sábado, 28 de outubro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
O boletim ML informa:

  • Eu estou indo para BH hoje a noite, para votar e para entregar o presente do meu afilhado (que ainda preciso comprar, incidentalmente). A Ceci tá trabalhando igual doida no Tim Festival, então a visita será ainda mais relâmpago do que o usual. Chego domingo de manhã e saio segunda de manhã.

  • O Gabriel vai ser alpinista quando crescer. Está escalando sofás, cadeiras, tudo que vê pela frente. Analisando de forma puramente objetiva, é impressionante, mas quando você vê seu filho se equilibrando precariamente no topo da cadeira enquanto tenta agarrar a luminária, orgulho paterno é a última coisa que me vem à mente.

  • O Jan Pronk vai voltar ao Sudão, onde deve permanecer até o final do ano

  • O Rafa postou a receita para seus famosos crepes (e Galetes, aparentemente). Pretendo fazer um test drive assim que possível; se eu aguentar talvez até amanhã. Estou pensando em todo tipo de recheio...

  • O governo atual da Coreia do Sul é meio bundão. Não só em relação a Coreia do Norte, que eles evitam a todo custo contrariar, mas também em relação aos americanos e aos chineses, e a próprio oposição doméstica. O Sunshine Roh tenta agradar todo mundo, e acaba não sendo levado a sério por ninguem. Todos os outros paises envolvidos, os EUA, a Coreia do Norte, a China e o Japão, bem ou mal sabem onde querem ir e tem um plano para chegar lá. O governo da CdS parece ter dificuldades para explicar para si mesmo o que está acontecendo, quanto mais formular uma política coerente. Metade dos ministros envolvidos com a politica 'Sunshine' de reaproximação com Pyonyang já renunciou, o presidente Roh tem taxa de aprovação abaixo vinte por cento, e aparentemente espiões norte-coreanos se infiltraram em várias organizações sul-coreana influentes, e chegaram perto de determinar o resultado da eleição para prefeito de Seoul.

  • A Planetary Society, uma ONG (!) tenta levar adiante um projeto de lançar uma vela solar (que usa pressão dos fotons solares e prescinde de combustível).


  • Velas solares tem um enorme potencial para a exploração do sistema solar além da órbita terrestre baixa, mas embora o seu funcionamento em princípio seja muito bem entendido, na prática produzir e desenrolar uma pelicula ultrafina no espaço são extremamente não triviais. Pessoalmente, acho que o grande entrave nas pesquisas espaciais hoje é acesso. Chegar na órbita terrestre baixa já é mais da metade do caminho andado, mas atualmente isto é caro e arriscado, com foguetes químicos que não avançaram muito desde os anos 60. Novas tecnologias, ou mesmo novos paradigmas de lançadores, existem na prancheta, mas só lá. Essencialmente, a ideia é usar o oxigênio da atmosfera (obstando a nescessidade de carrega-lo em tanques) [2], e reduzir o peso dos componentes o suficiente para permitir um veículo que chegue em órbita em um único estágio, e seja reutilizavel. Estas ideias, isoladamente ou em combinação, tem o potencial de reduzir o preço do acesso ao espaço por um fator de 10 ou mais.

    Para além da orbita baixa, existem inúmeras tecnologias promissoras. Além das velas solares, existem motores ionicos (outra tecnologia bem entendido na teoria mas difícil de implementar na prática), e o VASIMIR (que parece nome de figurante do Guerra e Paz, mas que é provavelmente a tecnolgia mais promissora).

    O fato porém é que a NASA e congêneres preferem aplicar seu dinheiro em projetos grandes, complexos e seguros, e não em experimentos pequenos, inovadores mas com grandes chances de dar em nada. Enquanto esta mentalidade permanecer, o espaço vai continuar sendo exclusividade dos Marcos Pontes da vida.

