quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Pensamentos canônicos

Existe uma nova guerra fria no Oriente Médio, precipitada pela guerra no Iraque. Grosso modo, é um conflito entre xiitas e sunitas, mas vista de perto a coisa é um pouco mais complicada. O embate central do conflito é entre Arábia Saudita e Irã, ambos abarrotados de petrodolares, e que nunca se deram muito bem. Mas como nenhum dos lados quer por enquanto um confronto direto, a briga se dá na periferia, entre os seus respectivos agentes e aliados locais. Assim, os recentes eventos no Líbano e na Palestina, e em menor medida, no Iraque*; me parecem ser em grande parte conflitos por procuração entre estes dois lados.

Mas não estou com saco para falar sobre isso agora. O canon de Pechelbel é uma obra barroca muito agradável, embora um tanto manjada. Achei esta versão interessante.



E isso aqui é hilário.



Existe uma nova guerra fria no Oriente Médio, precipitada pela guerra no Iraque. Depois posto mais sobre isto.
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*A Arábia Saudita avisou o Cheney que se os EUA se retirarem precipitadamente ela irá começar a apoiar os Sunitas iraquianos

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domingo, 10 de dezembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Taiko!

Metade da humanidade, incluindo a totalidade dos brasileiros, acha que sabe batucar. Combinar alguns poucos ritmos simples está de fato ao alcance de muita gente, e os brasileiros parecem ter talento para a coisa. Mas combinar vários ritmos, com transições suaves e pausas nas horas certas, já é bem mais difícil. E fazer isto tudo harmoniosamente com um grupo, com instrumentos e partituras diferentes, é altamente não-trivial.

Hoje houve uma exibição de Taiko na Dias Ferreira. Para quem não sabe, taiko é a arte de percussão japonesa. Individualmente, em duplas ou grupos, os percussionistas batem com bastões em tambores de madeira cobertos de couro altamente tensionado (o que torna o som mais barítono do que baixo).

Pois bem. Fui, e gostei muito. Até hoje eu só havia visto taiko pela televisão, e me surpreendi com a intensidade da experiência de assistir ao vivo. Se o primeiro impulso de quem ouve a bateria de um escola de samba é começar a dançar ou batucar junto, no taiko a vontade é de gritar no final de cada seqüência (os músicos gritavam palavras em japones que tenho certeza tinham um significado profundo e trancendente; mas eu me contentaria com um Gaaaaaahhhh paleolítico).

Originalmente o taiko surgiu para motivar e coordenar tropas em campos de batalha. Estas raizes implicam, em primeiro lugar, que o som é ALTO (uma batalha entre japoneses e os escoceses e suas gaitas de foles provavelmente deixaria metade dos participantes surdos). Em segundo lugar, como a ideia não era fazer o soldados cairem na dança, mas sim estimula-los a lutar e ag ir de forma coordenada, o taiko parece (ou pelo menos me pareceu) uma massagem sonora, ou uma palestra motivacional não verbal.

O som produzido não cria exatamente uma melodia ritmica, na acepção bum-eskibum-bum-bum do termo, mas sim vai construindo a partir dos vários tambores um ritmo único, que vai crecendo em intensidade até terminar subitamente em uma pausa prolongada (as pausas são muito importantes).

Os percussionistas eram homens e mulheres, de todas as idades e tamanhos (e aparencia perfeitamente normal, mas depois de ve-los espancar os tambores com potentes bastonadas por 20 minutos, decidi que seria sensato não contraria-los). Eram seis pessoas (acho), mais um sensei/mestre da bateria, que no inicio do show emergiu do restaurante (o show foi patrocinado por um restaurante japones, incidentamente) saltitando faunicamente usando uma mascara de demônio, e começou a puxar o ritmo batendo em uma cumbuquinha de metal. Eram três os tipos de tambores: um do tamanho de uma panela, usado para marcar o rítmo; quatro médios, dois dos quais faziam a 'base' (com uma baqueta) enquanto os outros dois 'solavam' (com duas baquetas); o último tambor parecia um grande barril, e soava como um diplodocus marchando.
(este parágrafo precisa urgentemente de uma infusão da terminologia correta)


Solando


Note o tambor diplodocus no centro, e o marcador de ritmo atrás

Quem quiser ouvir e ver um pouco do que eu estou falando, veja os vídeos aqui. Mas eu acho que taiko precisa ser experimentado ao vivo para ser apreciado.

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terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Limbo, Aeroporto de Confins


Vim para BH no domingo, de sopetão, para ficar com o meu pai, que sofreu um descolamento de retina no sábado (ele está se recuperando bem). Deveria voltar hoje, e de forma pouco caracteristica cheguei aqui no aeroporto de Confins com quase 40 minutos de antecedencia. Só para descobrir que nenhum avião decolou ou pousou nesta birosca desde 12:00 dia. Supostamente um raio caiu no Cindacta, e paralisou todo o trafego aéreo do sudeste. Sei. Imagino que os raios queiram um aumento, afinal descargas elétricas atmosféricas cumprem um papel inportante na natureza.

Aparentemente o CINDACTA1 está de pé novamente. Pousos e decolagens estão novamente autorizados em todo o pais, e os aviões que estão no solo já começaram a decolar. O aparelho em que eu deveria voar faria Rio-Vitória-BH-Rio. Ele ainda está no Rio, então mesmo com o Homer Simpson fora do CINDACTA as minhas perspectivas ainda não são boas. Estou pensando seriamente em voltar à civilização e pegar um ônibus para o Rio. A não ser que um raio tenha caido na policia rodoviária ou algo assim.

UPDATE1 [18:01]: As decolagens estão autorizadas somente com intervalos de 20 minutos (e não os usuais 5). A historia do raio parece ser só boato, a causa oficial é uma pane não-especificada.

UPDATE2 [18:13] Todos os aviões que já estavam aqui no solo ja decolaram. Mas ainda não há perspectiva de pouso (quanto mais decolagem) para os demais. Argh!! Acho que vou para a rodoviaria mesmo. Segundo minhas estimativas, devem ter pelo menos uns 10 voos atrasados no Rio antes do meu. Mesmo se a etapa de Vitória for cancelada, com 20 minutos entre decolagens isto corresponde a 3 horas de espera no Rio, 1 hora de vôo até BH e 1 hora até o Rio. Total de 5 horas...

UPDATE3 [18:39] Vou para a rodoviária comprar passagem. No Rio um vôo que deveria sair as 10:15 ainda não decolou.

UPDATE4 [19:58 do dia seguinte] Estou no Rio, depois de viajar a noite toda de onibus. Acho que fiz a escolha certa, já que os vôos continuam atrasando e os passageiros já começaram a apelar para o canimbalismo. As autoridades já trabalham para sanar o problema, e redefiniram 'atraso' como sendo algo que ocorre mais de 1.5 horas depois do horario previsto. Eu sinto orgulho do incrível talento Brasileiro para criar soluções semânticas para problemas concretos.

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sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
O funeral de Pierre Gemayel

Hoje em Beirute algumas centenas de milhares de pessoas (200.000 segundo o NYT, 800.000 segundo a policia) transformaram o funeral do Pierre Gemayel em um protesto contra a Síria e seus aliados locais.


A cerimônia religiosa em sí foi bastante contida, com eulogias chorosas e clamores por justiça, união nacional e meia entrada no Mineirão (posso ter ouvido mal esta última). Fora da catedral, o pau comia, e a multidão entoou uma série de criativos insultos dirigidos aos líderes da Síria, Irã e Hizbollah, mas principalmente ao Michael Aoun e ao Emille Lahoud, enquanto pisoteavam seus retratos..

Com os ânimos dos maronitas exaltados, pelo menos por hora os aliados de conveniencia da Síria estão se afastando cautelosamente de seu espinhoso patrono. Na fase final da guerra civil o Aoun foi a grande liderança anti-Síria, até ser forçado ao exílio, e a sua aliança com Damasco sempre pareceu um tanto desconfortável. Ele pediu para seus partidários irem ao funeral, mas ao contrário do Nabil Berri (lider do partido xiita Amal), não foi pessoalmente. Os dois aparentemente decidiram ficar em cima do muro para ver para onde os ventos sopram, mas Damasco tem meios bastante persuasivos de faze-los mudar de ideia, se for o caso.

O Hizbollah (que parece ter sido pego de surpresa pelo assassinato) sabiamente adiou seus próprios protestos, e se juntou ao coro dos que acusam (com graus variados de sinceridade, creio) o próprio '14 de Março' de estar por trás do assassinato. O argumento também é do tipo 'cui bono', já que o 14dM parece ter sido re-energizado pelo ato. Considerando que o governo está a 1 ou 2 ministros de ser forçado a renunciar, e que os Assad e agregados tem assassinado desafetos libaneses com deprimente regularidade desde os anos 70, esta não me parece uma hipotese muito verossímil, mas tem que leve fé.

Resumindo, o quadro agora é este: O governo quer instaurar o tribunal para julgar os assassinos do Rafik Hariri, e a Síria tenta por todos os meios obstrui-lo. O HA quer depor o primeiro ministro, e o 14dM (com apoio do EUA, da França e da Arábia Saudita) quer depor o presidente. O resultado deste conflito pode depender do lado que o Aoun e o Berri escolherem.


Mais fotos do protestos aqui, cobertura aqui e aqui.

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terça-feira, 21 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
O assassinato de Pierre Gemayel

O ministro da indutria Libanês, Pierre Gemayel, foi assassinado hoje em Beirute. Ele foi abatido a tiros dentro do seu carro, quando voltava de uma visita a um suburbio cristão da cidade. Um de seus guarda costas também morreu, e outro ficou ferido no atentado (assim como um transeunte randômico).

Pierre Gamayel era o lider das Falanges, um grupo de direita maronita com uma história sangrenta durante a guerra civil, e que hoje integra a frente anti-Síria '14 de Março'. O seu tio, Bashir Gamayel, também foi assassinado em 1982, pouco depois de ser eleito presidente.

