sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Estou postando literalmente da minha janela, que é o unico lugar que pega bem o WiFi da 'claudinha' (o meu vizinho de baixo ainda não ligou o WiFi dele, tô quase batendo na porta para reclamar).

Estamos indo hoje para BH, onde ficaremos até o nascimento do Gabriel e além. Depois posto mais que a Ceci já esta chamando para ir embora.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Casa, Rio de Janeiro - Lobo Solitario


lwc_cart
Originally uploaded by wronski.
Um comentario rápido: Eu e a Ceci estamos procurando um carrinho para o Gabriel. Depois de muito pensar, decidi que é este que eu quero.

Em vista da temática niponica, eu me pergunto: Porque não podemos todos usar kimonos? A algumas semanas estive em BH para o casamento do Alastair. Foi muito legal encontrar todos os meus amigos deste ramo da minha vida sob o mesmo teto. A única tristeza foi que pela primeira (e espero última) vez na minha vida tive que usar um terno.

A Ceci já postou as fotos no flog dela, depois eu posto aqui com comentários adicionais.

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quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Casa do Fernando, São Paulo

Vim aqui para Sampa para conhecer o filho do Alexandre (irmão da Ceci), que acabou de nascer. Cheguei aqui ontem e tirei o Fernando da cama as 7 da matina. Fomos para FNAC olhar uns laptops, e depois fui para o hospital. Que fica no Morumbi, do outro lado da cidade... E era feriado...

Eu poderia pegar um onibus, mas não sabia qual, e se eu me perdesse seria dificil retornar a civilização. A melhor opção era ir de metrô. Simples, é só:

Pegar o metro em Triannon-Masp até Paraiso - baldear -
metrô Paraiso - Sé - baldear -
metrô Sé - Barra funda - baldear para o trem urbano-
trem Barra funda - Pres. Altino - baldear
trem Pres. Altino - Morumbi

Trivial.

Nunca tinha andado de trem aqui em SP, foi interessante extravasar o meu Paul Theroux suburbano. Passei pelas favelas mais fudidas que já vi na vida, uns barracos de papelão, compensado e lona que iriam abaixo com um chute ou um vento mais forte. Como estamos no Brasil, os barracos acabam de um lado da linha de trem, e o próspero e agradavel bairro do Morumbi começa do outro.

Talvez devido ao dia das crianças, várias delas faziam bagunça em graus variados nos vagões. Mas eram os vendedores ambulantes que corriam e gritavam pelos corredores

...Halls branco legitimo pastilha de gengibre para gripe e gominhas de cabelo para sua jujuba 5 por um real abre automaticamente o guarda chuva com blip blip bonequinhos musicais cuide de sua higiene com a escova de dente mata barata mata formiga...
A opereta do comercio ambulante só durou 2 ou 3 estações, depois voltei a ler meu livro e olhar a paisagem.

Cheguei no hospital, apesar de tudo, e fui visitar meu sobrinho, aka João. Ele é muito pequeno, muito vermelho, e não vem com manual de instruções. Não sei o que ele achou de 12 manés babando (figurativamente falando) em volta. Nada, suponho, já que ele ainda não consegue focar os olhos e tem como hobbies mamar e dormir. Mas nós gostamos dele. É difícil explicar porque BBs são tão interessantes, talvez porque esta seja uma fase onde praticamente dá para ver ele crescendo e se desenvolvendo. Em um dia ele aprende a pedir leite, com uma semana ele consegue focalizar os olhos, em dois meses ele dobra de peso. Eu imagino as sinapses se formando, as primeiras memorias quase instintivas sendo registradas. Cada pequena experiencia hoje vai ajudar a determinar quem ele vai ser para o resto da vida. E pensar que eu vou ter o meu logo...

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quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Hotel Vila do Mar, Natal

"Vocês são da conferencia da policia federal ou da dos cientistas?"

Foi o que a recepcionista me disse quando cheguei no hotel, para mais uma conferencia (IWARA). Os federais estão aqui para um seminário sobre ´Agente infiltrado e Controle de fontes´. Ela deve ter achado que eu estava disfarçado...

