quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Casa, Terra dos Papagaios
Resumo da Ópera


Lula: ...

Heloisa Helena: Eu tenho soluções simples para problemas complicados. Eu vou tirar o dinheiro dos &^*^#& dos banqueiros, e gastar. E então gastar mais um pouco. Isto resolverá todos os problemas. Que são culpa do FMI, naturalmente.

Geraldo Alckmin: Eu. Tenho. Soluções. Complicadas. Para. Problemas. Simples. Eu. Vou. Dar. Um. Choque. De. Gestão....<placas tectonicas se movem>... Não. Farei. Nada. De. Particularmente. Diferente; mas. Farei. Melhor. Com. O. Meu. "Plano nacional de elaboração de planos para resolver todos os problemas".

Cristovam Buarque: Eu tenho metáforas poéticas para problemas de qualquer grau de complexidade. A alma é como um girassol seguindo o Sol da educação, que tinge rubras as nuvens da militância engajada. *Gollum* *Gollum*

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domingo, 24 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Líbano - Cenas do próximo capítulo

A briga de foice silenciosa continua no Líbano. O Hizbollah foi surpreendido pela veemencia das críticas à sua guerrinha com Israel, algumas vindas de direções inesperadas. A implementação das resoluções que exigem o desarmamanto das milícias voltou ao centro dos debates, e o Nasrallah agora faz força para tornar tais discussões tabú novamente.

A UNIFIL 2.0, por outro lado, também dá surprendentes sinais de vivacidade. Os franceses enviaram tanques e artilharia, ao invés das usuais bandeirinhas brancas e capacetes azuis; e a força naval liderada pelos alemães parece ter a intenção de fazer algo a respeito do contrabando de armas. Segundo o seu mandato, a tarefa da UNIFIL 2.0 é auxiliar o governo do Líbano a implementar a resolução 1701, em particular no que se refere a patrulhar as fronteiras, o que a torna essencialmente a milícia particular do Siniora (pelo menos enquanto este contar com a boa vontade da França).

O que aconteceu é que, ao contrário do que muitos esperavam (eu inclusive), o governo do Siniora saiu fortalecido da guerra. Assim, o conflito agora é entre um governo que quer começar a efetivamente governar o pais, e o HA que quer manter sua excepcionalidade como estado-dentro-do-estado. Ambos os lados ainda são tolhidos por uma série de tabus oriundos da guerra civil, em particular da nescessidade de evitar qualquer aparencia de sectarismo. Assim, temos o estranho espetáculo de um kabuki político onde a dança é regida por inúmeras regras não-escritas, e a hostilidade se esconde atrás de alusões, metáforas e elipses. Mas a temperatura retórica está esquentando. Em breve o kabuki não será mais capaz de conter as pressões que estão se formando. Anteriormente, o HA estava contente em aceitar o governo, desde que esse não tentasse se imiscuir nas áreas sob seu controle. Agora, com a UNIFIL dando muque e o dinheiro saudita e ocidental queimando em seu bolso, Siniora está aos poucos tentando reestabelecer sua credibilidade, e o HA precisa mudar o governo, e colocar em seu lugar aliados que possam neutralizar tais tendencias perigosas.

Na sexta o Hizbollah fez um comicio enorme (500-800 mil; embora muitos tenham sido transportados de ônibus desde a Síria e campos de regugiados palestinos, a popularidade do HA entre os xiitas é bem real) em Harit Harek para comemora a tal 'vitória divina'. As primeiras comemorações, logo após a guerra, pegaram meio mal, já que muitos mortos nem haviam sido enterrados ainda. Desta vez, o HA precisava de uma demostração de força, e a coisa foi bem planejada. No meio da verborragia usual, Nasrallah, em sua primeira aparição além-bunker desde o começo da guerra, exigiu a renuncia do governo. Os críticos do HA (Jumblat, Gagea, etc) já acusam abertamente o HA de ter iniciado uma guerra evitável*, e exigem seu desarmamento. Nesta luta, é difícil julgar a real correlação de forças. Mas muito pode depender do que fizer o Michael Aoun, um ex-general maronita que foi o lider de um levante contra os Sírios, foi exilado em 91, e voltou recentemente como aliado do HA (e por extensão, de Damasco; estas puladas de cerca não são incomuns no Líbano). Aparentemente ele está disposto a tudo para se tornar presidente, incluindo se aliar com seus antigos inimigos. Mas não foi ao comício, e parece estar tentando descolar sua imagem do HA, que está começando a assustar a comunidade maronita.