Para quem não tem paciencia para a minha verborragia, a solução do tipo Detetive (e.g. Cel Mostarda na Cozinha com um Candelabro) é: O assassino foi provavelmente o governo Sírio, usando armas e capangas locais, com o objetivo de forçar o governo Libanês a renunciar, já que o afastamento (por qualquer causa) de 1/3 dos ministros por lei exige a dissolução do governo. Com a renuncia de 6 ministros aliados do HA e agregados, e a morte de Gemayel, faltam só dois.

Todas as facções condenaram o atentado, e os membros do 14 de Março acusaram abertamente a Síria de estar por trás do assassinato. Damasco, obviamente, nega.

Não é uma acusação infundada. O assassinato do ex-premiê Hafik Hariri ano passado, então o principal opositor da presença Síria no pais, galvanizou a oposição à ocupação. O nome '14 de Março' se refere ao enormes protestos que ocorreram naquele dia, em resposta aos protestos organizados pelo Hizbollah no dia 8 em favor da Síria. A combinação de protestos e pressão externa forçou os Sírios a retirar suas tropas. Mas a influencia de Damasco ainda permanece, através de aliados como o HA, e de prepostos como o atual presidente, Emille Lahoud.

O ditador da Síria, Bashir al Assad, digeriu muito mal sua expulsão do Líbano. Desde a muito tempo Damasco tem pretensões territorias sobre o país vizinho, e se recusa a demarcar sua fronteira comum ou trocar embaixadas. Assim, a Síria tem tanto a motivação quanto os meios de tornar as coisas ainda mais caóticas, tanto para impedir que as investigações avancem quanto para se reafirmar como a única força capaz de garantir a estabilidade no Líbano, e assim restabelecer sua hegemonia sobre o vizinho. O reestabelecimento de relações diplomaticas com o Iraque, e as recomendações da comissão realista liderada por James Baker(que já rifou o Líbano para os Sírios em 91 em troca de apoio contra Saddam)
nos EUA , tornam o momento propício para Assad.

Atualmente, a principal disputa entre as facções pró- e anti-Síria é a respeito do tribunal misto a ser instaurado em conjunto com a ONU para julgar os assassinos de Hariri (cuja formaçao o conselho de segurança da ONU aprovou hoje). Relatórios preliminares da ONU incriminaram vários manda-chuvas sírios e seus aliados libaneses. Pouca gente duvida que o governo baathista esteja por trás deste e de outros assassinatos (inclusive do recente atentado contra um dos agente de inteligêncua libanês envolvido na investigação); a questão é saber quão contundentes serão as provas recolhidas. Da mesma maneira que sonegação fiscal foi usada contra Al Capone, a ideia do 14 de Março (e de seus aliados americanos e sauditas) é usar uma eventual condenação de líderes Sírios para extirpar definitivamente o controle que Damasco ainda exerce sobre o Líbano.

Recentemente aliados da Síria tentaram bloquear a passagem de leis que permitem o estabelecimento do tribunal (liderados pelo Amal, um outro grupo xiita importante, os parlamentares paralizaram os trabalhos no congresso, sob a desculpa de protestar contra o bloqueio israelense). Na semana passada, os ministros leais ao HA, Amal e ao Lahoud renunciaram, deixando o governo sem representação xiita. Por lei, o governo Libanês tem que ser dissolvido se um terço dos ministros renunciar (ou morrer). Com o Pierre Gemayel morto, faltam só mais dois.

Assim como aconteceu com a morte de Hariri, é provável que este último crime seja um catalizador das forças anti-Sírias. Em um pais onde lealdades ainda são principalmente sectárias, e que não tem um censo desde a década de 30, o tamanho das manifestações é uma das poucas medidas razoavelmente objetivas da intensidade da opinião pública. Generalizando, hoje os xiitas se alinham a favor da Síria, os Sunitas e os Druzos contra, e os maronitas são o fiel da balança. O '8 de março' levou 400.000 pessoas às ruas, o '14 de março' levou 1,4 milhões. Recentemente o HA fez um 'comício da vitória' ao qual compareceram 350-600.000 Libaneses. Tudo indica que o funeral de Pierre Gemayel (adiado para quinta) também atrairá multidões. Até ontem o HA prometia protestos a favor da derrubada do governo. Se isso já era considerado provocativo antes, agora é potencialmente explosivo.

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segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Crepes!

Acatando (acho) um pedido meu, há algumas semanas atrás o Rafa postou no seu blog a famosa receita de panquecas a lá Cury. Pois bem, hoje eu decidi experimentar.

A receita da massa é muito bem explicada por lá, não preciso repeti-la. Só digo isto: deu certo! Foi preciso algum muque, mas no final do processo eu tinha uma massa homogênea, com a consistencia e a cor corretas.

Eu resolvi fazer recheios mais elaborados, que provevelmente desagradarão aos puristas. Para os crepes (ou Galletes) salgados fiz um molho de tomate com linguiça calabresa, pimenta rosa e tomilho; e frango desfiado, refogado com alho poró e cebola, e cozinhado em um molho bechamel (com vinho branco e noz moscada). A este último você pode acrecentar no próprio crepe catupiry ou mostarda de Dijon. De sobremesa, crepes simples de nutela, com uma calda de laranja, cravos e vinho, salpicados de raspas de laranja.

Todas as receitas acima provavelmente contradizem os preceitos do Forme de Cury:

'Thou shalt not grille ye cheese of bri, nor shalt thee cooke the accursed boursin of the miscreants, for it is verily not a True Cheese. Hark, he who filles ye crepes wyth creamye sawces has forsaken the path of righteousnesse'
Mas, com todo respeito aos sábios medievais, os crepes ficaram ótimos.

A parte 'mecânica' de fazer crepes consiste em colocar a massa na frigideira (previamente untada de oleo), virar o crepe e embrulhar o recheio. Até que consegui fazer tudo isso direito, sem acidentes sérios. Algumas observações de crepeiro de primeira viagem:

- O primeiro crepe sempre sai meio bizarro
- É importante enxugar bem o excesso de óleo, senão a massa fica dançando sobre a pelicula que se forma, e ao invez de um crepe você produz uma mostruosidade sebosa fractal.
- O recheio tem que ser pelo menos consistente o suficente para ser comido com um garfo.
- É melhor embrulhar os crepes salgados como um envelope, e o de nutela em forma de leque
- É preciso repetir a aplicação de oleo periodicamente. Como a minha frigidiera está detonada com uma superfície quase lunar na escala milimétrica, foi preciso lavar e untar a cada 3 ou 4 crepes. Uma frigideira decente deve dar conta de dez ou mais crepes antes de precisar de mais oleo, e não precisa ser lavada.
- Para fazer crepes redondos, derrame uma concha de massa no centro da frigideira, e rapidamente incline-a para um lado, para em seguida precessá-la para que a massa escorra por toda a superfície.

Agora, as receitas:

Calabresa no molho de tomate com pimentas e tomilho

Pique um linguiça calabresa (uns 150g) em quartos-de-rodela grossos. Frite por alguns minutos, escorra o excesso de gordura, e adicione meio copo de vinho branco. Quando o vinho secar, adicione uma cebola média e dois dentes de alho, picados. Refogue por 5 min, e adicione 8-10 tomates italianos moidos (na mão mesmo. vc quer pedaços identificáveis de tomate, não um pure). Regule o sal e adicione pimenta do reino, pimenta dedo de moça fresca picada, e pimenta rosa (cada pimenta arde de uma forma diferente. A PdR arde no começo, na ponta da lingua, a dedo de moça arde no final, na base da língua, e a pimenta rosa tem uma fragrância própria). Deixe o molho engrossar em fogo baixo, tomando cuidado para não grudar. Quando estiver quase pronto, adicione salsa e cebolinha muito bem picadas, e folhas de tomilho frescas.


Frango desfiado com alho poró no molho bechamel

Refogue 400gr de frango desfiado, junto com uma cebola pequena picada e um talo pequeno de alho poró em rodelas finas. Reserve. Misture bem 60g de manteiga e 60g de farinha de trigo, até formar uma pasta homogênea. Derreta a pasta em fogo baixo, mexendo sempre. Ela vai escurecer aos poucos. Quando estiver marron claro, adicione leite integral (250ml) frio aos poucos, misturando vigorosamente. Quando tiver um creme homogeneo, adicione pimenta do reino e noz moscada e vinho branco (dá para notar que eu gosto de cozinhar com vinho...), e o frango. Deixe engrossar até a consistencia de um mingau.

Quando for colocar este recheio no crepe, adicione catupiry (para o tradicional recheio francês de poulet avec catupiry) ou mostarda de Dijon (para o tal creme normando).


Calda de laranja com cravos e vinho tinto

Cozinhe o equivalente a dois copos de suco de laranja, com a polpa, 6 cravos, 3 colheres de sopa de açucar e um copo de vinho tinto. Deixe reduzir a 1/5 do volume inicial (deve estar com a consistencia de calda), e adicione duas colheres de chá de raspas da casca das laranjas.

Espalhe uma colher cheia de nutela em metade de cada crepe e dobre a outra metade por cima. Dobre novamente para obter a forma de leque. Deixe tostar dos dois lados. Sirva em um prato por cima da calda, e termine salpicando mais raspas em cima.

Uma variaçao (que não tentei) é substituir a nutela por calda de chocolate meio amargo (manteiga+chocolate ralado+um pouco de leite), e a laranja por limão siciliano.


A Ceci tirou algumas fotos, que ireis postar aqui quando forem passadas para o flickr

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terça-feira, 14 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Conversando com o Hizbollah

No post abaixo, eu mencionei algumas das conversas e discussões improvaveis que tive na internet. Possivelmente o meu interlocutor mais interessante (embora nem de longe o mais amigavel) é um membro autodeclarado do Hizbollah, com quem troquei alguns comentários no blog do Michael Totten. A discussão se extendeu por vários posts, e envolveu alguns outros libaneses, além de israelenses e americanos.