O auditório é do lado da piscina (conveniente!), com um vidro separando. Os banhistas ficavam nos olhando como olhariam alguma espécie exotica. Suponho que para eles eramos isso mesmo. De fato, a maior parte dos participantes é indistinguivel dos banhistas, em vestimenta e bronzeado. É portanto comprensivel que estes últimos fiquem surpresos quando os que pareciam ser seus colegas se congregam para discutir animadamente em inglês algumas equações incomprensiveis projetadas na parede.

Falando em Ingles, boa parte dos participantes tem um ingles atroz. Não sei bem porque, já que o nível das palestras em geral é bom. Boa parte delas não me interessam muito, para falar a verdade. Típicamente, elas seguem a linha de ´Eis uma densidade de Lagrangeana bizonha, com estas constantes de acoplamento arbitrarias e estes parâmetros que tirei da cartola. Fazendo várias contas abstrusas, concluimos que a seção de choque/momento de inercia da estrela de neutrons/circunferencia do busto da Xuxa é 0, 1 ou Pi.´

Fiz minha apresentação hoje, acho que me saí bem. Certamente ficou fora do esquema acima. Hoje o Marcelo (meu orientador, que é daqui) me levou para comer a melhor carne de sol da minha vida. Andamos um pouco pela cidade de carro, mas não posso dizer que conheço a cidade. O hotel é longe, só conseguir ir lá hoje e ontem a noite, para jantar.

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sábado, 17 de setembro de 2005

Casa do Bernardo, Rio de Janeiro

Estou aqui na casa do Bernardo, surrupiando WiFi de alguma pobre alma insuspeita. Eu e a Ceci acabamos de levar uma surra no buraco, então vou afogar minhas magoas descrevendo meu feriado & fim de semana.

Fui para a fazenda do André (no Portal do Inominavel, aka Moeda) para ajudar no levantamento arqueologico que eles estão fazendo. A equipe já foi descrita e parcialmente esquartejada no post com a historinha, a unica correção é que a Gó na verdade é o Gó. Embora julgando pela quantidade de artigos de higiene & beleza que ele leva o erro não foi tão grande assim (desculpe Gó, não pude evitar).

A ideia do levantamento é a seguinte: Por amostragem, definem-se faixas de terreno a serem investigadas, a procura de vestigios arqueologicos do que quer que seja. Nós então nos postamos em linha, e avançamos, sem desviar, passando por quaisquer rios, buracos, ravinas e matagais no caminho, com um facão na mão e o espirito do Howard Carter na cabeça. Além de alguns arranhões e vários carrapatos, sobrevivi incolume. Não achamos nada de espetacular, cidades perdidas ou templos ciclópicos, somente alguns aterros, restos de um casebre e um muro de pedra. No final do dia acampamos no topo da serra. Tive uma noite semi-miseravel, com vento e chão duro, mas tudo bem. No dia seguinte, o grupo iria continuar a busca, e eu tinha que voltar para BH para um pré-natal com a Ceci (tudo ok). Fui então com o Tala de volta para a cabeceira da trilha. O Tala é um cara muito gente fina, responsavel por montar e desmontar o acampamento, mas é um adepto da prática do tratorismo: Ele decide que vai 'por ali', e vai, passando por cima. Foi claudicando atras dele, e cheguei meio morto no ponto de encontro, cheio de carrapatos, e morrendo de fome e sede. Muito legal! Se pudesse voltava na semana seguinte.

Me encontrei com o Fernando e a Mi, almoçamos, e eles me levaram direto para o consultorio. Eu estava um bagaço, com o rosto queimado e descascando, multiplos carrapatos e dores generalizadas; pensei seriamente em levar um cajado que arranjei em Moeda para o consultorio e dizer algo do tipo 'Levarei este menino para ser meu aprendiz em Avalon', mas pensei melhor e deixei o cajado no carro de Fernando para pegar depois. Meu filho está ótimo (Gabriel é atualmente o nome mais cotado), e o médico é craque em desanuviar algumas das paranoias da Ceci. Voltamos no mesmo dia para a fazenda, para uma rotina mais light de cozinhar, jogar boomerangue, pular na cama elástica e nadar.

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sexta-feira, 16 de setembro de 2005

CBPF, Rio de Janeiro

Algumas famosas ultimas palavras:

"Que trem?" -- Anna Karenina
"Que flecha?" -- Rei Haroldo da Inglaterra, batalha de Hastings 1066
"Que bigorna?"--W.E. Coyote
"Vou investigar o crime e punir os culpados, doa a quem doer" -- Edipo

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domingo, 28 de agosto de 2005

É menino!