Um outro fator complicador é a publicação em breve do relatório da investigação sobre o assassinato do ex-premiê Hafik Hariri. Os relatórios anteriores incriminaram vários manda-chuva sírios e seus aliados libaneses. Pouca gente duvida que o governo estava por trás deste e de outros assassinatos (inclusive do recente atentado contra um dos agente de inteligêncua libanês envolvido na investigação); a questão é saber quão contundentes serão as provas recolhidas. Recentemente aliados da Síria tentaram bloquear a passagem de leis que permitem o estabelecimento de um tribunal internacional para julgar estes crimes (liderados pela Amal, um outro grupo xiita importante, os parlamentares paralizaram os trabalhos no congresso, sob a desculpa de protestar contra o bloqueio israelense). A Síria tem tanto a motivação quanto os meios de tornar as coisas ainda mais caóticas, tanto para impedir que as investigações avancem quanto para se reafirmar como a única força capaz de garantir a estabilidade no Líbano, e assim restabelecer sua hegemonia sobre o vizinho.

Concluindo, o estado anterior de mutua tolerância entre o governo nominal do Líbano e o governo de fato do HA nas suas areas de influencia não é mais viável. A longo prazo, as opções são a integração do HA na politica como um partido normal, e a exclusão definitiva da Síria da política interna Libanesa, ou o controle direto do governo pelo HA ou seus aliados, e o retorno da Síria como provedora de 'estabilidade'. Mas sendo o Líbano o que é, acho que o mais provável a médio prazo é algum tipo de compromisso-que-desafia-a-lógica (como os acordos de Taif!), em que o braço armado do HA se integre formalmente ao exército, e o governo estabeleça sua soberanina pelo pais todo, mas continue ele mesmo sendo um conjunto de feudos semi-coeso que inclua o HA. Esta solução de compromisso poderia ser uma maneira de evitar o retorno da guerra civil que uma ruptura brusca do status quo para um lado ou para o outro poderia causar. Assim como a divisão sectária dos cargos de governo, e a ambiguidade oficial em relação à resistência e as ocupações, seria mais um compromisso tipicamente libanês para congelar um conflito ao invés de resolve-lo.


* A versão do HA é que eles simplesmente se anteciparam à uma planejada invasão israelense; não faz muito sentido, e contradiz a entrevista do próprio Nasrallah, mas na visão de mundo islamista as ações de Israel não precisam nem de motivação racional nem propósito outro além de maldade pura e simples.

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quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
A meu saco...

A melhor síntese da controvérsia criada pelo discurso do Ratzinger/B16/Palpatine é a de um cara chamado Waleed Aly:

“[A] provocative gesture triggers an overblown response of surreal imbecility”

Só para deixar claro minha opinião, reposto aqui algo que escrevi em outro lugar:


[Eu] não me importo com o que o Papa diz; acho que é prerrogativa dele dar a opinião sobre o que quer que seja (direito que extendo postumamente ao Manoel Paleologos). Considero algumas outras opiniões dele muito mais ofensivas, e com consequencias mais tangíveis (sobre contracepção, homosexualismo, primazia da igreja, etc), e mesmo assim não me arvoro do direito de sair quebrando igrejas ou clamando o direito de não ser ofendido. Acho ainda que opiniões muito mais ofensivas (e inicitação direta de violência) são manifestadas diariamente de todos os lados sem criar esta celeuma toda. Considero também que algumas lideranças de 5a categoria no mundo muçulmano ‘escolheram’ ficar revoltadas, assim como no futuro podem escolher se ofender com as palavras do Jerry Falwell, ou do Jerry Seinfeld, ou do Jerry, o rato; e não acho justo ou razoável que o mundo seja refem da ofensa inferida por grupos hipersensiveis ou hiperhipócritas a partir das declarações de quem quer que seja.