A surprendente discussão acabou sendo razoavelmente bem educada, e muito informativa. O AlGhaliboon (o cara do HA) se mostrou extremamente cortês, e aberto ao debate. Em relação a assuntos espinhosos, como o direito de Israel a existir, ele é muito mais conciliatório do que a posição oficial do seu partido. E o discurso dele é (para o meu alívio) livre daquela cansativa lengalenga conspirazoide sobre sionistas isto ou sabios de Sião aquilo, tão comum na região.

Mas sempre que o assunto era o seu vizinho ao Sul, ele esbarrava no axioma segundo o qual 'a culpa é sempre dos israelenses', e na consequente absoluta falta de autocrítica que o impedia de admitir que pelo menos alguns dos atos do HA foram imorais ou contraproducentes. Era deprimente ver um cara, que em geral parece sensato e bem informado, celebrar a possibilidade de outra guerra (meses após a última 'vitória' do HA ter devastado o seu pais) como algo não só provável como também desejável.

A discussão entre ele e os israelenses do fórum também foi instrutiva. Era obvio que não havia grandes diferenças entre eles a respeito do que seria nescessário para uma paz duradoura entre os dois paises. Mas bastou os israelenses objetarem ao 'direito de retorno' dos refugiados palestinos da guerra de 1948 (e seus filhos e netos) para que o AlG voltasse a sua concha e insistisse que o conflito é a única solução, negociações são impossiveis, etc e tal. Mas também ficou claro que existe dentro e fora de Israel quem acredite que os Arabes são uma massa uniforme de maníacos genocidas, independente de qualquer evidencia do contrário.

A ansia de repatriar os palestinos que moram no Líbano tem muito pouco a ver com o suposto amor que os Libaneses sentem pelos refugiados (que são confinados em campos esquálidos e impedidos por lei de trabalhar ou construir habitações permanentes), mas sim ao medo de que eles alterem o delicado equilíbrio entre os diversos grupos etnico-religiosos que compoem o Líbano, e em particular, que atrapalhem os planos hegemonicos da antiga maioria (os cristãos maronitas) ou da nova maioria emergente (os fecundos xiitas). Acontece que a insistencia em um direito absoluto ao retorno (de volta a algo que para todos os efeitos não existe mais), ao invés de um retorno (ou ida) à uma Palestina independente juntamente com compensasão financeira, só perpetua a situação. Gerações de palestinos cresceram acreditando que um mitológico retorno iminente à vilas próximas a Haifa que não existem mais, o que é uma anátema para os israelenses, já que isso implicaria no fim de Israel, seja como a pátria judaica ou como um país democrático.

Entre os Libaneses, o tópico mais quente foi a renuncia coletiva dos ministros aliados ao Hizbollah e ao Amal (o outro grande partido xiita) do governo Libanes. A causa imediata foi a recusa por parte do movimento anti-sírio '14 de Março', que é maioria no parlamento, de dar ao HA o poder de veto sobre as decisões do governo. A outra razão não verbalizada é tentar bloquear a criação do tribunal que está sendo instalado para julgar os culpados pelo assassinato do ex-premiê Rafik Hariri. O crime é atribuido aos sirios, e a ideia é usar o tribunal para extirpar de vez o controle que Damasco ainda exerce sobre o pais, assim como Elliot Ness usou a evasão de impostos para prender Al Capone. Mas os baathistas sirios desde a muito tempo tentam transformar o Líbano em uma província, e é improvável que saiam sem luta (seja na forma de carros-bomba, ou incentivando os conflitos sectários). Eu disse em um post anterior que a guerra com Israel é melhor entendida como um extensão dos conflitos internos para definir que tipo de país o Libano será daqui para frente, e que este conflito fundamental continou, indefinido, após o cessar fogo. Pois bem, agora as coisas estão esquentando de novo. O status quo não é mais sustentável, as tensões aumentam e algo ou alguem vai ceder.

Nesta linha, foi interessante o debate entre os Libaneses. Além do AlG, haviam vários que eram simpáticos ao '14 de Março', e um membro da FPM, o grupo de Michael Aoun,um ex-general que lutou contra os sírios até ser expulso com a conivencia dos americanos e franceses em 91, mas que ao retornar se aliou ao HA e (para todos os efeitos) a Síria. É dificil resumir várias opiniões dispares sobre um assunte tão complexo, mas os temas principais me parecem os seguintes:

  • Fora do HA ninguem parece muito animado com a tal vitória divina, e um retorno às hostilidades agora provavelmente deixaria o HA alienado até mesmo de sua base xiita.

  • Pelo menos entre as bases do HA e do FPM a Siria não é vista com bons olhos. O AlG até mesmo nega a existencia de uma aliança entre o HA e Damasco.

  • Nenhum dos lados quer o retorno da guerra civil, mas todos temem a possibilidade.

  • A mais importante demanda dos xiitas é uma participação maior no processo político, condizente com o seu peso demográfico. Tanto a guerra quanto a aliança com a Síria são vistas como meios de atingir este objetivo.

  • A FPM considera que os xiitas não devem ser isolados, pois isto seria explosivo. Outros grupos cristãos e sunitas tentam manter o seu controle sobre o processo politico.

  • O 14 de Março acredita que o HA está blefando, e está disposto a não se curvar ao HA desta vez

  • Crescem as tensões entre xiitas e sunitas. Grupos salafistas (i.e., Al Qaeda e assemelhados) atuam em Sidom e Tripoli (redutos sunitas). HA not amused.

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Abaixo uma seleção da discussão com o AlG

Eu:

AG:"I do not see why anyone would not give anyone with opposing views - but who nevertheless respects the unwritten rules of dialogue or written rules of commenting - the chance to challenge and discuss issues raised in one's blog."

AG, I agree. But you must admit you were given this chance. You adhered to these "rules", and presented your views and criticism in a reasoned way. MJT and others replied in kind and challenged your views, in the same spirit. As far as the conducting of the debate goes, I can't find fault in either side.

I am baffled by your position on an eventual peace with Israel. Do you think it is desirable? Do you accept that Israeli civilians have exactly the same right to peace and tranquility in their own land as Lebanese or American ones?

You also said:
"We will make peace with it when the time is right for our people to come to terms with the crimes committed against them"

If I understand you correctly this means you choose to be at war with Israel until you can get around to forgive it. Which makes me wonder:
Why is it so hard to forgive the Israelis in particular for the crimes they committed, even as you forgive other Lebanese factions and the Syrians (at least to the extent you are not advocating war with either), who also committed atrocities in Lebanon, often at a far greater scale?

Also, if you are at war with Israel, then Israel is at war with you, which in practice means lots of Lebanese will die. This to me means that achieving a just peace is a moral imperative, not something to be countenanced only after you come to terms with past wrongs. War is not psychotherapy.

My last two questions are practical. Correct me if I'm wrong, but the issues HA claims are unresolved (and must therefore be resolved by the force of arms) are some small uninhabited disputed bits of land and a handful of prisoners. Shouldn't you try to negotiate first? I mean sitting down with Israelis openly, and trying to come up with some peace deal acceptable to both sides. Do you oppose such negotiations in principle?

Finally, as MJT pointed out Israel can kill 1000 random Lebanese in 5 minutes if it chooses to. Its F16 can turn southern Lebanon literally uninhabitable (why bombing with F16 is cowardly but firing Katyushas is not?). Don't you think there is something flawed in a military strategy that relies on the relative restraint of your enemy, an enemy that moreover you hold to be evil and without scruples?

Ele:

Bruno,

Yes, I admit I was given the chance, but the point I raised was not about that, but about the qualification of this chance by many commenters.

Regarding peace with Israel: we are not war-mongers. We do not go out of our way to wage war. Whatever wars we have waged, have been imposed upon us. Our very existence has been the product of war and occupation. Peace is of course very desirable. I accept every human being's right to peace and tranquility in their own land, including the Israelis; this should not be at the expense of others, however.

Forgiveness does not happen overnight, nor does it happen on its own; it is a long process, and reconciliation takes a lot of effort; first the genuine desire on both sides to talk about the past with the intention of determining an equation that would include definite answers and steps (including compensation/reparation, return of lands, return of refugees, etc. - but the latter is part of the Palestinian issue). Anyway, this is what is chiefly missing in this region, because people (some sides more than others) are more willing to shoot than talk, because they believe that the other side only understands the language of force. At any rate, before we conducted the operation and captured the 2 soldiers, we warned a number of times that unless negotiations resume, we would take such action. Unfortunately, no one listened to us or took our words seriously (hence our operation name pointing out exactly this: "true promise/vow"). Even after the soldiers were captured, we again called for negotiations, and this was rejected out of hand. We told the Israelis that no matter what they do, at the end of the day they will not get their soldiers except through negotiations. We were true to our promise. At any rate, I presume some people will criticize the point in which I said that after we captured the soldiers we also called for negotiations, and they might say, after killing so many soldiers and violating Israel's sovereignty, you expect it not to retaliate? But I tell them, history does not start on July 12, 2006, so if we are going to take this issue to that level, then the operation was not only necessary, it was also completely justified and legitimate. As for a "peace deal", I already said this is out of the question until the Palestinian issue is settled, because you have 500,000 Palestinian refugees who will be lost in the Lebanese limbo, just so that Israel may close yet another front and concentrate its full strength on ethnically cleansing West Bank & Gaza of the Palestinians (the so-called disengagement does not mean Gaza is forever out of bounds for Israel). We cannot separate our conflict with Israel from the wider Arab-Israeli conflict. But we are willing to negotiate a truce and other details, indirectly of course.