Fizemos um ultrasom hoje. É (1, e não mais que 1) menino! Tudo aparentemente no lugar, deitado de lado, com o coração a 154 bpm.

Vamos começar a pensar em nomes. Epaminondas Palpatine ou Mithrandir Atreides? De qualquer maneira temos que avisar as Bene Gesserit

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sábado, 27 de agosto de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Voltei de SP hoje de manhã. Durante a noite, o onibus foi parado pela policia rodoviaria. Eles examinaram a bagagem de *todos* os passageiros (foram muito educados, mas deu tempo de ler os dois ultimos volumes de 1602, do Neil Gaiman*).

Ontem fui andar no centro de SP com o Fernando. Depois assistimos o Ghost in the Shell II. Quanto mais tempo passa mais gosto do filme. Não tem a exuberancia do primeiro, mas por outro lado o roteiro é melhor. Ele consegue o efeito raro de inicialmente parecer uma viagem na maionese para depois fazer sentido (o inverso é muito mais comum).

Fomos pegar a Mary (que ia dormir na pensão Mafra, junto com o André e um primo do fernando), e eles me levaram na rodoviaria. O André na verdade ainda não apareceu. Depois dos acontecimentos em Moeda eu não descarto hipotese alguma.

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* Gostei com ressalvas. Se fosse qualquer outro autor acharia tudo muito bom, mas o NG está aqui mais 'esperto' que verdadeiramente original. O final também é muito corrido, confuso e provavelmente um pouco incoerente.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Auditorio do MASP, São Paulo

Coffee break...

Estou aqui desde domingo. Fui com o André (que está fazendo curso de piloto de helicoptero em uma cidade aqui perto e está, hospedado no Fernando Inn), e o supracitado em um japones muito bom. De manha tinha ido na feirinha de antigidades do MASP. Comprei alguns items semi-aleatorios: Um par de notas do afeganistao, duas caixinhas de fósforo dos anos 30, e um livro chamado 'Tradiciones Peruanas', de um certo Ricardo Palma. O Armando (um colega peruano que trabalha no CBPF) ficou muito animado com o livro, que aparentemente é um clássico. Li somente os 3 primeiros contos, mas estou gostando. O espanhol é dificil em algums pedaços (particularmente dialogos e descrições).

Segunda não fiz nada além de ir na conferencia. Esquentei as sobras do jantar de domingo (no quarto de hotel tem um fogão), e preparei minha apresentação. Ontem a mãe do Fernando convidou a mim e a Mariana* para comer alcachofras. Depois o Fernando projetou alguns filmes de super-8 na parede, com um projetor neolitico muito legal.

Hoje tem um 'Jantar de Gala' no restaurante 'A Mineira'. Vamos ver no que vai dar. Mais tarde vou dar um pulo na exposição de impressionistas aqui no MASP.
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*Que está aqui para um entrevista (na verdade uma dinâmica de grupo). Piadas usuais de físico se aplicam.

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Auditorio do MASP, São Paulo

Estou neste momento na conferencia de comemoração dos trabalhos do Einsten de 1905. O evento é no MASP, e os organizadores instalaram WiFi no auditorio.

O cara (Zanelli) começou a falar sobre o 'Efeito Cheshire Relativistico'. O gato de Cheshire era aquele bicho estranho no Alice no Pais das Maravilhas, que desaparecia exceto pelo sorriso... Aparentemente o tal efeito se refere a algum tipo de materia que não curva o espaço-tempo (porque T_mu_nu é nulo). Bizarro, mas o cara fala bem, e parece um trabalho interessante. Depois eu posto mais.

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quarta-feira, 29 de junho de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Estou grávido... Estritamente falando, a Cecilia está. Quando fiquei sabendo, e por alguns dias depois, fiquei muito em pânico, e muito feliz, e muito em pânico, e muito feliz, alternadamente até que os dois sentimentos se fundiram em algo muito estranho. Viver dentro da minha cabeça é uma experiencia inusitada em situações normais, atualmente esta sendo algo positivamente surreal.


