Casa, Rio de Janeiro
Enfim, doutor
Defendi...
Agora sou doutor. Vou dizer para o Gabriel me chamar de Dr. Papai.
É difícil descrever o que estou sentindo. Acho que ainda não assimilei tudo, é como se descobrir um dia 20 quilos mais leve.
A defesa correu muito bem. Falei bem como a muito tempo não falava, e a banca (acho) gostou muito da tese; não só por terem elogiado, mas por ficarem efetivamente entusiasmados com alguns dos resultados que eu mostrei.
UPDATE: A tese, online
UPDATE2: Agora com repercursão internacional ;-)
Vale a pena neste momento levantar minha genealogia acadêmica [1,2]. Sou
Bruno Mota (2007),
aluno de
Marcelo José Rebouças (1981),
aluno de
Mario Novello (1972),
aluno de
Josef Maria Jauch (1940),
aluno de
Edward Hill (1928),
aluno de
John Hasbrouck Van Vleck (1922 e prêmio Nobel em 1977),
aluno de
Edwin Crawford Kemble (1917),
aluno de
Percy Williams Bridgman (1908, e prêmio Nobel em 1946),
aluno de
Wallace Clement Sabine (1888),
aluno de
John Trowbridge (1873)
A historia termina (ou começa) com John Trowbridge, um cara que revolucionou o ensino de física em Harvard, e aparentemente não teve orientador. O seu aluno, Wallace Clement Sabine, fundou o campo de acústica arquitetonica (!) e, embora extremamente popular, nunca recebeu um doutorado formal.
Percy Williams Bridgman foi meu primeiro antepassado a receber um doutorado (em Harvard), e o primeiro prêmio Nobel. Ele estudou os efeitos da alta pressão em materiais e a sua respectiva termodnâmica. Se suicidou com um tiro quando sofria de uma doença terminal, e sua nota de suicídio, dizendo "It isn't decent for society to make a man do this thing himself. Probably this is the last day I will be able to do it myself.", passou a ser citada tanto por oponentes quando defensores da eutanásia.
Edwin Crawford Kemble começou a trabalhar com a física dita moderna (e teórica), em uma época em que as universidades americanas de ponta estavam em um processo de transição entre um enfoque quase exclusivo em física experimental, para um enfoque mais teórico.
John Hasbrouck Van Vleck foi o segundo laureado com o Nobel, por suas contribuições à teoria do eletromagnetismo. Saiu de Harvard para ensinar na universidade de Minnesota em Minneapolis, que formou todos os meus antepassados não-brasileiros desde então.
Em tempos mais modernos, Edward Lee Hill trabalhou sem aparente distinção em física quântica. Joseph Maria Jauch ficou famoso por seus estudos dos fundamentos filosóficos e axiomáticos da teoria quântica. A cosmologia só surgiu na minha arvore genealógica com o Mario Novello, um dos grandes cosmólogos do país, que orientou o Marcelo, meu orientador, que foi um dos pioneiros da topologia cósmica por aqui. E eu sou eu. Saber de onde viemos é importante para decidir para onde vamos. Neste sentido, é impressionante a variedade de tópicos pesquisados por meus antepassados nestes últimos 134 anos.