde 1066. Nao existem (como em quase todo o resto do continente) quebras abruptas na tradicao cultural. Toda a cidade faz parte da mesma linhagem historica.

De forma tipicamente inglesa, nenhum plano de renovacao urbano foi realmente bem sucedido por aqui nos utltimos 400 anos. Assim, Londres e' uma cidade que cresceu, ao inves de ser construida. Cada epoca sucessiva foi deixando uma camada de novas construcoes. Austeros predios vitorianos, palacios do sec XVII, abadias e catedrais medievais e predios modernos de vidro nao so' convivem lado a lado, mas fazem todos parte integrante da vida da cidade. Sentimos aqui uma entidade quase viva que cresce e se desenvolve, e que tem raizes muito antigas. Nao ha' um centro antigo mumificado, ou museus historicos anacronicamente situados no meio de predios de escritorio. As velharias aqui existem como parte da cidade hoje, nao como lembrancas de um passado perdido.

O verdadeiro DNA da cidade esta nas ruas. O tracado das ruas e' muito mais antigo do que a maior parte dos predios em volta. Podemos andar por entre contrucoes de vidro ultra-modernas, mas seguimos ruas e ruelas que sao usadas a varios seculos. Evidencia disso sao nomes como Charing cross (que ficava em um antigo pasto, ao lado da igreja de St. Martin in the Fields), Temple (em referencia a igreja/banco dos templarios), Marble Arch (derrubado a seculos), e os varios xxx-gate (os antigos portoes nas muralhas da cidade). Ontem passei por uma tal de Wrestlers Alley (alameda dos lutadores). Duvido que os encontre hoje em dia, mas em alguma epoca a porrada comia solta.

Para finalizar, fui para Covent Garden (nao fica mais turistico do que isso), e andei ate' o Soho. Acabei jantando em um dos inumeros restaurantes chineses la'. Pedi uma prato a base de nadadeiras de pato (aquela pelinha entre os dedos do pe). De fato, vieram varios pes de pato *inteiros* com arroz e um molho a base de soja. O garcon tentou me explicar como comer aquilo com um garfo e hashi, mas era complicado demais. Depois de alguns minutos de pastelao involuntario, apelei, peguei os dito cujos com a mao e comecei a comer. Pedi uma cuia com agua e limao, e uma pilha de guardanapos de papel, e fui lentamente, pe' ante pe', comendo. O garcon ficou todo animado com a ideia, e me mantinha bem suprido de guardanapos enquanto tirava o cemiterio com os ossinhos. No final, ja tinha desenvolvido uma tecnica sofisticada de come/lava/enxuga/bebe. Acho que mostrei aos chineses que a tecnica brasileira de comer pes de pato tambem e' eficiente.

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segunda-feira, 5 de julho de 2004

QM, Londres

A regiao do norte de Londres e' interessante. A cerca de 1 km da casa do Reza fica uma colina, com um tal de Alexandra Palace no topo (Ali Pali no dialeto local). Do alto, da para ver quase toda a cidade. Em volta da colina, existe um anel quase initerrupto de parques (alguns ligados por pontes cobertas de arvores). Nao sao parques tipo o Hyde park, com jardins e gramados bem cuidados. Alguns sao verdadeiras florestas, com caminhos de terra.
Na verdade, Londres e' uma cidade muito singular; em qualquer outra grande cidade que eu conheco vc ve grandes conjuntos de predios ligados por avenidas largas. Em Londres, nao so' quase tudo e' horizontal (na maior parte da cidade as torres das igrejas sao os pontos mais altos), mas tambem as ruas sao estreitas e meio erraticas; e a cidade e' interrompida por uma profusao de parques e jardins. De noite isto e' ainda mais evidente evidente, ao inves de conjuntos geometricos de janelinhas ligadas por linhas bem definidas de luzes de sodio, aqui so se veem fiapos de luz se espalhando entre janelinhas de todo tipo, entrecortados pelas manchas pretas formadas pelos parques.Parece algo organico.

