sábado, 14 de julho de 2012

Vôo AA112, em algum lugar sobre o Atlântico Norte

Existem duas '2nd Street' em Miami. Uma SW e outra SE. Passei um bom tempo procurando em uma por um hotel que na verdade ficava na outra. Graças a isto, quase, muito quase, perdi o avião. Depois de uma corrida de taxi que teria sido frenética no Rio, mas em Miami foi apenas um pouco mais dinâmica, e depois de negociar um tanto violentamente com uma extorsiva (US$ 5) e renitente máquina de carrinhos de carga, cheguei no balcão da American. Consegui angariar suficiente simpatia da gestora local da fila para ser passado para a frente, mas o tempo era exíguo. As atendentes (que não manifestaram nenhum interesse em particular por minha mala), prestativas, ficavam me informando quanto tempo eu ainda tinha para conseguir embarcar. 'Você tem 8 minutos para fazer o check-in!'... 'Você precisa chegar na sala de embarque em 5 minutos!'... No final cheguei. E para não dizer que chegar atrasado não tem suas vantagens, me descobri na classe executiva.

Suponho que standbys vários já tivessem sido chamados, e uma das atendentes cronometrantes me colocou no último assento disponível. Provavelmente o pior assento da classe, no meio da última fileira. Mas mesmo assim muito além que qualquer coisa disponível para a hoi poloi nos fundos do avião. Uma análise pseudo-marxista de botequim afirmaria que o meu propósito, como recém-elevado membro da classe executiva, interposto física e socialmente entre a 1a classe e o proletariado aéreo, seria  lutar até meu último folego para preservar os previlégios dos primeiros, cujos maneirismos procuro imitar, contra arroubos revolucionários dos segundos, de quem procuro me distinguir.

Achei portanto mais útil assisitir o filme de bordo (sobre robos lutadores de boxe) e escrever este post do tecer análises pseudo-marxistas de botequim.

PS: Estou subindo o post de um bar comandado e frequentado por Tchecos, e onde mesmo assim fui servido um lauto lanche espanhol. Cheguei na casa dos meus simpáticos anfitriões (um casal com um filho de 2 anos) depois de pedalar do aeroporto até aqui. Andar na estrada não é muito complicado, devido ao acostamento. A única parte mais sinistra foi um elevado, sem aconstamente, que percorri por engano ao errar uma interseção.

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