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    quinta-feira, 26 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Uma historia em 6 curtas palavras

    A Wired pediu a vários autores de ficção científica, projetistas de jogos, autores de quadrinhos e outros nerds em geral, que escrevessem historias de seis palavras. A lista completa pode ser encontrada aqui, mas transcrevo algumas das melhores abaixo:

    Machine. Unexpectedly, I’d invented a time <== A minha favorita!
    - Alan Moore

    Computer, did we bring batteries? Computer?
    - Eileen Gunn

    Gown removed carelessly. Head, less so.
    - Joss Whedon

    Internet “wakes up?” Ridicu -
    no carrier.
    - Charles Stross

    It’s behind you! Hurry before it
    - Rockne S. O’Bannon

    I’m dead. I’ve missed you. Kiss … ?
    - Neil Gaiman

    The baby’s blood type? Human, mostly.
    - Orson Scott Card

    Kirby had never eaten toes before.
    - Kevin Smith
    Help! Trapped in a text adventure!
    - Marc Laidlaw

    Por outro lado,

    O Hitchhiker's Guide to the Galaxy, de Douglas Adams, é um dos livros mais divertidos que eu já lí. É também um dos programas de rádio mais divertidos que já ouvi. E agora, é um dos jogos de adventure de texto mais engraçados que já joguei.

    A Infocom, famosa por seus adventures de texto ('>>pick up book' >>'go east'), colaborou com Adams para criar em 1984 o que muitos consideram um dos melhores e mais dificies jogos deste tipo já criados, alguns anos antes do gênero desaparecer frente aos adventures gráficos da Sierra e da Lucasarts. O jogo também era bastante inovador, com uma versão consultável do guia homônimo, com várias sacadas interessantes. Ele usava a interface de texto para de certa maneira trancender as limitações do formato.

    Pois bem, descobri hoje que o HHG2tG também pode jogado no site da BBC, com uma interface ligeiramente gráfica. É difícil, e frustrante. Não só os puzzles são complicados e muitas vezes illógicos (estamos falando de Douglas Adams! O que esperavam, teoremas?!), mas também você morre o tempo todo, e as vezes tem que voltar vários savegames porque esqueceu de pegar algum objeto em uma cena anterior. Lembrem-se que o jogo for feito quando 640K era muito e os dinossauros dominavam a Terra. Interfaces gráficas eram para os fracos, e Monkey Island era ficção científica. Mas vale a pena, nem que seja pelo texto do Adams.

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    terça-feira, 24 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Blogando sobre Darfur

    O enviado da ONU para o Sudão, um holandes chamado Jan Pronk, foi expulso pelo governo de Cartoom após mencionar em seu blog algumas derrotas sofridas pelo exercito Sudanes no norte de Darfur. Atualmente ele está de volta ao pais natal, mas não se sabe ainda se ele vai voltar. O Koffi Anan reafirmou que ele continua sendo o enviado oficial da ONU, a União Africana manifestou pesar, etc.

    O trecho que parece ter motivado a expulsão parece ter sido esse:

    First, the SAF has lost two major battles, last month in Umm Sidir and this week in Karakaya. The losses seem to have been very high. Reports speak about hundreds of casualties in each of the two battles with many wounded and many taken as prisoner. The morale in the Government army in North Darfur has gone down. Some generals have been sacked; soldiers have refused to fight. The Government has responded by directing more troops and equipment from elsewhere to the region and by mobilizing Arab militia. This is a dangerous development. Security Council Resolutions which forbid armed mobilization are being violated. The use of militia with ties with the Janjaweed recalls the events in 2003 and 2004. During that period of the conflict systematic militia attacks, supported or at least allowed by the SAF, led to atrocious crimes. Moreover, a confrontation with Chad is not impossible. It seems that SAF is receiving support from Chadian rebels on Sudanese soil, while the NRF/JEM/G19 coalition is supported by Chadian authorities.