Regarding the comparison between Lebanese criminals, Syrian criminals, and Israeli criminals, I do not think you can compare; but you are right, all are criminals - but to varying degrees. I do not accept nor recognize the legitimacy of the Lebanese criminals, indeed I call for their incarceration and trial for crimes against humanity. As for Syrian criminals, may I remind you that we have suffered also at their hands, for example, in 1993, many of our supporters were killed by the army on orders from the Syrians, because we openly defied Syria. However, the importance of the resistance to Israeli occupation, and our absolute preoccupation with it meant that we would not be able to open another front, whoever that front might've been. Moreover, Assad himself is not the one who was behind much of the crimes that the Syrians committed against our people; rather, people like Ghazi Ken'an, Rostom Ghazale, & co., were the ones who had the keys to Lebanon, and in many cases Assad was not even aware of what was going on, as he was deliberately kept in the dark (also provides clues as to who might've been behind the Hariri assassination if it was indeed Syrian elements - Khaddam, Ghazi Ken'an, etc. - the old guard).

Please do not compare bombing with F-16s to firing Katyushas, especially that our Katyushas were fired merely in RETALIATION for the cowardly F-16 attacks on our people; it says quite a lot that the Israelis, with all their guided missiles of F-16s have killed more civilians than we have, even though as I have stated earlier we could DEFINITELY have exacted heavy civilian casualties.

We do not rely on the restraint of our enemy; rather, we take it pretty much for granted. The only thing that we assume is that the enemy would not be stupid enough to massacre our people in broad daylight whereas we hit its battleships, helicopters, and tanks (I see why apologists for Israel never actually bring up these hits). Even then, we cannot provide shelter to civilians, as that would not be feasible; that is the task of the government anyway (they are desperately trying to frame the state-within-a-state argument in terms of the endless chicken-or-the-egg game, but this is not really the case; Hizbullah rose from the absence of the state and its authority and services, and the state continues to be absent, and by state I do not refer to the army, but the institutions).

Finally, as MJT pointed out Israel can kill 1000 random Lebanese in 5 minutes if it chooses to. Its F16 can turn southern Lebanon literally uninhabitable (why bombing with F16 is cowardly but firing Katyushas is not?). Don't you think there is something flawed in a military strategy that relies on the relative restraint of your enemy, an enemy that moreover you hold to be evil and without scruples?

Rest assured, however, when rebuilding our villages, we will take the things we learned from the July war, and put them into constructive use.

Eu:

AG, thank you for your reply. I appreciate your willingness to talk and listen, especially on such a charged subject. I have given up in frustration on discussions with people whose views I found far less extreme than yours, simply because they could not engage in honest debate.

You said:
"Forgiveness does not happen overnight [...], and reconciliation takes a lot of effort [...]"

I accept that. But forgiveness won't happen when both sides are still fighting either. Some 100.000 people died in the civil war, most of whom were not killed by Israelis. I don't know of any of those responsible, many of whom still hold leadership positions, apologizing. Lebanese of all sects suffered, and I'm sure not all is forgiven. Your country is still recovering from the carnage, and of course that takes time. Bur crucially, you have agreed to stop killing each other, and I think we can all agree that was a good thing. Why should the Israelis, uniquely, be excluded from this process whereby cessation of violence leads to acceptance, and acceptance leads eventually to forgiveness?

"[as for] Lebanese criminals, indeed I call for their incarceration and trial for crimes against humanity"
Agreed! But you are not at war with the factions they lead either.

Even if at some stage it was necessary to focus solely on the Israeli occupation, it ended in 2000 (except, possibly, in the SF). Surely from then on Syria became the main oppressor of the Lebanese? Damascus ruled over your country, assassinated people who dared to disagree, and to this day holds an unspecified number of Lebanese prisioners, and refuses to demarcate your common border (a step that could easily solve the Sheeba controversy in your favour). And yet HA not only failed to object (let alone oppose these things militarily), it allied with Syria agaisnt those who did!

I don't buy this 'Assad did not know' thing. But even if this is true, the fact remains that the real rulers of Syria are going around murdering Lebanese. Whether Assad is counted among their number or not is immaterial.

"because people (some sides more than others) are more willing to shoot than talk"

I agree! I would just add that there seems to be plenty of those on HA. The fact that HA feels it needs to kidnap Israeli soldiers to trade for prisoners and the SF is evidence that there is nothing else it is willing to offer. If HA (or, more appropriately, the Lebanese government with HA support) offered a permanent cease-fire, recognition of Israel right to exist, and accepted the UN demarcation as the border between both countries, I'm sure Israel would agree to give up the SF and to exchange all prisoners (even Samir Kuntar, though that creep does not deserve to be freed). Even if you disagree with my assessment of Israel's intentions, surely it is worth trying.

"But [HA is] willing to negotiate a truce and other details, indirectly of course"
Why indirectly? If you can get all you want from negotiations, why not do it openly? I always assumed this was the because because neither HA nor Israel was willing to accept the other's legitimacy. But surely if such a truce is worth the paper it would be written, surely HA must accept Israel's right to exist south of the Blue Line and west of the Green line? Israel likewise must accept HA as a legitimate Lebanese party.

"[...] our Katyushas were fired merely in RETALIATION for the cowardly F-16 attacks [...]"

The F16 attacks were also retaliation for
something else. Which was in its turn retaliation for some other thing. And so on and so forth.

In any case, firing Katyushas indiscriminately against built up areas is immoral. The fact that Israelis also comitted crimes is no excuse.

"[...]it says quite a lot that the Israelis, with all their guided missiles of F-16s have killed more civilians than we have, even though as I have stated earlier we could DEFINITELY have exacted heavy civilian casualties."

How? Could you fire more missiles than you did? They were too imprecise to aim for anything smaller than a city, how could you improve their letality?

"We take it pretty much for granted that they would defy all reasonable restraints."

The Israelis could have destroyed every power station, every dam and water treatment plant, obliterated the airport terminals and knocked down every high rise in Beirut. Think Hama 82, or Grozny 95, or even Caen 44. There would have little you could do if these things happened. This of course is no excuses for some of the things they effectively did, but they could do much worse, and chose not too. However imperfect, the Israelis had some restraints, on which HA bet the very physical existence Lebanon.

"Even then, we cannot provide shelter to civilians, as that would not be feasible"

You could spare some of your state-of-the-art bunker-building abilities to get them some proper shelters. It surely beats dying in stairwells.

"Rest assured, however, when rebuilding our villages, we will take the things we learned from the July war, and put them into constructive use."

Please do. But learn the right lessons. The last thing your countrymen need right now is another victory like that.

Ele:

Forgiveness won't happen when we are fighting; isn't this the dilemma in all conflicts? At any rate, the focus should be on smaller issues, things that might seem insigifnicant but which provoke hostilities and more hatred.

The Lebanese are from agreeing on stopping killing each other; they are as resolved to killing each other if that means they will get rid of the other viewpoint. As for comparing this to Israel, I would say the comparison does not hold; while we do have to live with other Lebanese, we do not have to deal with the Israelis. In fact there is a strong argument against the normalization of economic ties with Israel because that would greatly harm domestic agriculture and industries.

I think it's also important to clear this up; Syria are not our allies (vice versa). We have relations, mutual understandings, but not alliance; where did anyone see any alliance? We have had many fallouts with Syria exactly because our diplomatic/political relationship was based on an equal footing (though control of the state and the army apparatus effectively meant that they were the masters of the country, and fighting against them would have necessitated fighting against the army). At any rate, whom did Syria assassinate?

On the contrary, we at Hizbullah are organized and do not - have not at any point - violated orders. There is full control within the ranks. Not one rocket will leave our launchers without the knowledge and approval of our local units and commanders. Not one bullet would be fired until we are given the green light to do so. I will not elaborate more, but I think our great show of discipline speaks more than words can do it justice.

We - Hizbullah and the Lebanese government - have offered permanent ceasefire and accepted UN demarcation (the demarcation took place and the blue line was the result; we even accepted the Israeli encroachment onto Lebanese territory at Misgav 'Am, which we did not have to accept, technically, and could refuse if we wanted to), but have stopped short of recognizing Israel's right to exist; this is as I said part of the Arab-Israeli conflict in general and Lebanon cannot possibly take a stand independent of other countries' positions. Primarily the internal scene would not allow it either.

Indirect negotiations because we do not wish to give Israel something that it has done nothing to deserve, namely recognition of its right to exist. Why would we recognize a state that adopts terrorism as a way of life? Don't they justify their non-recognition based on this too? What would they lose if they recognize us? They even deny that we have a support base; I guess they started believing their own lies after all.

The Katyushas were not indiscriminate; they were fired with coordinates. Being unguided, however, if they fell elsewhere, or that the Israelis did not listen to their governments warnings to stay indoors, that has not been our intention. The same cannot be said for Israel, the same country that was proven to have deliberately targeted the UNIFIL compound at Qana in 1996, killing 102 civilians.
In war, people die, remember? Or does that apply only to us?

As for how we could've exacted hevay civilian casualties, I would leave it open for your speculation (because not everything can be said). However, I can assure you, on my own honour, that we could've done what I am saying, and did not. Feel free to doubt it, or accuse me of lying, as I am sure many will.

Eu:

AG, thank you for the reply

The Lebanese are [far?] from agreeing on stopping killing each other; they are as resolved to killing each other if that means they will get rid of the other viewpoint.

You are of course in a far better position to judge this than I, but the fact remains they are not killing each other in large numbers at the moment. They do not find it imperative to keep on fighting despite their enduring mutual hate. Thus, in this case practical considerations of peace and self-preservations trump old hatreds.

As for comparing this to Israel, I would say the comparison does not hold; while we do have to live with other Lebanese, we do not have to deal with the Israelis."

Yes you do. You may choose not to trade with the Israelis, but in a war you will be forced to deal with them. Fighting the Israelis (who are not exactly a continent away) brings about death and suffering with no end in sight, just like fighting your fellow Lebanese would. Thus the practical imperatives not to fight are the same if differences can at all be resolved or papered over.