Hoje estou mais calmo, em grande parte devido as mensagens dos meus amigos. É muito bom quando as pessoas ficam genuinamente felizes por sua causa. E é muito bom ter amigos assim.


O melhor (ou pelo menos o mais conciso) conselho é o do André: Don't Panic.

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sexta-feira, 3 de junho de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Imagens do Portal do Inominavel

Alguns meses atras passei um fim de semana na fezenda do André (em Moeda, OPDI de triste fama). Entre manifestações de entidades cósmicas e ocasionais assasinatos hediondos, foi muito agradavel.

No sábado, fomos eu, André, Laura, KK, Ligia e Danilo, para uma caminhada pelas serras locais. Tirei algumas fotos com meu celular, que ficaram boas dentro das limitações do aparelho. Hoje na tal madrugada insone (veja o post anterior), aprendi a baixar as fotos por bluetooth, acertar o equilibro de cor no Polyview, e fazer o upload no flickr. Quem estiver interessado pode ver as fotos na minha página no flickr, e eu posto as mais interessantes aqui. Termino com um gif animado que eu fiz de meus intrepidos companheiros (exceto Danilo & Ligia, que já tinham sido vitimas das vacas tartáricas). Eles iam na direção de algumas torres misteriosas inexploradas perto de Moeda. Subiram a colina, e nunca mais foram vistos...



Reparem nos estranhos fenomenos atmosfericos que ocorrem ao fundo. Notem também que o KK levanta os braços horrorizado quando chega no topo da colina, ante a visão das ruinas ciclopicas.

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Casa, Rio de Janeiro

Amanhã vou para BH. Passei a semana toda indo dormir tarde e mal, e não conseguindo acordar cedo, de modo que vou tarde para o trabalho, volto tarde, e acabo dormindo tarde e mal. No dia seguinte, não consigo acordar cedo e vou tarde para o trabalho. Chego portanto tarde em casa, e vou dormir tarde, e mal. No dia seguinte, deixo de acordar cedo e vou para o trabalho (tarde), de onde saio bem mais tarde, e como consequencia durmo tarde, e mal; lather, rinse, repeat.

Para quebrar este circulo recursivo, decidi virar a noite hoje, ir bem cedo para o trabalho amanhã, zumbizar de forma suficientemente produtiva durante o dia, para voltar para casa relativamente cedo, pegar o onibus para BH e dormir durante a viagem. Passo a madrugada postando bobagens incoerentes no meu blog.

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quinta-feira, 28 de abril de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Meu laptop chegou! E é lindo! Me desculpem se estou agindo como um bobo alegre, mas estou muito animado. É um sony vaio S270p4, com Pentium M 1.6, 512 mb de ram e hd de 60 GB, gravador de DVD (que ainda nao consegui desbloquear para todas as regioes).

Talvez o mais interessante porém seja o WiFI (rede sem fio). Algum vizinho meu (não faço ideia quem) tem uma base WiFi ligada na internet, que ele deixa aberta (i.e., sem senha). O resultado é que neste momento estou postando no meu blog sentado na mesa de jantar...

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quarta-feira, 13 de abril de 2005

Casa, Rio de Janeiro

O André e o Alastair organizaram um grupo para fazer um levantamento arqueológico na serra de Moeda. Veja detalhes neste post no blog do Fernando. O grupo partiu de BH, e nunca mais foi visto. A presente narrativa é uma reconstrução a partir de fontes fragmentarias e entrevistas com os habitantes locais.

Moeda: Portal para o Inominavel
compilado por Bruno Mota

DRAMATIS PERSONAE

André, Arqueólogo. Diretor do projeto.

Alastair, Arqueólog. Co-Diretor do projeto e gringo de plantão.

Fernando, Designer. Acumula as funções de fotógrafo, cinegrafista e designer.

Daniele "Dani", Arquiteta. Responsável pelos Croquis.

Ricardo "Tala", fotógrafo. Abandonou o posto da fotografia, assumido por Fernando, e é o Administrador. Cuida de toda a burocracia, gastos e supervisão geral.

Reginaldo "Regis", Historiador. Responsável pela parte de historiografia.

"", Estudante de Turismo. Faz-tudo, faz o leva e traz, cuida dos equipamentos, suprimentos e alimentação.