Domingo fomos conhecer estes tais parques junto com um ex-estudante portugues do Reza. Passamos por uma feira de agricultores. Varias coisas interessantes, queijos e tal. Tinha um cara que fazia (e vendia) Biltong (um tipo de carne seca ao vento sul-africana, temperada usualmente com pimenta, sal e coentro). Este tipo de mercado e' uma das melhores maneiras de conhecer um pais. Fui em algo parecido (uma pouco mais urbano porem) em Paris, e no mercado de Ajaccio. Nenhum deles e' o mercado central de BH, mas sao bastante interessantes, e muito diferentes entres si.
O Reza cozinhou o almoco (e jantar). Comida vegetariana bem natureba, mas muito gostosa. So' sinto falta de coca cola... Uma garrafinha aqui custa o equivalente a uns R$ 10, entao estou tomando agua (quem diria!). De tarde fui passear no centro, conhecer algumas das coisas que mudaram por aqui desde minha ultima visita. Fui no british Museum, onde eles reformaram totalmente o reading room. Colocaram um teto de vidro com suportes geodesicos que achei muito bonito. Apesar do toque moderno,combina bastante com o resto do museu. O ceu azul tb ajudou bastante. Fui descendo por Charing cross road (varias livrarias aparentemente fecharam, mas ainda ha' bastante coisa) ate' Trafalgar square. Eles ligaram a praca diretamente a National gallery. Fui andando ate' o rio, passei por uma nova ponte de pedestres bastante elegante, e cheguei na London eye (a roda gigante). Nao subi (vou fazer isso qdo tiver mais tempo). Fui ate' o metro e voltei para casa a tempo de assistir ao jogo.

Na casa do Reza, quem gosta de futebol e' a Emma (a mulher dele). Assim como meu pai, ela e' daquelas que fica reclamando dos jogadores e xingando o juiz. Estavamos todos torcendo por portugal, mas os gregos, na maior reviravolta desde as guerras persas, acabaram ganhando.

PS Falando em gregos, o tal Ajax que da nome a cidade de Ajaccio era um dos herois gregos da Illiada. Ele lutou contra o Heitor, mas varios pentametros iambricos depois nenhum dos dois conseguiu matar o outro. Decidiram entao por uma tregua; em sinal de respeito, Heitor recebeu um cinto cravejado de pedras de Ajax, e Ajax uma adaga +1 of Hydra Slaying (mais ou menos...). Ironicamente, Aquiles usou o tal cinto para amarrar o corpo de Heitor na sua biga, e arrasta-lo em volta das muralhas de Troia. E Ajax se matou coma faca, quando ficou decidido que Ulisses, e nao ele, receberia a armadura do entao recem falecido Aquiles (morto por uma flechada no calcanhar homonimo, cortesia de Paris, irmao de Heitor). Com este imbroglio o Homero consegue demontrar ao mesmo tempo a estupidez, honra e tragedia da guerra (e frescura, no caso de Ajax se-nao-me-derem-a-armadura-eu-choro).

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Queen mary college, Londres

Estou em Londres. Cheguei sabado de noite na casa do Reza. hoje (segunda) de manha vim com minhas mochila para o college. Peguei o onibus erradopara variar e fui para em um cafundo no final da zona quatra (estava lendo, uns 40 minuto depois). Andei um bocado ate uma estacaode metro, e passei o resto do dia me instalando. ja tenho conta, chaves e um quarto (excelente, com banheiro, varandinha e vista para um canal aqui do lado). Amanha vou ter meu cubiculo.

So para completar, na ultima vez que postei ainda estava na corsega, na madrugada de 5a para 6a. Na sexta tivemos somente uma sessao de apresentacoes pela manha, e uma dicussao geral no final. Apos o almoco, fui ate Cargese, para ver se conseguia falar com a Ceci. Estava tudo fechado (siesta!), e como eu tinha que voltar ate as 1500 (para a discussao) decidi dubir uma das tais torres de vigia, em uma colina ao lado da cidade. Ao contrario da outra, havia um caminho pelos maquis, e cheguei sem problemas. A torre esta' relativamente bem conservada. E' redonda,com uma secao ligeiramente conica. Tem uns 5 metros de altura, e acho que e' quase macica. Nao ha' portas ou janelas, so' algum buracos retangulares. Escalei a torre (nao e' dificil). O topo e' plano, sem amurada, com mato crescendo. Existe um pequeno buraco quadrado que leva a uma galeria sem janelas. A vista e' ainda melhor que da outra torre.Consegui tirar umas fotos. Acho que o topo plano era usado para acender fogueiras (que podiam ser vistas facilmente das outras torres)
Consegui voltar a tempo para a discussao, que foi interessante (depois tenho que falar da minha apresentacao). No geral, o encontro muito bom academicamente. Haviam muitos picaretas, e a organizacao tb deixou a desejar. Mas fiz alguns contatos interessantes, algumas palestras foram muito boas, e o lugar era fantastico. A experiencia de acampar em uma conferencia foi otima. Ao invez de ir e vir de cargese todos os dias, como quase todo mundo, eu simplesmente saia da minha barraca com vista para o mar e andava 20 metros. Sem enchecao de saco, barulho ou burocracia.
Esta e' a torre