In fact there is a strong argument against the normalization of economic ties with Israel because that would greatly harm domestic agriculture and industries

Fair enough, trading or not is your prerogative, but surely bombs are far more more damaging to your economy.

I think it's also important to clear this up; Syria are not our allies (vice versa). [...] At any rate, whom did Syria assassinate?

You are currently in an alliance, even if just one of convenience. In any case, by the criteria you set forth (occupation, prisoners, violation of sovereignty) they ought to be your sworn enemies. Even if you do not want to fight them militarily, directly or by proxy (although you do take on the IDF, a much harder nut to crack, so to speak), surely there should be some serious pressure to resolve these issues, and I can see none. As I said, demarcation of your common borders (implying Syrian de jure acceptance of Lebanese sovereignty) is not only a worthwhile goal in itself, it will all but guarantee the Israelis will leave the SF.

As for the assassinations, I find it hard to believe that those critical of Syria just happen to blow up spontaneously. In any case, you mentioned earlier a number of HA member executed by the Syrians. Surely that was murder?

We - Hizbullah and the Lebanese government - have offered permanent ceasefire and accepted UN demarcation [...]

My understanding is that HA did not accept the demarcation, which held the SF were Syrian, and after the Israelis pulled that uninhabited piece of land no one had ever heard of before was turned into a reason to continue the resistance. If Nasrallah is offering any sort of permanent cease fire now, he is being exceedingly subtle about it.

[...] have stopped short of recognizing Israel's right to exist; this is as I said part of the Arab-Israeli conflict in general and Lebanon cannot possibly take a stand independent of other countries' positions. Primarily the internal scene would not allow it either.
Why must Lebanon, and Lebanon only, be held at ransom of all the other countries' diplomacy? The Egyptians and Jordanians took an independent stand and have enjoyed peace ever since. The Syrian sat on their asses while you where fighting, and still you are expected to remain in a state of perpetual conflict until they get the Golan back. And if your internal scene cannot countenance the idea of genuine peace, then I'm sorry but you should get ready for rounds 2, 3, 4...n. You can't reject both peace and war and expect the universe to comply and come up with a third option.
Indirect negotiations because we do not wish to give Israel something that it has done nothing to deserve, namely recognition of its right to exist. Why would we recognize a state that adopts terrorism as a way of life? Don't they justify their non-recognition based on this too?
You do not have to do anything to have a right to exist. Many countries did far worse that the Israelis and have not forfeited this right. As far as I know, Israel accepts Lebanon's right to exist too.

Now, what is the point of negotiating if the other side does not accept your right to exist in the first place? It is like saying to someone you want to share a flat with him but you do not accept his right to live there.

This is basic, you do not have to accept any Israeli claims to the West Bank, or agree to resettle the Palestinians in Lebanon, or anything. You just agree to end the fighting, and accept the fellow down south as your neighbors. You give up nothing, and gain a a great deal. Peace between Lebanon and Israel is not a zero-sum game.

What would they lose if they recognize us? They even deny that we have a support base; I guess they started believing their own lies after all.

Nothing, I suppose, although it is hard to imagine them recognizing a movement that refuses to recognize them as a country. And yet, you are the one that ruled out direct negotiations.

The Katyushas were not indiscriminate; they were fired with coordinates. Being unguided, however, if they fell elsewhere, or that the Israelis did not listen to their governments warnings to stay indoors, that has not been our intention.

Come on! Israel could (did) claim with far greater propriety that Lebanese civilians should have heeded the call to evacuate, and that bombs sometimes miss their targets, and sometimes the targets are wrong. This is true, and still does not justify all of their actions. When they fired all those cluster bombs, they knew as HA did with the K. did that no matter how legitimate the aim point was civilians would be greatly harmed because this weapon was effectively unguided. They should not get away with it, and neither should HA.

HA's claim to have fired missiles at a city with no intention of harming civilians, on the off chance it may hit a soldier somewhere, is simply not credible, and would not be morally acceptable even if true.

As for how we could've exacted hevay civilian casualties [...] I can assure you, on my own honour, that we could've done what I am saying, and did not. [...]

Fair enough. But then accept that the Israelis could also have done far, far worse and did not.

Eu (em relação a uma resposta dela para outra pessoa)

AlG:
"especially ones that are willing to risk bringing Syria back to Lebanon for their adventures in regime change in other countries, whose affairs are none of our business."

Can you be more clear? I genuinely do not understand who you are talking about in the paragraph above.

While we are at it, what is your opinion on the court that is being set up to try the Hariri killers?

Ele:

Bruno,

I am referring to feudal chieftain Walid Jumblatt, Saudi billionaire Sa'ad el Hariri (Rafiq el-Hariri's son) who does not know how to speak proper Arabic (I wonder what language he speaks in??), and warlord Samir Geagea, and their minions. These people continue to lead a self-destructive (by self I am referring to Lebanon of course; though they would see to it that if they are to go down, Lebanon would go down with them) policy of provocation against Syria. Jumblatt and Hariri have openly expressed the wish to see a regime change in Syria, and the replacement of the Alawite leadership with a Sunni one. They also hailed Khaddam's defection and exile; this guy Khaddam was one of the chief architects of Syria's presence and continuation (and oppression) in Lebanon. He was, and continues to be, their ally, hero, whatever you want to call him.

The court... is a joke. A joke because it is a travesty of justice. Nevertheless, we do not oppose it. But we say, let those who are concerned with crimes also hold investigations into and trial of the perpetrators of the assassination of Sheikh Ragheb Harb, attempt to assassinate Sayyed Muhammad Hussein Fadlallah (80 civilians killed instead), disappearance of Imam Mussa al-Sadr, assassination of Samir Qassir, assassination of Mr. Gebran Tueni, Mr. Georges Hawi (Lebanese Communist Party), assasination of Sayyed Abbas Al-Mussawi and his family, Mr. Elie Hobeika, Mr. Dany Chamoun and his family, and countless other figures, not to mention the civilians who were killed by these same people who are calling for the court.

Eu (novamente respon

AlG, you said [em outro comentário]:
"I also have knowledge of some things that supporters otherwise do not."

Should you be bragging about it then?

About the Palestinian refugees, you consider it an imperative that they be disarmed, and that they do not become naturalized. I believe these are reasonable concerns, but don't you think allowing them decent living conditions (instead of penning them into squalid camps where 'permanent constructions are not allowed') would go a long way towards bringing about such disarmament?

Still on the subject of the Palestinians, why should they settle in a country to which they (obviously, and rightly) hold no allegiance? Because a corolary of the implementation of the 'right of return' is that they would have to somehow become Israelis. Since we both seem to agree that there should be an independent Palestine alongside Israel, to me its obvious that these people should return (or go) to their own country, not to that of their erstwhile enemies, even if their ancestors happened to have lived there.

The two sides could agree on compensations, and even on the acceptance of the RoR in principle but not in practice (i.e., agree that although thae have a right to go back to their former homes, these no longer exist in any meaningful way, so they'll get the next best thing: to go back to their own homeland with an apology and enough money to start over). Whaddyathink?

Ele:

Bruno,

Should you be bragging about it then?
No; I was not bragging; I don't believe in vain pride. I was only stating a fact, which does make a difference. It's one thing to talk with someone who has his information from hearsay or some book, it's another to talk with someone who has a certain degree of internal knowledge albeit he would not say anything that would jeopordize anyone's or the party's wellbeing. I thought that was pretty clear. Where did the accusation of bragging come from?

Regarding Palestinian refugees, their disarmament should be coupled by giving them more rights though not naturalizing them because that would pretty much mean giving up on the right of return. So basically the right to work, and so on. Anyway, there are a number of Palestinians who were in fact naturalized because they were Christians, and if we are to be fair, their citizenship should be revoked.

What the country they are returning to is called is irrelevant, and who lives there today is irrelevant too. This is not 1920 when the native Palestinians were disgusted with the "western" lifestyle that the Jewish settlers brought with them from Europe. They have come to accept this lifestyle themselves, they have become pretty urbanized and if you like, westernized. The Israelis themselves have accepted some aspects of the local traditions and culture. Anyway, these people care about returning to their ancestral lands, and putting an end to the suffering (especially the Palestinian refugees in Lebanon who suffered A LOT during the 1975-1990 war). By the same token the Palestinian citizens of Israel are loyal to the state and co-exist with their neighbours, though they are not exactly treated as equals. They have learned to address their grievances through institutions and legal means. For example the "ADALAH" legal center for Arab minority rights in Israel, also other joint Jewish-Palestinian projects like Neve Shalom/Wahat al-Salam, Ta'ayush, and even a political party with mixed leadership and support base, the Hadash/al-Jabha. A large number of Palestinian citizens of Israel prefer to give their vote to Labor than to Arab parties.

Yes, returning to their "homes" means returning to the land, these homes most probably no longer exist; entire villages have been completely wiped out, often replaced with Kibbutzim and often not replaced with anything, they are just no longer there (by the way, there is also a joint Palestinian-Israeli initiative for raising awareness of this issue in Israel, and every year there are tours to areas where villages used to stand and were wiped out during the "nakba" the catastrophe). So these people can be given meaningful sums (maybe contributed to, in addition to Israeli payments, by Arab countries and also Britain whose role in creating the Arab-Israeli conflict should not dismissed or forgotten) to start over again. You will find, that if and when this is done, this will be met by absolute goodwill on the part of the returning refugees, rather than "revenge" attacks, etc. One can always say that these could be merely "acting" and waiting for the right time, but such an attitude would mean that no trust is forthcoming, and where there is no trust, there is no solution to any conflict, because reconciliation would be impossible.

Eu:

AlG:

"Should you be bragging about it then?

No; I was not bragging; I don't believe in vain pride. I was only stating a fact [...]"

You should say you are just a humble gardner or something like that, even as you plant bugs on the knesset during the night or mass produce katyushas in your backyard. That would definitely enhance your aura as an international man of mystery.

PS: This is a joke. HA knows everything about jokes, they have long studied the jokes of its enemies, and should not be underestimated.