CENA I - Land Rover superlotada, dia

FERNANDO> André, vai caber todo esse povo na fazenda?

ANDRE> Não se preocupe, estão todos viajando. A fazenda estará deserta. Sera ótimo.

ALASTAIR> Where are we going again?

REGIS> É melhor começar a trabalhar. Para aí perto daqule casebre para começarmos as entrevistas.

A LR para. Um matuto abre a porta do casebre e olha o grupo com desconfiança. FERNANDO tira inúmeras fotos.

REGIS> Com licença meu senhor, o que você sabe sobre a velha fundição?

MATUTO> grgmbmlemdbagmbuyashubnigurathnyarlatothepcreoignem.... --- Bate a porta.

FERNANDO> Orra meu, vamo embora. Cara grosso. A gente continua isso amanha.

RICARDO> Estou precisando mesmo de uma viagem para relaxar. O lugar é tão agradável, e o dia está lindo...

Começa a chover. Muito.

GÒ> Com esta chuva, não seria melhor voltar outro dia?

ANDRE> Bobagem! Minha LR passa por qualquer lama, o que de ruim poderia acontecer?

ALASTAIR> I thought we were going to the beach...

A chuva piora. A LR derrapa. Um raio cai sobre uma arvore, que cai sobre a estrada momentos depois da LR passar.

GÓ> Eu quero voltar!

ANDRÈ> Não se preocupe, já fiz isso milhares de vezes. Nada de ruim vai acontecer!

ALASTAIR> Can I surf with this rain?

Um relâmpago cai ao longe, iluminando uma figura vagamente humanoide no topo de uma colina


CENA II – Fazenda, à noite, chuva forte. Todas a janelas estão abertas, símbolos estranhos foram talhados no assoalho.

RICARDO> Que decoração... Peculiar.

REGINALDO> Hmmm...

ANDRÉ> A caseira nova ainda não pegou o jeito. Mas são só uns arranhões. Não tem problema nenhum, o que mais pode dar errado?

DANI começa a fazer esboços das inscrições. ALASTAIR encera sua prancha. FERNANDO tira fotos. ANDRE emburra e começa a dar voltas em torno da escada.

FERNANDO> O quarto com o pentagrama é meu. Falei primeiro!

Barulho de cascos do lado de fora.

GÒ> Que barulho estranho. Estou morrendo de medo! Por isso, vou sair sozinha lá fora e investigar.

Passos. Silencio. Grito, interrompido bruscamente. Barulho de mastigação.

ANDRE> Gó, quando você terminar de brincar com os cachorros não se esqueça de limpar os pés. Se não sujarmos a casa vai ficar tudo bem.

FERNANDO> Vou dormir.

DANI continua desenhando como que em transe. ALASTAIR examina demoradamente sua prancha.

CENA III Fazenda, de manha. Neblina pesada


Todos se reúnem na mesa da cozinha, exceto GO e FERNANDO. A nova caseira esta preparando um cozido. Ela possui vasta cabeleira, veste um pesado manto negro, exala leve odor de putrefação e tem a pela acinzentada. Na panela, nacos apetitosos de carne cozinham no molho espesso. Um dos nacos está grudado em um farrapo onde os dizeres ´Turismo 2004´ainda podem ser lidos. Ninguém comenta sobre a aparência inortodoxa da caseira porque ela é nova e não querem constrange-la.

ANDRE> O Fernando não acorda!

DANI> Eu passei no quarto dele e ele não estava mais lá. Acho que já foi. Eu peguei a câmera dele.

ANDRE> Então vamos comer e picar a mula. Vai dar tudo certo hoje!

ALASTAIR> Now can we go to the beach?

Eles comem e picam a mula. Começam a caminhar em direção as ruínas. ALASTAIR leva sua prancha. No caminho, encontram estranhas pegadas de cascos bovinos, grotescamente deformados.

RICARDO> (saca uma foto do bolso de sua camisa vermelha) Esta é minha mulher e meus dois filhos. Quando a guerra terminar vou comprar uma fazenda lá em Iowa.

TODOS> Uhh...Ok.

RICARDO> Dá para ir mais devagar? Estou ficando cansado, essa nevoa púrpura ta me deixando enjoado.

ANDRE> Deixa de frescura. Vamos indo

ALASTAIR> Yeah! Now we are finally getting somewhere! --- Faz uma onda com as mãos.

