quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro
O Fim dos Tempos, explicado

Cheguei no Rio ontem de manhã, para uma reunião e para resolver alguns problemas. Parto hoje, assim que a Webjet conseguir acordar o piloto do seu torpor alcólico ou recauchutar o pneu furado do trem de pouso. Sou um otimista por natureza.

Sai de casa hoje muito cedo (para quem acorda), ou muito tarde (para quem ainda vai dormir), e andava pela Ataúlfo quase deserta a procura de transporte quando vi duas moças, bastante apresentáveis e obviamente bêbadas, descendo de um taxi alguns metros a frente. Entrei em seguida. O motorista, que parecia o cruzamento entre o Groundskeeper Willie e o Woodie Allen, decidiu que não bastaria simplesmente me levar ao meu destino; era preciso me entreter com suas palavras de sabedoria. Após interpretar corretamente meus grunhidos como 'Santos Dumont, por favor', ele emendou:

"Tá vendo estas duas ai? Gostosas paca, e provavelmente passaram a noite inteira bebendo por ai. E nenhum homem para chegar perto e pirocar as duas! Enquanto isso ficam os caras na Lapa esfregando lingua uns nos outros. É por isso que o mundo tá assim... É o apocalipse, entende? Eu li sobre isso... A chuva em Teresópolis foi o começo. Eu quero ver quando a agua começar a subir no Leblon, em Ipanema, em Copa... Aí eu quero ver!"
O monólogo continuou com variações sobre o tema. Deus obviamente está insatisfeito com a não-pirocação de donzelas bêbadas pelos representantes da masculinidade carioca. A escolha da região serrana como objeto imediato da sua ira era óbvia e natural, por razões que me escapavam no momento, possivelmente devido ao sono.

Apesar da temática, conseguimos chegar no aeroporto (bastante rápido; ele queria receber pela corrida antes que as trombetas soassem) sem incidentes mais graves do que um retrovisor trincado e algumas palavras inamistosas trocadas com um motorista de ônibus. Agora é só esperar alguém decidir por qual portão se dará o embarque, e torcer para que a tripulação não seja arrebatada para junto de Deus durante o vôo.

Um comentário:

Aristides disse...

Um taxista carioca, uma mistura de Willie e Allen, falando sobre a proximidade do fim dos tempos... Eu pararia de usar "dorgas" pra sempre depois de uma dessa.