PS2: This too is a joke. I'll give you a serious answer to the remainder of your post after I eat something and the hallucinations stop.

PS3: err...
[humor não é o ponto forte do HA. Eu estava parodiando a tendencia que ele tem de afirmar que o HA sabe sobre tudo, está sempre certoque não deve ser subestimado, yadayadayada. Falando um pouco mais sério, eu continuo:]

AlG: "Yes, returning to their "homes" means returning to the land, these homes most probably no longer exist; entire villages have been completely wiped out, often replaced with Kibbutzim [...]"

But it goes beyond that. They were a community that was uprooted and largely replaced with another. Today their culture survives in the camps in exile and among their brehtrem in the WB & Gaza; but if they were to return to Israel, they would remain strangers in what is effectively someonelse's land, or they would make the Israeli Jews strangers in their own homeland. In either case its too high a price to pay to stick to an absolutist point of principle. Their home, and place of residence, should be an independent Palestine.

You say you support Tsedek's husband's family right of return to wherever they were expelled from (but are you willing to fight for it, putting your own country on the line?). From what I gather they have found a home in Israel; while their former home elsewhere no longer exists. I don't see what good could come from a 'return' in this case. Recognizing this new reality does not imply forgeting or minimizing past injustices.

This insistence on an absolute right of return serves no good purpose (there are plenty of bad, cynical purposes though), it just helps to prolong the sufering. And I find it somewhat cynical that some Lebanese profess a total support of Palestinian aspirations even as they deny the Palestinians residing in their own country the most basic living conditions.

Lira, the Lebanese are not responsible for what Israelis did 50+ years ago. But they are responsible for treating the refugees residing in Lebanon humanely today. Blaming Israel for whatever is not a get out of jail card, you still are responsible for your own actions.

E ele:

Bruno, i agree that the Palestinians are treated badly and should be treated equally, but they should not be naturalized because that would mean giving up their right of return. also, if some people have chosen not to fight for returning to their homeland it does not mean that others should adopt their worldview. what you say about the palestinians being unable to fit in and being alienated or alienating the jews is not true, and even if true it is not a good enough excuse to violate their right of return.

the christian palestinians who were naturalized and also the armenian christians and non-lebanese sunnis should be de-naturalized.

Este útimo ponto dele é uma receita garantida de guerra civil, além de ser uma ideia particularmente repelente. De novo, o imperativo no caso é manter a pluralidade demográfica xiita emergente.

Em referência a comentários dele sobre a sua suposta vitória neta guerra, e como todos os seus objetivos serão atingidos se não desta vez então na próxima, ou na logo em seguida, etc, eu disse:

To quote Monty Pyhton:

"Listen, lad. I built this kingdom up from nothing. When I started here, all there was was swamp. Other kings said I was daft to build a castle on a swamp, but I built it all the same, just to show 'em. It sank into the swamp. So, I built a second one. That sank into the swamp. So, I built a third one. That burned down, fell over, then sank into the swamp, but the fourth one... stayed up! And that's what you're gonna get, lad: the strongest castle in these islands."

I'm sorry AlG, but that is how you sound like at the moment.

e também:
Another thing:
"First, they were not war crimes, as they were not unprovoked,"
They remain war crimes even if committed in response to another crime. Why is it that warring parts in the ME act as if the crimes by one's enemies excuses one's own?
e em referencia a suposta intenção israelense de roubar as aguas do rio Litani (no sul do Líbano):

AlG,the Litani stayed there from the armistice in 49 to the Cairo agreeement in 69. Doesn't it strike you as odd that during that time, when there was no effective force to oppose them, the Israelis didn't attempt an invasion*? They only seem to attack when there is someone to shoot back, be it the Palestinians or you. Must be some bizarre jewish notion o sportsmanship...

I think you will find that most if not all commenters here think the occupation of Lebanon from 1982-2000 was a lousy idea. But it ended, and it seems HA has been desperately looking for excuses to keep violence alive ever since. Seriously, you had to dredge up something Ben Gurion said in 1919!



E é isso. A discussão continua no blog do Micheal Totten.

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quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Buon giorno mondo!

Indeed. A captain in Kabul and a cosmologist discussing anime and web comics. The world is a freaking wondrous place. I wouldn’t have it any other way. I’d send you to his blog, but I think it is Italian. It is named Milliways Lounge, which we all know is the Restaurant at the end of the Universe. Oh, heck here it is anyways. Maybe one of you speaks Italian.

Acho que todo mundo se lembra de como eram os primeiros dias em uma escola nova. Você chegava em uma sala cheia de pessoas desconhecidas, se sentindo deslocado. Após um silêncio meio constrangido, fazia alguns comentários inofensivos e piadinhas para quebrar o gelo, e tentar entender qual é a desse povo novo. Aos poucos, ia engrenando conversas, descobrindo interesses em comum, até fazer alguns novos amigos. Dias, semanas ou meses depois, você finalmente se tornava parte de uma rede de relações humanas na qual se sentia confortável.

Escrever em um blog pessoal é um processo semelhante. O que você escreve pode potencialmente ser lido por todo o mundo. Além disso, sendo uma pessoa curiosa, você vai fuçando internet afora. Não importa qual seja o seu interesse, em alguma URL tem alguem dizendo algo interessante a respeito. Você entra nos blogs que vai descobrindo, e vê raciocínios tão brilhantes ou bobagens tão ultrajantes que não podem ficar sem resposta. Posta um comentário tímido aqui e acolá, até se envolver em discussões, brincadeiras e brigas de foice, convencer e ser convencido. Depois de um tempo, você vira figurinha carimbada em certas comunidades.

Seguindo os links de seus comentários, ou através de blogs dos seus amigos, ou por pura sorte, as outras pessoas também vão trombando com o seu blog. Elas deixam comentários, e links para os seus próprios blogs.

E então, antes que se dê conta, você achou sua turma. Não um grupo de colegas que tem um comum uma escola ou local de trabalho, mas um conjunto difuso de pessoas, possivelmente em todo o mundo, que compartilham pelo menos em parte seus interesses e temperamento. Porquê esta é a característica realmente única da comunicaçao pela internet, você cria ralações totalmente baseadas em afinidades, sem nenhuma restrição de cunho geográfico, profissional ou familiar.

O paragrafo no inicio deste post foi escrito por um americano que está atualmente no Afeganistão. Ele no meio de uma guerra por lá, eu escrevendo tese por aqui, e mesmo assim nós dois podemos discutir animação japonesa. Eu fico feliz de saber que uma coisa destas é possível (mesmo que ele tenha achado que o meu blog era em italiano). Também gostei de discutir política brasileira com um israelense, futebol e topologia com blogueiras catarinenses, e propor charadas para um português e vários brasileiros espalhados pelo mundo (UPDATE: e discutir politica com um membro do Hizbollah).

A minha relação com estas pessoas é um pouco diferente da relação que tenho com meus amigos em carne e osso (vários dos quais também estão na rede). Pelo menos por enquanto, é como se um aspecto da minha personalidade se relacionasse com um aspecto da personalidade deles. Eu por exemplo sei em detalhes o que o Doug Traversa acha de Evagelion (que o Fernando afirma entender), e sobre o Taliban. Mas não sei se ele é calmo ou agitado, para qual time ele torçe, o que ele gosta de comer, etc., coisas que descobrimos quase sem querer sobre qualquer conhecido casual não-virtual. É uma maneira nova de se relacionar com as pessoas, e acho que ainda não nos demos conta de todas as implicações quando isto deixar de ser a exceçao para se tornar a regra.

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sábado, 4 de novembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
O que ele tem noss bolsosss?

Há quem pense que charadas são domínio exclusivo de vilões de HQs e Hobbits viciados em artefatos mágicos. Indo contra o esteriótipo, alguns anos atrás o Bernardo Esteves me desafiou com uma charada que eu não consegui resolver. Hoje ele postou esta mesma charada no blog dele. E mesmo assim ainda não resolvi a desgraçada! Mas no esforço acabei inventando duas novas charadas, uma delas inspirada diretamente por uma das minhas tentativas fracassada:

Para trás!
Erga-se!
Justifica o perdão? Notável!
(1,3)

Avistei
aquele que anda devagar
mas com ardor.
(1,3)


A regra é simples. Cada linha corresponde à uma palavra, sendo que a terceira é formada pela junção das duas primeiras, cujo número respectivo de sílabas é indicado entre parênteses.

PS: Eu ia postar a mensagem acima no blog do Bernardo, mas quando tentei recebi a seguinte mensagem:

We apologize for the inconvenience, but we are unable to process your request at this time. Our engineers have been notified of this problem and will work to resolve it.

Então tá bom!

SPOILER! O Pedro resolve a 2a charada nos comentários abaixo, e a Juliana (postando como anônimo) resolveu a 1a.

PS2: Resolví a charada do Bernardo! My mission here is now complete...

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sábado, 28 de outubro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
O boletim ML informa:

  • Eu estou indo para BH hoje a noite, para votar e para entregar o presente do meu afilhado (que ainda preciso comprar, incidentalmente). A Ceci tá trabalhando igual doida no Tim Festival, então a visita será ainda mais relâmpago do que o usual. Chego domingo de manhã e saio segunda de manhã.

  • O Gabriel vai ser alpinista quando crescer. Está escalando sofás, cadeiras, tudo que vê pela frente. Analisando de forma puramente objetiva, é impressionante, mas quando você vê seu filho se equilibrando precariamente no topo da cadeira enquanto tenta agarrar a luminária, orgulho paterno é a última coisa que me vem à mente.

  • O Jan Pronk vai voltar ao Sudão, onde deve permanecer até o final do ano

  • O Rafa postou a receita para seus famosos crepes (e Galetes, aparentemente). Pretendo fazer um test drive assim que possível; se eu aguentar talvez até amanhã. Estou pensando em todo tipo de recheio...