A vista da cidade. A outra torre fica na colina a esquerda. O porto fica a direita. No sec XVII (acho) os genoveses trouxeram varios refugiados gregos para a cidade. Apos alguns conflitos com os catolicos locais, uma igreja ortodoxa foi contruida logo emfrente a catolica. Hoje, um padre ortodoxo com uma licenca especial do vaticano celebra missa nas duas, o que e' unico no mundo.


No dia seguinte saimos as 8 para o aeroporto. Eu e o Venceslau.ru (aka Slaba) compramos umas linguicas de asno, e fizemos uma lanche com o que sobrou do meu queijo (que ficou mais saboroso apos maturar por uma semana; usei a tradicinal tecnica corsa de pendurar o dito cujo emum saco plastico embaixo de uma arvore). Cheguei em Paris, e peguei o metro para trocar de aeroporto. Conheci um sujeito que mora na Nova Caledonia. O cara e' engenheiro, mudou-se para la a 20 anos e nao pensa em voltar. Se alguma vez eu for para aquelas bandas, ja tenho onde ficar, segundo ele. Peguei meu voo para Londres. Apos uma semana na Franca, foi um alivio poder entender o que as pessoas diziam na rua. Cheguei na casa do Reza, deixei minhas coisas e fui dar uma andada.

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quinta-feira, 1 de julho de 2004

Instituto, Cargese

Acabo de voltar de Cargese. Para variar comemos pizza e vimos Grecia x Rep. Tcheca. Surprendentemente os gregos ganharam. Mais cedo fui andar em umas rochas aqui perto.



O Venceslau.ru nao para de assoviar Garota de Ipanema. Criei um monstro!



Hoje e' aniversario da Ceci*. Vou ligar para o Brasil nem que tenha que atacar algum frances randomico

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* O aniversario foi dia 2, que era a data qdo eu postei (de madrugado, chegando de Cargese). Mas como a data aqui do blog e' do Brasil, saiu no dia 1o ai.

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Instituto, Cargese

Ontem saimos de barco, para um passeio de algumas horas. Eu ja disse isso antes, mas o mar aqui tem uma cor diferente, parece pintado de azul, e e' muito transparente. Por toda a costa existem pequenas torres circulares que foram construidas no sec. XVII para alertar sobre ataque de piratas. As torres formavam uma rede, situadas em peninsulas e colinas, de modo que se uma avistasse o inimigo, acendia um fogo que era visto pelas outras, avisando assim toda a ilha.

Bom, de volta ao barco, passamos por paredoes de rocha muito interessantes, com cavernas e formas estranhas. Paramos para mergulhar em uma pequena enseada. Embora nao existam tanta vida marinha (alguns peixes, ouricos e anemonas), a luz solar filtrada pela agua e as pedras (em particular nas entradas das cavernas e canyons) parecem de outro mundo. Na volta, resolvemos subir uma das tais torres. Meus companheiros desistiram, mas eu acabei achando um caminho pelos maquis, e varios cortes e espinhos depois (estava de havaianas e calcao de banho) cheguei na torre. Da para ver a baia de Cargese inteira, e pedacos das reentrancias para norte e sul, alem de 4 outras torres. Existe um muro de pedra que comeca na torre e segue uns 100 mts. para o interior, nao seu qual o seu proposito. Depois posto um desenho.

A conferencia deu uma melhorada. Ainde tem alguns picaretas, mas algumas palestras foram bem interessantes. Mas o mais interessante (o lugar ajuda nisso) e' conhecer gente. Fiquei bastante amigo do Venceslau.ru e da Parvi, mas estou convivendo agradavelmente com indianos, belgas, italianos, americanos, turcos, etc., alem dos brasileiros. Existem alguns Dr. Bizzarros, mas em geral as pessoas sao muito agradaveis.

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Instituto, Cargese

2 dias sem postar...

A conferencia esta sendo bastante musical! Na 3a de noite, fomos (eu, o Russo e a Parvin, uma iraniana) comer uma pizza na cidade. Apos a pizza, o Reza se materializa, e diz que os russos do apartamento dele estavam cantando umas musicas folcloricas. Fomos la', e de fato os russos (com a indefectivel garrafa de vodka, e violao de acompanhamento) cantavam bem. Os iranianos (Reza e Parvi) comecaram a cantar tambem, e finalmente nos brasileiros (o Nelson, o Celso e eu) cantamos uma coisa ou outra (a batucacao na mesa arrancou alguns aplausos, mas bom mesmo foram as musicas persas).