    O post na verdade diz respeito as divisões dos dois lados do conflito. Entre os rebeldes darfurianos, existe uma crescente hostilidade entre os grupos que assinaram o acordo de paz, e aqueles que o rejeitaram; e no governo Sudanes uma facção aparentemente tenta obter uma solução militar para o conflito, e tem violado sistematicamente o acordo.

    O JP tem feito esforços homéricos para vender o peixe do acordo de paz costurado pela ONU e pela União Europeia, e assinado em Abuja, Nigeria, pelo governo central e alguns dos grupos rebeldes. O acordo não é perfeito, mas é a melhor chance para resolver a situação de forma decente. Acordos similares coneguiram acabar com a guerra no sul, e mais recentemente com o conflito no leste do pais (o Sudão teve uma guerra civil por ponto cardeal, se contarmos a insurgencia nas montanhas núbias nos anos 80). Mas os rebeldes estão divididos, e alguns continuam lutando. O governo central assinou o acordo, mas pelo menos uma facção importante não parece ter muita intenção de cumpri-lo. De fato, o governo apoia as milicias janjaweed de forma cada vez mais descarada, ao mesmo tempo em que veta a entrada de novas tropas de paz da ONU ou uma ampliação da missão da União Africana (atualmente com 7000 homens mal equipados para cobrir um território do tamanho do Pará [o estado, não o Astrônomo]), sob o manto do 'anti-imperialismo'. Nas palavras do Pronk:

    "The main thing is that a peace accord was signed in Darfur but the military are trampling all over it and are still trying to gain a military victory," he said.

    "I have been trying constantly over the last months to expose this and this doesn't suit them."

    O fato de Pronk não se comportar como o típico diplomata da ONU que confunde verborragia com ações e trata psicopatas como estadistas*, provavelmente tem mais a ver com a sua expulsão do que a desculpa apresentada.

    Só para terminar o assunto, um recurso importante para saber mais sobre Darfur, e conflitos no Sudao em geral, é o Sudan Watch.

    ___________________
    * Eu tenho em mente o Yasushi Akashi, reincarnação do Neville Chamberlain, que durante a guerra na Bosnia produzia cessar-fogos em série, que não duravam o suficiente para a tinta com que eram escritos secar, mas serviam de desculpa para impedir qualquer ação concreta para impedir atrocidades. Para AA, efetivamente fazer algo ou mesmo criticar maniacos como o Karadzic e o Mladic poderiam atrapalhar um processo de paz místico que só existia na sua cabeça.

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    sexta-feira, 20 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Estrelas e guerrinhas sórdidas

    Este é um daqueles posts meio aleatórios.

    O mundo esteve e está cheio de guerras sanguinárias, mas o interesse que cada uma delas desperta tem pouco a ver com a número de mortes ou a destruição causada. Alguns conflitos são estrelas, com cobertura constante dos paparazzi da reuters. Cada morte é anunciada como um prenuncio do apocalipse, assim como foram as 100 anteriores e serão as 100 seguintes. Reporteres sem folego correm com seus coletes a prova de bala para anunciar os boatos e informação desencontrada que surgem após cada incidente. Sagazes colunistas interpretam os eventos como prova cabal da justeza de suas opiniões, sejam elas quais forem. E guerras verbais de um detalhismo quase barroco são travadas a respeito na internet.

    Outros conflitos trabalham como garçonetes, e deixam curriculos que nunca são lidos na portaria da TV Globo. Alguem se lembra do separatismo na Abkhazia? Guerra em Nagorno-Karabah? A batalha de Badme? A insurgencia montanhesa em Myanmar?

    Mas os conflitos mais frustrantes são aqueles que as vezes arranjam trabalho de figurante, já fizeram uma ponta em um curta, mas que ninguem reconheceria na rua. São guerras sobre as quais o mundo está ciente o suficiente para saber que algo horrivel está acontecendo, mas não preocupado o suficiente para fazer algo a respeito. A guerra no Congo, que começou como uma continuação do genocidio em Ruanda, foi deste tipo. A guerra civil no sul do Sudão foi outro. Ambos terminaram, ou estão dando um tempo, depois de matar mais gente cada que todos os conflitos no Oriente Médio de 1914 até agora. Mas, ei, alguem viu o video da tal Cicarelli? E o Ronaldo tá gordo pacas...