Também acho, repetindo, que a maior parte dos muçulmanos tem mais o que fazer.


PS: A carta do Manoel Paleólogos citada pelo B16 fazia parte de um diálogo com um erudito persa. A resposta, onde suponho o tal persa faz uma defesa vigorosa do Islã, se perdeu. Mas um outro erudito persa escreveu uma análise devastadora da fala do Papa (e do MP) que vale a pena ler:

The Pope, the Emperor and the Persian Preacher
Amir Taheri

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segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Como comprar um laptop

Funcionalmente, boa parte do meu trabalho consiste em ler e escrever coisas. As coisas que leio estão disponíveis na internet; as coisas que escrevo são (depois de considerável esforço) disponibilizadas na internet.

A outra parte segnificativa do meu trabalho consiste em viajar para congressos, para apresentar trabalhos, e para me reunir com colaboradores distantes.

Era óbvio então que eu precisava de um laptop.

Eu odeio trabalhar sentado em um escritório em um horário regular. Eu gosto de me enfurnar em livrarias, cafés, escrever na cama, e tenho inspirações súbitas nas horas mais bizarras. Isto vale não só para o trabalho, mas também para o RPG, e para os contos que gosto de escrever.

Era obvio então que eu queria um laptop.

Juntando a fome com a vontade de comer, no final de 2004 eu decidi que estava na hora de comprar um.

Não foi uma tarefa fácil. Eu tinha bem claro na minha cabeça o que eu precisava que minha máquina fizesse, mas era obvio que com meu orçamento disponível não poderia bancar tudo o que eu queria. Mas o pior era o cipoal de marcas, modelos, configurações e especificações que tornavam difícil fazer uma escolha bem informada.

Eu não posso fazer nada a respeito da estreiteza do orçamento alheio, mas posso pelo menos dividir algumas das coisas que aprendi no longo processo de comprar o meu vaio.




Em um desktop, é obvio que um modelo com um chip de 2 GH é melhor que um de 1 GH, que um monitor de 21" é melhor que um de 15", etc. A única dificuldade é priorizar o que é mais importante, e maximizar as especificações até o limite de seu orçamento. A escolha de um laptop por outro lado sempre envolve algum tipo de compromisso. Essencialmente, existem dois conjuntos opostos de características, que podem ser agrupados como mobilidade versus performace. A melhora de um lado implica geralmente em piora no outro.

Assim, no quesito mobilidade, temos:
- Autonomia (tempo de bateria)
- Portabilidade (peso e tamanh0)
- Barulho e calor gerados

E para performace:
- Ergonomia (tamanho da tela, do teclado)
- Velocidade (processador, processador gráfico)
- Conectividade (Wi-fi, Bluetooth, drive optico, leitor de cartões, etc)

A primeira coisa a fazer é definir muito bem o que você quer do seu laptop. Você vai usa-lo somente para editar textos? Jogos? Você pretende usa-lo como o seu único computador, ou em parceria com um desktop? Você pretende leva-lo para todos os lados em uma mochila? Ou andar de bicicleta com ele? Você pretende usa-lo em qualquer lugar, ou somente no trabalho ou em casa, onde uma tomada vai estar sempre disponivel para carrega-lo?
Eu pretendia tornar o meu laptop o único computador que eu usaria para trabalhar. Isto implicaria em ser capaz de leva-lo para qualquer lugar sem muito desconforto. Seria uma máquina de uso geral, capaz de fazer tudo o que eu fazia nos desktops em casa, no trabalho ou na casa dos meus pais
Para quem precisa somente de um extremo ou outro, a escolha é relativamente simples; seja um ultraportavel que cabe em uma bolsa com um teclado catilográfico, ou um 'desktop replacement' que faz tudo bem, mas pode ser levado (com algum muque) de um escritório para outro se necessário. Mas para quem, como eu, se encontra no meio do caminho, é preciso achar um equilíbrio. O macete é equilibar ganhos no que você acha importante com perdas no que é dispensável.