Ontem (4a) de noite, tivemos o banquete. Fisicos sao como gafanhotos no que se refere a comida, e caimos sobre as costelas de carneiro e peixe espada como a 8a praga do egito. Apos o repasto, eu e o Russo fomos assistir ao jogo Portugal x Holanda em Cargese (quem viver vera'!). Saimos de uma festividade ordeira onde uma comunidade multinacional discutia de forma inteligente assuntos varios em mesas pitorescas. Voltamos para uma bagunca regada a vinho (1.7 garrafas per capita, segundo calculos (Triey et al. 2004). O Reza, um outro iraniano e alguns dos russos liricos estavam sentados em um promotorio bebados como gambas cantando um medley Russo/Farsi. Na sala do piano, um russo e um frances alcolizados inprovisavam um jazz agradavel enquanto professoras e professoras outrora respeitaveis se desfaziam em risadas incontrolaveis. Fomos dar uma andada na praia (eu, o Venceslau.ru e a Parvi), e depois voltei para a minha barraca.

O cafe da manha hoje parecia uma cena pos-apocaliptica, metade dos participantes estava com ressaca. Este cara em particular parecia bastante detonado...




Hoje uma americano tocou piano. O cara e' muito bom, tem composicoes proprias e tudo o mais, e toca com muito sentimento. De todos os eventos musicais este foi o melhor

Ultima coisa, recarreguei meu celular (achei um adaptador que funciona nestas *&%# tomadas francesas)

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segunda-feira, 28 de junho de 2004

Instituto, Cargese

NOTA Coloquei um desenho dos tais menires em um post abaixo

As apresentacoes terminaram por hoje, a minha mudou para 5a. A maior parte foi ruim, so houve 3 interessantes. Conheci um casal belga e dois iranianos. Fui mergulhar, e o junto com o Venceslau (ou a versao russsa do nome)improvisei um jantar com o que tinha (a linguica de burro, queijo e umas geleias que surrupiei do hotel de Ajaccio, e um pouco de pao. A cidade fica a 20 min. daqui e estou com preguica.

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no Instituto Cargese

Estou no instituto. E' um lugar muito agradavel, entre a praia e as montanhas. O lugar *cheira* bem, tem varias oliveiras e o manjericao ocasional... Montei minha barraca em uma clareira num morro ao lado do instituto com vista para a baia. Na clareira ao lado se instalou um russo cordista (ficamos amigos, cara muito gente boa). Apelidei nossas favelinhas de Rocinha e Vidigal.

Este e' o instituto



Eis as favelas




Minha apresentacao e' hoje, acho (o programa ainda nao esta disponivel!). Mas pelo menos ate 1200 nao tem nada programado (estou na Europa para trabalhar. Juro! Serio!!)

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domingo, 27 de junho de 2004

Cafe Game, Ajaccio

Hoje acordei bem cedo (6 hora local). Tinha que desocupar o quarto ate as 1030, mas o cara do hotel disse que guarda minha mochila.

Fui andando meio sem rumo (meu plano orginal era ir direto para Cargese). A cidade e' simpatica; bem mediterrania com as ruas estreitas, casinhas de estuque e velhinhos desdentados. Sao obcecados com o Napoleao aqui, tudo e' Bonaparte isso ou Napoleao aquilo, estacao Austerlitz, sei la o que imperial, etc. Apesar da fama, os corsos tem se mostrado *muito* simpaticos (velhinhos desdentados em particular). Eles tem alta paciencia com meu frances macarronico (o pouco fetuccine que eu tenho se deve ao Bernardo, btw). Depois de conversar com a Charlotte e o Paul estava esperando levar pedrada na rua (exagerando um pouquinho).

Anyway, primeiro trombei com uma feira de 'antiguidades' (i.e., a tralha que estava atulhando os armarios locais). Comprei um postal com selo para a ceci de uma ilhas chamadas Iles Sanguinaires (vou descobrir o prq e posto aqui), e mulher me disse que poderia andar ate la. Eu fui.