    No Sudão, a guerra civil contra os animistas e cristãos do sul durou décadas e matou de 1 a 3 milhões de pessoas entre 1955 e 2005 (com uma pausa entre 72 e 83). E quase ninguem, seja o Ocidente, a União Africana, a Liga Árabe, ou a China, deu a mínima. No final, uma aliança entre evangelicos e lideranças negras conseguiu fazer o governo americano por pressão nos dois lados por tempo suficiente para que um acordo de paz fosse assinado. Foi provavelmente a única iniciativa decente do governo Bush em matéria de politica externa, mas a guerra no sul acabou.

    A guerra em Darfour começou logo em seguida, mas as tensões subjacentes existem a tempos. A divisão entre ‘negros’ e ‘arabes’, assim como qualquer outra divisao racial, é um artefato cultural, mas o preconceito é bastante real. Os ‘negros’ são tribos de agricultores, e os ‘árabes’ são tribos de pastores. Como o Sahel está se desertificando rapidamente, o conflito por terra e agua vem se intensificando, com o governo central em geral tomando partido das tribos ‘árabes’. De modo mais geral, as minorias no Sudão sempre ficaram de fora da divisão dos espolios em Cartoom (chamar aquilo de governo é muita caridade), mas as coisas pioraram muito desde que o Bashir e co. tomaram o poder, e começaram com a lenga lenga salafista. Quando ficou claro que Darfour seria excluido do acordo de repartir a renda do petroleo entre norte e sul (o petroleo fica quase todo no sul), os rebeldes atacaram. A resposta do governo foi armar milicias arabes (os Janjaweed), e apoia-las com logistica e helicopteros de ataque. O numero de mortos é dificil de determinar com certeza, estimativas vão até 400.000, com 2 milhões de refugiados, internamente ou no Chad. Mas, novamente, ninguem dá a mínima.

    Darfur é um dos cantos menos estratégicos do planeta. O governo Sudanês tem cooperado com os EUA desde que expulsou o Bin Laden em 1998, a China explora o petroleo Sudanes, em troca de armas e cobertura diplomatica, e a Russia (assim como a China) acredita no direito soberano de cada pais de massacrar o próprio povo. Para a esquerda engajada um conflito que não envolva os americanos não conta, então não esperem grandes passeatas. Também não esperem protestos furiosos na liga árabe, porque o massacre de milhares de muçulmanos em um dos paises-membro só é significativo se cometido por judeus ou ocidentais.

    No final da conta, Darfur não importa para quase ninguem, e quase ninguem se importa com Darfur. As razões são bastante obvias, mas as desculpas apresentadas são muito criativas.

    UPDATE: Nem todo mundo.

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    domingo, 15 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Mesa posta


    Na foto acima estão os pratos do jantar ao qual me referi no post anterior. Embaixo estão os tomates recheados e a esquerda o salmão com crosta de queijo de cabra (ambos descritos neste post; não usei boursin dessa vez, para alívio do Rafa), em cima o coelho cozido a lá Cury (veja abaixo), e a direita o arroz de alho da Tia Miriam.

    Quando postei a receita do salmão, o Rafael protestou, indignado com o uso do queijo boursin. Ele também mandou a receita do coelho, que reproduzo abaixo. Segui-a com algumas modificações. A mais importante foi o uso de um vinho tinto, e a adição de aipo e cenouras em cubinhos. Também usei urucum, porque o arroz já levava açafrão.