RICARDO vai ficando para trás. Na tentativa de acompanhar os outros, tropeça. No chão e desorientado, ouve o tropel de cascos artiodactilos. Seus olhos reagem com terror ao que vê, mas o seu grito mal sai da garganta quando é interrompido bruscamente. Ruídos de mastigação.

ANDRE> Rosinha! Tava preocupada sô! Fica aí brincando com o Ricardo enquanto a gente vai trabalhar, fica.

REGINALDO> Gente, tem algo que eu talves devesse ter falado para vocês antes... --- O grupo emerge da mata e vê as ruinas. Reginaldo se cala.

CENA IV – Ruínas. Os modestos restos da antiga fundição são cercados por várias torres de aspecto intimidador, cobertas por gárgulas vagamente bovinoformes em poses torturadas. Está anoitecendo, começa a ventar forte. Do interior da maior das torres emerge um barulho surdo e ritmado. Reginaldo fica cada vez mais agitado. Dani olha as imagens na câmera digital de Fernando. Subitamente o terror se espalha por seu rosto

DANI> Gente!! Vocês deviam ver isso!

ANDRÈ> Não temos tempo para turismo! – Entra na torre mais alta

ALASTAIR> I can already smell the ocean. André, wait!

REGINALDO e DANI contemplam as cenas no display da câmera. Fotos que Fernando distraidamente tirara de si mesmo. Fernando. Fernando e o Pentagrama. Fernando e o Pentagrama fosforescente. Fernando, o Pentagrama fosforescente e a nevoa. Fernando, o Pentagrama fosforescente, a nevoa e uma criatura disforme com aparência de vaca, com garras e dentes afiados. Fernando em pedaços, o Pentagrama fosforescente, a nevoa, a criatura disforme com aparência de vaca, e um portal para o que parece ser o interior da torre. O Pentagrama.

REGINALDO e DANI ouvem um tropel distante. Começam a gritar.

ANDRÈ> Parem de gritar seus malucos. Fiquem quietos e tudo ficará bem.

ALASTAIR> They are already in the water! Wait for me!

Enquanto prestam atenção na comoção, ANDRE e ALASTAIR colidem com os corpos destroçados e pendurados de GO, FERNANDO e RICARDO, que batiam ritmicamente contra a parede. A cada pancada, as inscrições em baixo relevo ficavam mais distintas e brilhantes.

TODOS> AAAHHHH!!!!

REGINALDO e DANI entram correndo na torre. São seguidos por várias criaturas bovinoformes de horrenda aparência. As criaturas emitem mugidos abissais enquanto cercam o grupo em pânico. As inscrições agora brilham fortemente; os corpos pendurados sofrem espasmos enquanto ressecam; uma nevoa fina se espalha como se dotada de vontade própria, envolvendo o grupo no centro da sala e as criaturas antes de sair em direção ao breu externo.

ANDRÉ> Fiquei juntos, vai dar tudo certo.

ALASTAIR> André, you were right about these cariocas. They are really rude.

REGINALDO> É culpa minha. Eu reconheci as inscrições na fazenda. Muitas historias são contadas sobre as estranhas criaturas que rondam estas ruínas. Entre murmúrios semi-coerentes dos matutos locais há referencias a entidades inomináveis que acordariam do seu sono milenar quando as estrelas estivessem alinhadas.

DANI> Você quer dizer... Estas criaturas?!

REGINALDO> Não! Elas são apenas seus arautos. As inscrições na fazenda são uma prece para a sua invocação. Estas inscrições aqui são muito piores, elas invocam a horrível... a mãe... a...

FIGURA ENCARQUILHADA DE PRETO> ---Emerge das sombras --- Shub Niggurath, a mãe de escura prole!!!

ANDRÉ> O Marido da Selma!!

MARIDO DA SELMA (formely known as FIGURA ENCARQUILHADA)> Vocês me expulsaram, vocês riram das minha vacas. Pois riam agora. As minhas filhas foram abençoadas por Shub Niggurath, e vocês serão o primeiro sacrifício sobre o seu altar!

Um barulho grotesco e não natural se faz ouvir fora da torre. Algo se aproxima. Um rumor de flautas sopradas por bocas não-humanas se espalha como um eflúvio.