O caminho e' interessante, vc passa por umas criptas familiares que dao para a rua, igualziho uma casa. Tipo um condominio zumbi ou algo assim. Depois, uma igrejinha grega simpatica (Ajaccio e' um nome grego, do Ajax (heroi, nao desinfetante, depois conto a historia do cara)). O mediterraneo e' cristalino, com uma cor meio esverdeada, da para ver o fundo por uns bons 20 metros; o ceu nao tinha nuvem...

Uns 2 km depois existem uns menires, em uma estrutura circular com um dolmen apoiado em 3 pedras no centro. Acho que deve ser autentico, pq alguem faria algo assim nos dias de hoje? (mas tambem, pq alguem faria isso no Neolitico?). A bussola do meu relogio e' uma porcaria, mas deu para ver que o dolmen central e' alinhado com um vale entre as duas maiores colinas na serra atras de Ajaccio (que eu nao mencionei; mas pretendo visitar agora). Meu chute e' que la e' onde nasce o sol no solsticio de inverno, algo como um renacimento do deus sol a partir da deusa terra (o chute! Andre' me perdoe). Sei la. Fiz um desenho do sitio (eu esqueci a @&%&*# da camera e de qqr maneira um desenho e' melhor para explicar)



Na volta (nao consegui chegar as ilhas; tinha que voltar ao hotel ate' as 1030), passei por um feira. Acertei tudo no hotel e voltei. Os feirantes foram muito simpaticos, provei tudo que e' tipo de queijo e carne. Acabei almocando na escadaria do mausoleu dos bonaparte (o maior dos condominios zumbi). O menu:

Baguete
Queijo de cabra*
Linguica de figado
Linguica de burro (isso mesmo! E' uma expecialidade local)
Framboesas
Coca Cola

Uma excelente refeicao em todos os aspectos. Acho que estava parecendo o arquetipo do corso, comendo linguica de burro na escadaria da tumba dos bonaparte com um canivete. Um casal parou e tirou uma foto...

Bom, e' isso.

* No Asterix os corsos sao famosos pelos queijos malcheirosos, e isso na opiniao dos franceses! Peguei um queijo relativamente fresco, mas haviam la' umas coisas pretas retorcidas.

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Game Cafe, Ajaccio

Bom, estou na Corsega. Cheguei ontem.

Sai da Ch.Ch. com antecedencia pouco caracteristica, para pegar um onibus para o aeroporto. Quando cheguei no ponto, me vejo no meio de uma parada gay (!), que implica a mudanca do ponto para um lugar que nao conhecia. Felizmente um casal da Martinica se encontrava na mesma situacao, e me juntei a eles. Eles pediram informacoes para un transeunte randomico, e me levaram a um trem da RER (um tipo de trem urbano). Eles foram entrando, e eu me pergunatando como pagar a passagem... Mas pareciam saber o que faziam, entao...

Chegamos na roleta, a mulher saca uma passagem e passa. Eu comeco a tentar explicar que nao tenho passagem, quando o cara pula a roleta e aponta para mim. Entrando na danca, eu pulo tb, e vamos todos para o ponto de onibus.

Peguei o aviao sem problemas; de alguma maneira nao paguei taxa de embarque. Cheguei no aeroporto de Ajjacio, e descobri que a) nao havia onibus para Cargese no sabado e b) nao havia onibus para *Ajaccio* ate domingo! Peguei minha mochila(s), e fui andando.

7 quilometros depois cheguei no Le Douphin, o hotel nao-pulgueiro mais barato da cidade. Lugar limpinho, quarto pequeno, e *banheiro*. Apos o banho dei uma volta nos quarteiroes em volta (e' na frente da marina), vi um documentario sobre uma competicao de caminhonetes construidas por mecanicos em algum lugar do Mato Grosso (serio!), e fui dormir.

Ate' gostei de andar ate a cidade, o mediterraneo e' lindo, e o dia estava agradavel.

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sexta-feira, 25 de junho de 2004

Ch.Ch., Paris

Hoje fui andar pela cidade de bicicleta (do namorado da Charlotte, o Paul). Como estamos perto do solsticio, o sol so se poe perto de 10 da noite. A maior parte dos lugares estava fechado devido ao horario, eandei muito (que por si so' vale mais a pena que qualquer museu), e so' visitei o museu da idade media (construido sobre ruinas de termas romanas), e duas igrajas (st. Suplice (sp?) e st. Severin). Nesta ultima um padre velhinho (claro!) deva um sermao sentado para uma igreja lotada. Ou os franceses renasceram em jesus em massa, ou o cara fala muito bem.