    Coelho com molho acido a moda Cury

    1 coelho
    Bem, tudo comeca em ter que comprar um coelho decente.
    A carne tem que ser macia mas nem tanto. Tem gente que
    prefere nesta receita utilizar galinha mas o sabor do
    coelho (e os ossos e tal) e' completamente diferente.
    Nao sei onde e' que voce pode comprar coelho mas
    acredito que numa metropole como o Rio de Janeiro deve
    haver um lugar que te venda um coelho descente.
    Desnecessario dizer que o animal deve estar morto,
    limpo, despelado, destripado, descabecado e de
    preferencia, ja' cortado em pedacos grandes (patas,
    tronco, peito, etc.)
    Assim que chegar em casa, lavar bem os pedacos,
    colocar num recipiente, introduzir 300 cl de vinho
    branco seco e dois cravos da india - deixar repousando
    umas 4 horas no refrigerador). Se a carne estiver
    dura, pique com um garfo para que o vinho penetre bem
    na carne. Atencao, o vinho nao precisa ser fantastico
    e carissimo mas tambem se for para colocar porcaria,
    melhor entao nao marinar a carne e utiliza-la tal
    qual.

    4 cebolas

    Aprendi aqui na França que existem diversas variedades
    de cebola, segundo o prato que a gente quer fazer. A
    cebola BRANCA, ela e' grande (do tamanho de uma manga
    pequena) e excelente para salada, pois nao e' acida e
    e' bem crocante. A cebola amarela pode ser grande
    (excelente para cozidos, sopas e afins) ou pequena
    (excelente para assados).
    A cebola roxa so' serve para molhos frios de peixe
    (nao encontrei outra utilidade ja' que o sabor e'
    muito pronunciado).... PAra a receita, a cebola
    amarela e' a melhor, mas tem gente que prefere
    utilizar echalottes. Alias, nem sei se tem echalottes
    no Brasil.

    4 dentes de alho (nao esqueca de tirar o germe que e'
    indigesto e deixa um sabor muito desagradavel na
    comida)

    1 limao (e' molho acido, uai). E' claro, aqui eu
    utilizo o limao amarelo mas eu tenho certeza que o
    limao verde ordinario vai ser fantastico na receita. o
    lance e' poder adaptar, nao e' mesmo...

    50 g de algum tipo de gordura (Se voce quer fazer uma
    receita mais mediterranea, o lance e' utilizar azeite
    de oliva 1.5 de acidez/ se o lance e' dar um toque
    mais asiatico, voce pode utilizar o fabuloso azeite de
    amendoim/ se a coisa esta' mais para prato do tipo
    frances, voce pode utilizar manteiga clarificada para
    nao queimar).

    Sal (Normalmente, o melhor e' o sal marinho moido no
    momento. Senao, um sal de ervas ou entao o tal sal
    roseo do himalaia e' fantastico)

    1/2 colher de cafe' de gengibre fresco ralado ou entao
    a mesma medida do gengibre em po'. O fresco ralado e'
    menos forte do que o em po', que e' mais concentrado.
    Vai de gosto. Quanto mais gengibre, mais asiatico o
    prato fica...

    1/2 colher de cafe' de cominho seco

    1 canela em pau (se nao tiver, nao ponha canela
    ralada, que nao da' o mesmo efeito)

    2g de açafrao (bem, na verdade isso aqui e' para dar
    cor mesmo ja' que o verdadeiro acafrao e' muito caro.
    Ou seja, umas 2 gs de colorau tambem vao fazer a
    festa.)
    1 maço pequeno de salsinha

    1 maço pequeno de cebolinha

    1 maço pequeno de coentro

    2 folhas de louro

    Caldo de galinha o suficiente para regar (2 cubos p/ 1
    litro - de preferencia, um caldo de galinha sem
    frescuras)

    O modo de preparo:

