quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Rodoviaria, São Paulo
O roteiro das rodoviárias

Cheguei finalmente aqui em SP, em conexão para BH. Haviam me dito que a viagem de Águas de Lindoia até aqui demorava 2 horas. Suponho que demore, se o ónibus não fizer um tour pelo circuito das cidades ordinárias com nomes indígenas. Passei quatro horas me extasiando com a arquitetura das rodoviárias de cidades notáveis pela sua falta de característica notáveis, e dobrando o meu vocabulário em Tupí-Guaraní. Finalmente em Sampa as 10:30, tentei falar com o Fernando, com quem havia combinado de sair ´por volta das oito´. Argh... É o último congresso que vou em Águas de Lindoia. Vc perde um dia inteiro para ir para, e outro para voltar de, um nada no meio do nada.

No trecho final, entre Jundiaí e Sampa, até que rolou um papo legal com uma fonoaudióloga e uma pedagoga. Existem mais pessoas com quem valha a pena conviver do que físicos de partículas e campos radicados no interior de São Paulo.

Aqui na rodoviária, entabulei um papo com uma velha mendiga. Muito interessante a conversa, sobre uma faceta da vida urbana com a qual temos muito pouco contato. Me lembrou muito a segunda parte do ´Down and out in Paris and London´, do George Orwell, quando ele volta para Londres e passa a viver em Albergues com horas esdruxulas e comer cozidos de *.* em sopões municipais. Uma pessoa assim tem tão pouco controle sobre a própria vida que deve ser difícil distinguir realidade da paranóia. É difícil saber o quê exatamente aconteceu quando ela diz:

'É os bandidos meu fio. São os bandido. Eles vem de moto. Eu fui para
Jundiai, depois para Franco da Rocha, depois para Itatitiba e depois
Bragança e eles vem atrás'

Assim como nos tempos do Orwell, mendigos viajam bastante. Além das
cidades acima, a minha amiga já havia estado em BH e no Rio (um lugar,
segundo ela, muito mais seguro que São Paulo e com uma população mais amigável e solidária). Fundamental na sua avaliação de cada
município era a qualidade do(s) abrigo(s) e albergues. É meio
deprimente constatar que, apesar da proximidade física intrínseca à
vida urbana, eu e a minha amiga vivemos quase que em universos
paralelos.

2 comentários:

|3run0 disse...

Hell is over

Zecao disse...

LOL

[]s