  • O governo atual da Coreia do Sul é meio bundão. Não só em relação a Coreia do Norte, que eles evitam a todo custo contrariar, mas também em relação aos americanos e aos chineses, e a próprio oposição doméstica. O Sunshine Roh tenta agradar todo mundo, e acaba não sendo levado a sério por ninguem. Todos os outros paises envolvidos, os EUA, a Coreia do Norte, a China e o Japão, bem ou mal sabem onde querem ir e tem um plano para chegar lá. O governo da CdS parece ter dificuldades para explicar para si mesmo o que está acontecendo, quanto mais formular uma política coerente. Metade dos ministros envolvidos com a politica 'Sunshine' de reaproximação com Pyonyang já renunciou, o presidente Roh tem taxa de aprovação abaixo vinte por cento, e aparentemente espiões norte-coreanos se infiltraram em várias organizações sul-coreana influentes, e chegaram perto de determinar o resultado da eleição para prefeito de Seoul.

  • A Planetary Society, uma ONG (!) tenta levar adiante um projeto de lançar uma vela solar (que usa pressão dos fotons solares e prescinde de combustível).


  • Velas solares tem um enorme potencial para a exploração do sistema solar além da órbita terrestre baixa, mas embora o seu funcionamento em princípio seja muito bem entendido, na prática produzir e desenrolar uma pelicula ultrafina no espaço são extremamente não triviais. Pessoalmente, acho que o grande entrave nas pesquisas espaciais hoje é acesso. Chegar na órbita terrestre baixa já é mais da metade do caminho andado, mas atualmente isto é caro e arriscado, com foguetes químicos que não avançaram muito desde os anos 60. Novas tecnologias, ou mesmo novos paradigmas de lançadores, existem na prancheta, mas só lá. Essencialmente, a ideia é usar o oxigênio da atmosfera (obstando a nescessidade de carrega-lo em tanques) [2], e reduzir o peso dos componentes o suficiente para permitir um veículo que chegue em órbita em um único estágio, e seja reutilizavel. Estas ideias, isoladamente ou em combinação, tem o potencial de reduzir o preço do acesso ao espaço por um fator de 10 ou mais.

    Para além da orbita baixa, existem inúmeras tecnologias promissoras. Além das velas solares, existem motores ionicos (outra tecnologia bem entendido na teoria mas difícil de implementar na prática), e o VASIMIR (que parece nome de figurante do Guerra e Paz, mas que é provavelmente a tecnolgia mais promissora).

    O fato porém é que a NASA e congêneres preferem aplicar seu dinheiro em projetos grandes, complexos e seguros, e não em experimentos pequenos, inovadores mas com grandes chances de dar em nada. Enquanto esta mentalidade permanecer, o espaço vai continuar sendo exclusividade dos Marcos Pontes da vida.

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    quinta-feira, 26 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Uma historia em 6 curtas palavras

    A Wired pediu a vários autores de ficção científica, projetistas de jogos, autores de quadrinhos e outros nerds em geral, que escrevessem historias de seis palavras. A lista completa pode ser encontrada aqui, mas transcrevo algumas das melhores abaixo:

    Machine. Unexpectedly, I’d invented a time <== A minha favorita!
    - Alan Moore

    Computer, did we bring batteries? Computer?
    - Eileen Gunn

    Gown removed carelessly. Head, less so.
    - Joss Whedon

    Internet “wakes up?” Ridicu -
    no carrier.
    - Charles Stross

    It’s behind you! Hurry before it
    - Rockne S. O’Bannon

    I’m dead. I’ve missed you. Kiss … ?
    - Neil Gaiman

    The baby’s blood type? Human, mostly.
    - Orson Scott Card

    Kirby had never eaten toes before.
    - Kevin Smith
    Help! Trapped in a text adventure!
    - Marc Laidlaw

    Por outro lado,

    O Hitchhiker's Guide to the Galaxy, de Douglas Adams, é um dos livros mais divertidos que eu já lí. É também um dos programas de rádio mais divertidos que já ouvi. E agora, é um dos jogos de adventure de texto mais engraçados que já joguei.

    A Infocom, famosa por seus adventures de texto ('>>pick up book' >>'go east'), colaborou com Adams para criar em 1984 o que muitos consideram um dos melhores e mais dificies jogos deste tipo já criados, alguns anos antes do gênero desaparecer frente aos adventures gráficos da Sierra e da Lucasarts. O jogo também era bastante inovador, com uma versão consultável do guia homônimo, com várias sacadas interessantes. Ele usava a interface de texto para de certa maneira trancender as limitações do formato.

    Pois bem, descobri hoje que o HHG2tG também pode jogado no site da BBC, com uma interface ligeiramente gráfica. É difícil, e frustrante. Não só os puzzles são complicados e muitas vezes illógicos (estamos falando de Douglas Adams! O que esperavam, teoremas?!), mas também você morre o tempo todo, e as vezes tem que voltar vários savegames porque esqueceu de pegar algum objeto em uma cena anterior. Lembrem-se que o jogo for feito quando 640K era muito e os dinossauros dominavam a Terra. Interfaces gráficas eram para os fracos, e Monkey Island era ficção científica. Mas vale a pena, nem que seja pelo texto do Adams.

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    terça-feira, 24 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Blogando sobre Darfur

    O enviado da ONU para o Sudão, um holandes chamado Jan Pronk, foi expulso pelo governo de Cartoom após mencionar em seu blog algumas derrotas sofridas pelo exercito Sudanes no norte de Darfur. Atualmente ele está de volta ao pais natal, mas não se sabe ainda se ele vai voltar. O Koffi Anan reafirmou que ele continua sendo o enviado oficial da ONU, a União Africana manifestou pesar, etc.

    O trecho que parece ter motivado a expulsão parece ter sido esse:

    First, the SAF has lost two major battles, last month in Umm Sidir and this week in Karakaya. The losses seem to have been very high. Reports speak about hundreds of casualties in each of the two battles with many wounded and many taken as prisoner. The morale in the Government army in North Darfur has gone down. Some generals have been sacked; soldiers have refused to fight. The Government has responded by directing more troops and equipment from elsewhere to the region and by mobilizing Arab militia. This is a dangerous development. Security Council Resolutions which forbid armed mobilization are being violated. The use of militia with ties with the Janjaweed recalls the events in 2003 and 2004. During that period of the conflict systematic militia attacks, supported or at least allowed by the SAF, led to atrocious crimes. Moreover, a confrontation with Chad is not impossible. It seems that SAF is receiving support from Chadian rebels on Sudanese soil, while the NRF/JEM/G19 coalition is supported by Chadian authorities.

    O post na verdade diz respeito as divisões dos dois lados do conflito. Entre os rebeldes darfurianos, existe uma crescente hostilidade entre os grupos que assinaram o acordo de paz, e aqueles que o rejeitaram; e no governo Sudanes uma facção aparentemente tenta obter uma solução militar para o conflito, e tem violado sistematicamente o acordo.

    O JP tem feito esforços homéricos para vender o peixe do acordo de paz costurado pela ONU e pela União Europeia, e assinado em Abuja, Nigeria, pelo governo central e alguns dos grupos rebeldes. O acordo não é perfeito, mas é a melhor chance para resolver a situação de forma decente. Acordos similares coneguiram acabar com a guerra no sul, e mais recentemente com o conflito no leste do pais (o Sudão teve uma guerra civil por ponto cardeal, se contarmos a insurgencia nas montanhas núbias nos anos 80). Mas os rebeldes estão divididos, e alguns continuam lutando. O governo central assinou o acordo, mas pelo menos uma facção importante não parece ter muita intenção de cumpri-lo. De fato, o governo apoia as milicias janjaweed de forma cada vez mais descarada, ao mesmo tempo em que veta a entrada de novas tropas de paz da ONU ou uma ampliação da missão da União Africana (atualmente com 7000 homens mal equipados para cobrir um território do tamanho do Pará [o estado, não o Astrônomo]), sob o manto do 'anti-imperialismo'. Nas palavras do Pronk:

    "The main thing is that a peace accord was signed in Darfur but the military are trampling all over it and are still trying to gain a military victory," he said.

    "I have been trying constantly over the last months to expose this and this doesn't suit them."

    O fato de Pronk não se comportar como o típico diplomata da ONU que confunde verborragia com ações e trata psicopatas como estadistas*, provavelmente tem mais a ver com a sua expulsão do que a desculpa apresentada.

    Só para terminar o assunto, um recurso importante para saber mais sobre Darfur, e conflitos no Sudao em geral, é o Sudan Watch.

    ___________________
    * Eu tenho em mente o Yasushi Akashi, reincarnação do Neville Chamberlain, que durante a guerra na Bosnia produzia cessar-fogos em série, que não duravam o suficiente para a tinta com que eram escritos secar, mas serviam de desculpa para impedir qualquer ação concreta para impedir atrocidades. Para AA, efetivamente fazer algo ou mesmo criticar maniacos como o Karadzic e o Mladic poderiam atrapalhar um processo de paz místico que só existia na sua cabeça.

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    sexta-feira, 20 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Estrelas e guerrinhas sórdidas

    Este é um daqueles posts meio aleatórios.

    O mundo esteve e está cheio de guerras sanguinárias, mas o interesse que cada uma delas desperta tem pouco a ver com a número de mortes ou a destruição causada. Alguns conflitos são estrelas, com cobertura constante dos paparazzi da reuters. Cada morte é anunciada como um prenuncio do apocalipse, assim como foram as 100 anteriores e serão as 100 seguintes. Reporteres sem folego correm com seus coletes a prova de bala para anunciar os boatos e informação desencontrada que surgem após cada incidente. Sagazes colunistas interpretam os eventos como prova cabal da justeza de suas opiniões, sejam elas quais forem. E guerras verbais de um detalhismo quase barroco são travadas a respeito na internet.