    Picar a cebola em cubinhos, esmagar o alho e macerar
    num gral com pistilo a cebolinha, a salsinha e o
    coentro. Colocar numa panela grande a substancia
    gordurosa e assim que esta estiver quente, colocar o
    coelho em pedacos escorrido. Va' virando os pedacos
    ate' que estes estejam dourados. Quando estiverem
    dourados, colocar a cebola em cubinhos, seguida do
    gengibre, do cominho, da canela, do alho esmagado e de
    300 ml de caldo de galinha. Voce pode utilizar o vinho
    da marinada para dissolver o caldo de galinha tambem.
    Corrija o sal e de repente, se for do gosto, a
    pimenta. Esse e' normalmente o momento de tirar tudo e
    colocar na tal da tajine. Mas o lance funciona tambem
    num WOK sem problemas. Deixe cozinhando uns 30
    minutos, com o WOK semi-aberto. Adcione se necessario
    o caldo de galinha para o molho nao secar.
    No final do cozimento (a carne tem que estar bem macia
    mas nao despregando do osso), coloque entao o
    coentro/cebolinha/salsinha e o suco de meio limao. E'
    importante coloca-los no final para que as ervas nao
    percam o sabor e nao fiquem horas cozinhando e que o
    limao tambem nao cozinhe muito, senao fica muito
    acido.

    Normalmente se come com cuscus mas voce pode fazer com
    um arroz branco que fica muito bom tambem.

    Dica: essa e' para aqueles que gostam de miudos: os
    coelhos aqui sao vendidos com o figado. Ha' quem goste
    de colocar o figado cozinhando no molho, para dar
    sabor. Eu acho um nojo mas isso vai de gosto. Pode ser
    que fique bom.

    Todas as variantes sao bem aceitas: voce pode colocar
    pimentoes em cubo, tomates em cubo tambem ou entao ao
    inves de marinar o coelho, pincela-lo com massa de
    tomate.

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    sexta-feira, 13 de outubro de 2006

    Casa, BH
    Sob fogo cerrado


    Acabo de descobrir. Pinhões explodem.

    Querendo poupar o tempo de ferver agua para cozinha-los, coloquei no microondas os pinhões sobreviventes do jantar que fiz para o Bruno Gottlieb, a Tamara, a Nê e o Kazam. Estava pegando a coca na geladeira quando começei a ouvir um assovio estranho vindo do microondas, seguido de um verdadeiro tiroteio.

    Fiquei olhando fascinado, vendo as grossas cascas inflando até se arredondarem, para então explodir com um estrondo. Somente várias detonações depois me lembrei que o objetivo inicial dos pinhões era alimentar, e não entreter. Desliguei o microondas, e fui ver o resultado. Em metade deles as cascas tinham se partido com uma concha, e o cerne tinha literalmente virado uma pipoca. Bizarro, mas surprendentemente edificante...

    Passei a respeitar mais os pinhões. Eles podem ser comprados a um real o quilo na beira da estrada, ao contrario dos seus esnobes primos italianos, os pinoles; mas são obviamente cheios de surpresas.

    Deus nos ajude se Kim Jong Il por as mão em alguns desses...

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    domingo, 8 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Brainjuice


    Eu conheci a Suzana, minha amiga neurocientista, no Candogueiro, uma roda de samba em Niteroi. Enquanto o Bernardo, a Carla, a Ceci e nossas hospedes francesas aproveitavam a cerveja e a música, eu e a Su berravamos animadamente um com o outro, eu explicando como o universo poderia ter uma topologia não trivial dobrando guardanapos em faixas de Möbius, ela me contando como fazia sucos de cérebro de várias especies de roedores para poder contar o número de neurônios e glia*

    Com o tempo, ela foi ficando muito amiga nossa (sim, somos capazes de discutir outros assuntos). E quando a Ceci não estava por perto, ou as vezes quando estava, continuavamos a falar de sucos de cérebro.

    Simplificando bastante (afinal o neurocientista não sou eu), o cerebro e suas várias estruturas são formados por dois tipos de células: os neurônios, que se interconectam para processar e transmitir informação, e as glia, que provêem os neuronios com suporte físico e serviços gerais de vários tipos. A Su inventou um método para fazer o tal suco de cérebro, e contar (por amostragem) quantos neurônios e quantas glias existem em cada pedaço dele. Ela descobriu que para os roedores adultos (que vão desde um musaranho do tamanho de um dedo até uma capivara), a massa de cada estrutura cerebral (cortex, cerebelo e a rapa) é proporcional ao numero de ambos os tipos de célula elevado a um expoente.

