Casa, Rio de Janeiro --- Wikipedia e tal
A capacidade da internet de se auto-organizar ainda me impressiona. Um dia alguém tem uma ideia nova para coletar/gerar informação de uma forma particularmente útil, e voluntarios de todo o mundo contribuem até termos outro projeto típico da rede: Excentrico, difuso, nem sempre correto, mas imensamente útil. Dado o chute inicial, uma comunidade com sua própria sub-cultura emerge para manter e atualizar o recurso, com custo agregado quase nulo e alcançe quase ilimitado.
Eu estava pensando nisso enquanto fuçava na Wikipedia (uma enciclopedia comunitaria; qualquer um pode contribuir um artigo, com a ressalva que o artigo pode ser rejeitado pela comunidade, ou modificado). A sequencia lógica do racicinio acima seria a seguinte "qualquer um pode contribuir, e uma contribuição útil, mesmo que pequena, vai permanecer disponivel para todos e para sempre"... Aliando teoria à pratica, resolvi então contribuir um artigo. Existem vários assuntos sobre os quais entendo um pouco, mas queria algo que fosse
a) Curto: Eram 3 da manhã e não queria ter mais que 2 minutos de trabalho
b) Fácil: Não queria pensar muito; um pequeno artigo factual não controverso
c) Útil: Um verbete curto só seria útil se fosse sobre um tema pontual e obscuro (para os leitores da Wikipedia). Algo que vc poderia ler mencionado em uma página na rede, e se perguntar o que é.
Decidi então escrever um paragrafo curto sobre... José Alencar! Nosso vice-presidente... Não tenho nenhum interesse especial pelo cara, nem sabia muito sobre ele. Mas ele se encaixava em todos os criterios: Uma micro-biografia é simples, incontroversa, e um carinha randômico lendo o NYT acharia o verbete útil (pq ele só que saber quem é José Alencar, não ler José Alencar: Vida e Obra). Fiz uma pesquisa de 1 minuto, e escrevi o texto. A lógica é bizarra, mas consistente...
Existem outros recursos parecidos: a usenet (faz 30 anos!), ou o slashdot agregam o saber e folclore da rede para a posteridade; o projeto Gutenberg armazena livros que não são protegidos por copyrigth, e redes P2P distribuem qualquer coisa para qualquer um. O principio é o mesmo do software de código aberto, só que aplicado a qualquer produção intelectual.
Na verdade, a empreitada de ´código aberto´ pioneira se chama ciência. Todo o processo de produção científica depende de grupos dispersos produzindo e tornando disponiveis teorias e observações, que são então testados, criticados e melhorados pela comunidade. Agora o círculo está completo, como diria Darth Vader. A internet e a web, inventadas por e para pesquisadores, agora são o principal meio pelo qual o intercambio científico se dá. Trabalhos científicos são disponibilizados na rede, referenciados por hipertexto e indexados pelo google.
Chega de mayonese por hoje. Mas se daqui a 20 anos houver um antropólogo pesquisando sobre auto-organização nos primordios da internet, talvez tropeçe aqui neste blog...