    Outros conflitos trabalham como garçonetes, e deixam curriculos que nunca são lidos na portaria da TV Globo. Alguem se lembra do separatismo na Abkhazia? Guerra em Nagorno-Karabah? A batalha de Badme? A insurgencia montanhesa em Myanmar?

    Mas os conflitos mais frustrantes são aqueles que as vezes arranjam trabalho de figurante, já fizeram uma ponta em um curta, mas que ninguem reconheceria na rua. São guerras sobre as quais o mundo está ciente o suficiente para saber que algo horrivel está acontecendo, mas não preocupado o suficiente para fazer algo a respeito. A guerra no Congo, que começou como uma continuação do genocidio em Ruanda, foi deste tipo. A guerra civil no sul do Sudão foi outro. Ambos terminaram, ou estão dando um tempo, depois de matar mais gente cada que todos os conflitos no Oriente Médio de 1914 até agora. Mas, ei, alguem viu o video da tal Cicarelli? E o Ronaldo tá gordo pacas...

    No Sudão, a guerra civil contra os animistas e cristãos do sul durou décadas e matou de 1 a 3 milhões de pessoas entre 1955 e 2005 (com uma pausa entre 72 e 83). E quase ninguem, seja o Ocidente, a União Africana, a Liga Árabe, ou a China, deu a mínima. No final, uma aliança entre evangelicos e lideranças negras conseguiu fazer o governo americano por pressão nos dois lados por tempo suficiente para que um acordo de paz fosse assinado. Foi provavelmente a única iniciativa decente do governo Bush em matéria de politica externa, mas a guerra no sul acabou.

    A guerra em Darfour começou logo em seguida, mas as tensões subjacentes existem a tempos. A divisão entre ‘negros’ e ‘arabes’, assim como qualquer outra divisao racial, é um artefato cultural, mas o preconceito é bastante real. Os ‘negros’ são tribos de agricultores, e os ‘árabes’ são tribos de pastores. Como o Sahel está se desertificando rapidamente, o conflito por terra e agua vem se intensificando, com o governo central em geral tomando partido das tribos ‘árabes’. De modo mais geral, as minorias no Sudão sempre ficaram de fora da divisão dos espolios em Cartoom (chamar aquilo de governo é muita caridade), mas as coisas pioraram muito desde que o Bashir e co. tomaram o poder, e começaram com a lenga lenga salafista. Quando ficou claro que Darfour seria excluido do acordo de repartir a renda do petroleo entre norte e sul (o petroleo fica quase todo no sul), os rebeldes atacaram. A resposta do governo foi armar milicias arabes (os Janjaweed), e apoia-las com logistica e helicopteros de ataque. O numero de mortos é dificil de determinar com certeza, estimativas vão até 400.000, com 2 milhões de refugiados, internamente ou no Chad. Mas, novamente, ninguem dá a mínima.

    Darfur é um dos cantos menos estratégicos do planeta. O governo Sudanês tem cooperado com os EUA desde que expulsou o Bin Laden em 1998, a China explora o petroleo Sudanes, em troca de armas e cobertura diplomatica, e a Russia (assim como a China) acredita no direito soberano de cada pais de massacrar o próprio povo. Para a esquerda engajada um conflito que não envolva os americanos não conta, então não esperem grandes passeatas. Também não esperem protestos furiosos na liga árabe, porque o massacre de milhares de muçulmanos em um dos paises-membro só é significativo se cometido por judeus ou ocidentais.

    No final da conta, Darfur não importa para quase ninguem, e quase ninguem se importa com Darfur. As razões são bastante obvias, mas as desculpas apresentadas são muito criativas.

    UPDATE: Nem todo mundo.

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    domingo, 15 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Mesa posta


    Na foto acima estão os pratos do jantar ao qual me referi no post anterior. Embaixo estão os tomates recheados e a esquerda o salmão com crosta de queijo de cabra (ambos descritos neste post; não usei boursin dessa vez, para alívio do Rafa), em cima o coelho cozido a lá Cury (veja abaixo), e a direita o arroz de alho da Tia Miriam.

    Quando postei a receita do salmão, o Rafael protestou, indignado com o uso do queijo boursin. Ele também mandou a receita do coelho, que reproduzo abaixo. Segui-a com algumas modificações. A mais importante foi o uso de um vinho tinto, e a adição de aipo e cenouras em cubinhos. Também usei urucum, porque o arroz já levava açafrão.


    Coelho com molho acido a moda Cury

    1 coelho
    Bem, tudo comeca em ter que comprar um coelho decente.
    A carne tem que ser macia mas nem tanto. Tem gente que
    prefere nesta receita utilizar galinha mas o sabor do
    coelho (e os ossos e tal) e' completamente diferente.
    Nao sei onde e' que voce pode comprar coelho mas
    acredito que numa metropole como o Rio de Janeiro deve
    haver um lugar que te venda um coelho descente.
    Desnecessario dizer que o animal deve estar morto,
    limpo, despelado, destripado, descabecado e de
    preferencia, ja' cortado em pedacos grandes (patas,
    tronco, peito, etc.)
    Assim que chegar em casa, lavar bem os pedacos,
    colocar num recipiente, introduzir 300 cl de vinho
    branco seco e dois cravos da india - deixar repousando
    umas 4 horas no refrigerador). Se a carne estiver
    dura, pique com um garfo para que o vinho penetre bem
    na carne. Atencao, o vinho nao precisa ser fantastico
    e carissimo mas tambem se for para colocar porcaria,
    melhor entao nao marinar a carne e utiliza-la tal
    qual.

    4 cebolas

    Aprendi aqui na França que existem diversas variedades
    de cebola, segundo o prato que a gente quer fazer. A
    cebola BRANCA, ela e' grande (do tamanho de uma manga
    pequena) e excelente para salada, pois nao e' acida e
    e' bem crocante. A cebola amarela pode ser grande
    (excelente para cozidos, sopas e afins) ou pequena
    (excelente para assados).
    A cebola roxa so' serve para molhos frios de peixe
    (nao encontrei outra utilidade ja' que o sabor e'
    muito pronunciado).... PAra a receita, a cebola
    amarela e' a melhor, mas tem gente que prefere
    utilizar echalottes. Alias, nem sei se tem echalottes
    no Brasil.

    4 dentes de alho (nao esqueca de tirar o germe que e'
    indigesto e deixa um sabor muito desagradavel na
    comida)

    1 limao (e' molho acido, uai). E' claro, aqui eu
    utilizo o limao amarelo mas eu tenho certeza que o
    limao verde ordinario vai ser fantastico na receita. o
    lance e' poder adaptar, nao e' mesmo...

    50 g de algum tipo de gordura (Se voce quer fazer uma
    receita mais mediterranea, o lance e' utilizar azeite
    de oliva 1.5 de acidez/ se o lance e' dar um toque
    mais asiatico, voce pode utilizar o fabuloso azeite de
    amendoim/ se a coisa esta' mais para prato do tipo
    frances, voce pode utilizar manteiga clarificada para
    nao queimar).

    Sal (Normalmente, o melhor e' o sal marinho moido no
    momento. Senao, um sal de ervas ou entao o tal sal
    roseo do himalaia e' fantastico)

    1/2 colher de cafe' de gengibre fresco ralado ou entao
    a mesma medida do gengibre em po'. O fresco ralado e'
    menos forte do que o em po', que e' mais concentrado.
    Vai de gosto. Quanto mais gengibre, mais asiatico o
    prato fica...

    1/2 colher de cafe' de cominho seco

    1 canela em pau (se nao tiver, nao ponha canela
    ralada, que nao da' o mesmo efeito)

    2g de açafrao (bem, na verdade isso aqui e' para dar
    cor mesmo ja' que o verdadeiro acafrao e' muito caro.
    Ou seja, umas 2 gs de colorau tambem vao fazer a
    festa.)
    1 maço pequeno de salsinha

    1 maço pequeno de cebolinha

    1 maço pequeno de coentro

    2 folhas de louro

    Caldo de galinha o suficiente para regar (2 cubos p/ 1
    litro - de preferencia, um caldo de galinha sem
    frescuras)

    O modo de preparo:

    Picar a cebola em cubinhos, esmagar o alho e macerar
    num gral com pistilo a cebolinha, a salsinha e o
    coentro. Colocar numa panela grande a substancia
    gordurosa e assim que esta estiver quente, colocar o
    coelho em pedacos escorrido. Va' virando os pedacos
    ate' que estes estejam dourados. Quando estiverem
    dourados, colocar a cebola em cubinhos, seguida do
    gengibre, do cominho, da canela, do alho esmagado e de
    300 ml de caldo de galinha. Voce pode utilizar o vinho
    da marinada para dissolver o caldo de galinha tambem.
    Corrija o sal e de repente, se for do gosto, a
    pimenta. Esse e' normalmente o momento de tirar tudo e
    colocar na tal da tajine. Mas o lance funciona tambem
    num WOK sem problemas. Deixe cozinhando uns 30
    minutos, com o WOK semi-aberto. Adcione se necessario
    o caldo de galinha para o molho nao secar.
    No final do cozimento (a carne tem que estar bem macia
    mas nao despregando do osso), coloque entao o
    coentro/cebolinha/salsinha e o suco de meio limao. E'
    importante coloca-los no final para que as ervas nao
    percam o sabor e nao fiquem horas cozinhando e que o
    limao tambem nao cozinhe muito, senao fica muito
    acido.

    Normalmente se come com cuscus mas voce pode fazer com
    um arroz branco que fica muito bom tambem.

    Dica: essa e' para aqueles que gostam de miudos: os
    coelhos aqui sao vendidos com o figado. Ha' quem goste
    de colocar o figado cozinhando no molho, para dar
    sabor. Eu acho um nojo mas isso vai de gosto. Pode ser
    que fique bom.

    Todas as variantes sao bem aceitas: voce pode colocar
    pimentoes em cubo, tomates em cubo tambem ou entao ao
    inves de marinar o coelho, pincela-lo com massa de
    tomate.

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