    Leis de potencia são interessantes, entre outras razões, porque não tem um comprimento característico, são invariantes por escala. Obviamente cérebros não tem tamanho arbitrário, mas o que este resultado sugere é que todos os cérebros seguem uma mesma receita, que depende só do seu tamanho.

    Conversa vai, conversa vem, e combinei de dar uma olhada nos dados dela. De uma olhada começei a fazer umas contas, das contas a tirar conclusões, e um dia me surprendi como colaborador no trabalho...

    O meu problema era o seguinte: Sabiamos como o numero de celulas de cada tipo variava com o tamanho do cérebro, mas não havia maneira confiavel de saber o que acontecia com a massa média individual de tais células. Será que dava para calcular estes valores teoricamente, usando as leis de potência já conhecidas? No final das contas, descobri que sim, se assumisse (o que é bastante razoável) que as massas médias seguiam algum tipo de lei de potência também. É uma conta simples, mas as conclusões são interessantes. Em primeiro lugar, a massa média dos neurônios cresce muito quando o cérebro aumenta de tamanho, enquanto a massa média das glia permanece quase constante. Além disso, a razão entre as massas totais de células neuronais e não neuronais permanece fixa em cerebros (de roedores!) de qualquer tamanho. Isto indica que um neurônio em um cérebro grande faz muito mais coisas que seus provincianos colegas habitantes de cerebrinhos; para um glia por outro lado, pouco importa em que tipo de cérebro ela vive; elas parecem servir como uma especie de andaime, cada uma sendo responsável por uma quantidade quase fixa de massa neuronal.

    No final, de colaborador virei co-autor da Su e do Roberto Lent, em um artigo na PNAS. Como toda pesquisa interessante, o trabalho deu origem a muito mais perguntas do que respondeu. A Su já começou a trabalhar com cérebros de primatas. Eu quero entender como varia o comprimento dos axônios, e qual a contrinuição deles para a massa neuronal, mas tenho que terminar minha tese (lembra dela?) antes. Tem muita coisa ainda para estudar; o objetivo da Suzana é descobrir a receita de bolo para construir um cérebro mamifero. A minha função é calcular exatamente quantas xícaras de farinha e quantos ovos serão precisos para isso.
    _________________
    * Simplificando um pouco. Células não-neuronais, para ser mais preciso.

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    quarta-feira, 4 de outubro de 2006

    Casa, Rio de Janeiro
    Serrado vivo na terra dos sanguessugas

    Os quatro cidadãos do post anterior querem ir ou ficar em Brasília. Eu, muito sábio, já fui antes para um reconhecimento. Sugiro a eles que mudem de ideia, Brasília tem seus atrativos mas o Rio é mais agradável.

    Em 2000 fui com vários dos meus colegas da física UFMG para a reunião da SBPC em Brasília. Em 2006, por acidente, encontrei as fotos que tirei na época, incluindo a que agora figura no cabeçalho deste blog. Pois é, as vezes eu fico perdido.

    Para não perder a viagem, posto aqui algumas outras:



    O edificio ao fundo foi tomado por uma infestação de zumbis sanguesugas. Na foto, os únicos sobreviventes escapam momentos antes do edifício ser incinerado por uma explosão nuclear




    Após comprar minha passagem, fiquei com preguiça de voltar a pé da rodoviária até o hotel, e peguei carona com estes catadores de papel. Sério!




    O Marcelo Mancebo foi serrado vivo por uma horda de zumbis famintos




    Einstein estava errado. Pelo menos é o que dizia a figura que perambulava pela universidade com a prova impressa em um pano




    Jurassic Park




    O povo todo na UNB




    Como eu disse, as vezes eu me perco...


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