ALASTAIR> Is this funk music? It sucks!

DANI> Aaaahhhh! Deixa cair seu bloco de anotações, que se abre na pagina onde copiou as inscrições da fazenda.

REGINALDO> As inscrições! Começa a ler em uma língua gutural “Iee Inomine Alae Isvrequië...”

MARIDO DA SELMA> Tolos! Eu já fiz a invocação dos Úberes Tartáricos! As vacas do inferno responderam ao meu chamado, elas obedecem somente a mim! Nada sobre a terra ou debaixo dela se erguerá para salva-los agora!

Barulho de passos se aproximando. Mato se mexendo, galhos se quebrando. O perfil de uma figura alta aparece na entrada da torre.

FIGURA ALTA> O André, eu acordei hoje e tive a impressão que tinha jogo. Vamos jogar Dragonlance ou aquele MERP estranho do Bruno?

ANDRÈ> Vaca? Ricardo Vaca!

VACA> É, eu tive a impressão que alguém estava me chamando e...

Ele para no meio da sentença, e contempla as criaturas bovinoformes. Eles se olham inicialmente com surpresa, depois com espanto, e finalmente com o reconhecimento fraternal de uma família a muito separada.

MARIDO DA SELMA> Não! Não dêem atenção a este impostor, suas criaturas estúpidas. Ataquem estes intrometidos. Rápido, Ela se aproxima!!

VACA> Quem é esse cara? Não fale assim com elas. Elas podem ser feias e sanguinárias, mas são da minha família e eu as amo!

MARIDO DA SELMA> Infeliz! Incauto Oligofrênico! Mentecapto dez vezes amaldiçoado! --- Sua mão ossuda emerge de sob o manto, com terríveis garras recurvadas. Com velocidade incomum ele cruza o recinto e rasga o ventre de VACA.

VACA> Aaargh!!

CRIATURAS> MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!

MARIDO DA SELMA> Não!! Eu.. Parem... Arghhh!!!

Ele é despedaçado pelas enfurecidas criaturas. As criaturas ficam cobertas por seu sangue e entranhas. De alguma maneira ele se mantém em consciente agonia.

MARIDO DA SELMA> Voltem aqui! Vocês precisam ficar, Ela exige um sacrifício!

Ele estende as garras na direção do grupo. É atingindo em cheio por uma prancha lançada com destreza por Alastair.

ALASTAIR> This is a violent city indeed. I am glad the SAS training paid off though.

ANDRÈ> Vamos sair daqui enquanto é tempo. Me ajudem a carregar o vaca. Vai dar tudo certo!

O grupo sai correndo pela noite escura. Ouvem atrás de si o barulho de algo muito grande emergir da mata e entrar na torre. Gritos e ruídos inomináveis, e depois o silencio. Ninguém ousa olhar para trás.

Depois de correr por vários minutos, eles notam que não sabem onde estão. O terreno em volta não lembra nada que exista nas vizinhanças de Moeda. Enquanto ponderam este enigma, um velhinho, baixo, careca e vestindo uma túnica vermelha emerge de trás de uma pedra, e sorri enigmaticamente.

FIM (ou o começo...)

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Casa, Rio de Janeiro

Muuuito tempo sem postar. Fui e voltei de BH duas vezes (peguei um onibus no dia em que perdi o voo mencionado no post abaixo). Na semana santa foi direto para a fazenda do André, e fim de semana retrasado vim para o aniversario do meu pai.


Hoje descobri que estou com um livro (sobre física estatística) da biblioteca do CBPF a varios meses. E também que não entendo algumas pessoas... Sempre que eu entrava lá a bibliotecaria mal me dava bom dia, e me tratava como se eu estivesse a ponto de sair correndo com um exemplar raro nas maos. Hoje, quando eu cheguei ela era só sorrisos, me chamou pelo nome e gentilmente me lembrou que eu havia me esquecido de devolver um livro. Entre risadas e comentarios jocosos concordamos que eu era de fato uma pessoa esquecida, e ela me desejou todo o sucesso minha missão de achar e recuperar o tomo perdido. Acho que se eu não conseguir achar o livro ela vai batizar os flhos em minha homenagem e me colocar no testamento...