Nao quero entrar muito no detalhe de ¨fui no museu X e catedral Y¨, entao pra resumir fui tomar o que alguns dizem ser o melhor sorvete do universo (na Ille de (...) a ille do lado da ille de la cite)) (valeu Lets!), andei mais umas horas, e voltei para assitir o jogo Franca x Grecia, classificatorio para a copa, com o Paul e as francesas.

Bom, a Franca perdeu, e esta fora da copa. Parecia um enterro, entao achei melhor nao sacanear (por simpatia e por nao gostar de apanhar). Ficamos conversando um tempo, e eles sao todos, sem excessao, muito simpaticos.

Estou sozinho aqui no Ch.Ch., ela foi dormir na casa do Paul. Amanha vou para Corsega. Vou tentar ir nas catacumbas, e vejo se ando mais de bicicleta.

PS: Item bizarro encontrado na Ch.Ch.: Isqueiro do Saddam Hussein, iluminado por leds multicoloridos e uma chama verde

So pra completar, no sabado de manha antes de pegar o aviao novamente sai de bicicleta. Fui nas catacumbas, que foram construidas em tempos Napoleonicos para guardar todos os ossos dos entao insalubres cemiterios parisienses. E' muito osso, eles pegaram os femures e cranios e fizeram muros de contencao (os cranios sao dispostos em motivos decorativos diversos). Atras desta barragem colocavam todo o resto. Em alguns cranios da' para ver buracos que podem ou nao ser a causa da morte. Alguns dos femures me pareceram meio artriticos tb. O teto tem uma mancha preta continua, devido as tochas que eram usadas ate inicio do sec. XX.

A ultima atracao parisiense que fui (no dia oficial do osso) foi o museu de historia natural. No terreo varios esqueletos sao dispostos em pose natural, parece que estao andando para algum tipo de arca de Noe' zumbi. E um museu bem seculo XIX, nao tao interessante quanto o de Londres, mas vale a visita.

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Xê Charlotte, Paris

Saindo do Brasil

Nao seria uma viagem minha se nao saisse em cima da hora... Fui zunindo do CBPF para casa (a vantagem de estar com pressa en uma bicicleta e' que, ao contrario de um carro, vc pode correr tao rapido quanto puder; pelo menos nao e' tao angustiante). Tomei um banho, peguei as mochilas e saimos (de carro) para o aeroporto. Na linha vermelha, o transito estava parado (um acidente). Em pânico, liguei para o 0800 da Air France, mas todos os atendentes em portugues estavam ocupados, entao peguei uma atendente em ingles do programa fidelidade (!). A mulher deve estar em Bangalore ate' agora tentando entender o que aconteceu, mas me arranjou o telefone da AF no Galeao (que o 102 nao tinha). A atendente do Galeao me prometeu segurar o Check in ate' 9:30 (o voo era as 10:20). Cheguei as 9:22. Mas embarquei...

No voo, fui ao lado de uma velhinha (e' sina!), dona de um teatro no Rio, que comprou uma casa de campo na Franca. Ela tem altas historias interessantes, sobre o Brizola, jornais brasileiros e a cidade de Pelotas. Como mora na Urca, prometi visita-la quando voltar

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chez Charlotte, Paris

Cheguei em Paris. Mais noticias em breve...

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quinta-feira, 24 de junho de 2004

CBPF, Rio de Janeiro

Estou atrasado, tenho que correr para o Galeão. See ya

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Em casa, Rio de Janeiro

A ideia deste blog e´ enviar noticias sobre a minha viagem pela Europa. Ou qualquer outra coisa que me venha a cabeça.

O Plano:

Hoje saio do Rio, e chego amanhã em paris, onde passo um dia na casa da Charlotte. No sabado vou para Ajaccio, na Corsega, e pego um onibus para Cargèse, onde é o Friedman. No dia 3 de julho vou para Londres, onde devo passar duas semanas trabalhando com o Reza Tavakol (no Queen Mary). E no dia 17 vou para Dublin, para o (GR17 ). Volto para o Brasil no dia 22

Bom, é isso. Amanhã escrevo mais

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TESTE

Executing bigbang.exe

Extracting physics files....[OK]
Initializing laws of nature.....[OK]
Checking vacuum stability...[OK]
Checking internal logical consistency....[FAILED]
Error 442 - Singularity detected
Attempting to correct....
Initializing in human mode....[OK]
Checking internal logical plausibility....[OK]

Universe 2.0 has been succesfully installed
Thank you for using a GodSoft (r) product!

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