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quarta-feira, 23 de março de 2005

Casa, Rio de Janeiro

Perdi meu voo para BH! Fiquei duas horas para ir de botafogo até a linha vermelha, pq metade da população desta cidade aparentemente estava indo para Cabo Frio.

Vou ver se pego um onibus, ou remarco o voo para amanha. Saco...

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sexta-feira, 4 de março de 2005

Mente Doentia, Meu Cérebro

Alguém me perguntou se o texto que aparece sob o About Me neste blog foi modificado. Na verdade, quando eu estava viajando troquei o texto algumas vezes. Compilei aqui as diversas versões:

Após investigar uma série de assassinatos misteriosos em Arkhan, Mass. (EUA), Bruno Mota passou a sofrer alucinações e foi internado no manicômio local. Em seus delírios, acredita ser estudante de doutorado de física em viagem pela Europa. Esta é sua historia.

Após se perder de uma expedição ao Serengueti quando tinha 2 anos, Bruno Mota foi criado por um clã de Babuinos. Em sua mente selvagem acredita ser um estudante de doutorado em física viajando pela Europa.

Pouco se conhece sobre a tribo perdida dos Wronski, mas pesquisas indicam que eles acreditavam em um ser mitológico denominado Bruno Mota, um estudante de doutorado em física em visita à Europa.

Último sobrevivente do planeta Wronski-7, Bruno Mota teve a memória apagada pelo maligno Hyeronimus Frobenius, e atualmente vaga pela Europa acreditando ser um estudante de doutorado em física

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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Hotel Leão da Montanha, Campos do Jordão

Estou aqui em um congresso (Nova Física do Espaço). Discussões interessantes, boa comida, cama macia, etc. É um evento mais 'intimo' que os grandes congressos como o Particulas e Campos, ou o GR. Dá para conversar mais e interagir como todos os participantes; e as palestras de outras áreas (e discussões subsequentes) são muito informativas.

Da estadia então não tenho do que reclamar. Para chegar aqui, porém, foi a mixordia usual.

Quando cheguei na rodoviaria, descobri que o ônibus das 8:00 não saia na 3a feira (o congresso começou no domingo, mas peguei uma virose nefasta). Tive que então triangular, indo primeiro para Taubaté, para então pegar um catajeca para cá. Quando sai esbaforido do ônibus em Taubaté, esqueci o poster no bagageiro. Depois de me inteirar da minha estupidez, fui ao guiche da companhia, e descobri (depois de 2 horas) que o poster havia sido roubado (ou sumido por meios próprios) entre Taubaté e S. José dos Campos. Sem alternativa, peguei um táxi em direção à "...alguma gráfica que tenha plotter", e mandei imprimir outra cópia. A impressão demorou umas duas horas, o que me deu tempo para conhecer as maravilhas de Taubaté. Me embrenhei em ruas perfeitamente ordinárias, admirei as praças, iguais a milhares de outra pelo Brasil, e me deliciei no mercado de rua, com os exóticos e raros produtos dos quatro cantos do Paraguai. Voltei então para a gráfica, onde o taxista ainda me esperava ("eu não ia conseguir outra corrida em uma hora mesmo"), voltei para a rodoviária e 40 minutos depois estava aqui em CdJ.

Hoje devemos ir ao Baden-Baden (uma cervejaria local). Amanhã vou tentar ir no teleferico.

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

CBPF, Rio de Janeiro - E a vaca foi para o brejo

Vimos este outdoor por acaso em Dublin, e não conseguimos parar de rir por uns 5 minutos. Ele é auto-explicativo, então...


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sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

CBPF, Rio de Janeiro - Fotos de Dublin

Dois meses sem postar...

Abaixa vão algumas das fotos de Dublin que o Slava me mandou. O Slava é um físico russo que conheci na Corsega (era o outro cara no acampamento dos sem-hotel), foi para o GR com a Luisa, sua namorada (Italiana, tb física). Eles moram em Amsterdam. Mais internacional que isso impossivel.

Na direção dos ponteiros, sou eu no tal pub musical (veja o post antigo), eu e o Slava na entrada de um parque, a estatua do Oscar Wilde (um nativo), e a estatua da Molly Malone (uma antiga vendedora de mariscos muito popular entre a clientela masculina). Como sempre, clique na foto para uma versão ampliada








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