Recomendo primeiro definir como você pretende usar o computador (i.e., os items na coluna 'mobilidade'), para só depois me preocupar com o que vai poder fazer com ele ('performace'). Fazendo isso, você pode escolher as configurações que satisfazem as suas necessidades (ao invés de definir suas necessidades em função das capacidades do computador).
Eu queria um laptop que pudesse levar de bicicleta, com uma bateria que durasse umas 4 horas para que eu pudesse fazer trabalho útil essencialmente em qualquer lugar, sem depender da disponibilidade de uma tomada. Eu não fazia questão de uma tela muito grande (posso sempre conectar o monitor de 17 quando estou em casa), mas queria um teclado de tamanho padrão, e um drive ótico. Não precisava de um processador ridiculamente rápido, mas queria uma placa gráfica decente para jogos eventuais.
Definidas a autonomia e peso aproximados, e tendo uma ideia das caracterísitcas gerais da máquina, agora passamos as configurações específicas. Eu sugiro seguir a ordem abaixo. Ela vai do mais geral ao mais específico; primeiro você define qual classe de computador quer comprar, depois define o modelo, e depois as opções configuraveis em cada modelo. Assim, cada escolha vai restringindo as opções seguintes. É uma maneira de não ficar perdido no cipoal supracitado.

Tamanho do Monitor
O monitor é o item que mais consome energia, de forma mais ou menos quadrática com o seu comprimento, que também define grosso modo o tamanho final do laptop. Assim, o tamanho do monitor é em grande parte definido pela autonomia e portabilidade desejadas.

Por convenção, o tamanho do monitor define qual a classe o laptop pertence (em inglês, não sei se existem correspondentes em portugues):
  • Desktop replacement Faz tudo que um desktop faz; tela grande (17'' ou mais) e com todos os tipos de conectores. Pesado e com bateria mediocre, não é feito para ser carrgado para todos os lados. Pode pesar uns 5 quilos ou mais.
  • Medium size Laptops 'vanilla', padrão para executivos. Podem ser transportados facilmente se você não tem que andar/pedalar muito. Costumam ser mais baratos que as demais categorias. Baterias com autonomia suficiente para um filme ou trabalho leve. Pesam de 3 a 4 quilos, com tela de 14.1'' (aspecto normal) ou 15.4'' (widescreen)
  • Thin and Light Leves o suficiente para serem carregados para todos os lados, mas capazes de realizar quase qualquer tarefa sem grandes sacrificios. Bateria suficiente para realizar algum trabalho significativo. Tela de 12.1 ou 13.3''. Entre 2 e 3 quilos.
  • Ultraportables Ridiculamente leves, looonga vida de bateria, mas com sérias restrições de uso: Teclados e telas apertadas, em geral sem drive ótico, e processadores sem muito folego. Tela com 10'' ou menos, pesando 1.5 kilos ou menos.
Eu precisava do mais leve computador possível que ainda pudesse ser usado confortavelmente. Também queria uma autonomia razoável. Optei então por um Thin and Light widescreen.
Drive óptico
Defina se pretende ter um drive óptico no computador. A opção existe para alguns ultraportables e quase todos os thin and lights. A ausência do DO diminui o peso e o preço, mas pode ser um grande sacrifício a não ser que o laptop seja usado como um 'satelite' de um desktop mais parrudo, ou junto com um drive externo.

Se você optar por um drive ótico, resta definir se você vai querer somente um leitor de DVD/gravador de CD (a opção mais básica), ou um gravador de DVD, DVD dual layer, blu ray, etc. Você pode deixar esta escolha para depois de definir o modelo, mas a não ser que exista alguma necessidade específica, eu recomendo o DVD-ROM ou no máximo o gravador de DVD. As outras opções ainda são bastante caras, ainda existem padrões concorrentes e você provavelmente não vai sentir falta delas.
Eu queria um laptop totalmente autônomo, então o DO era necessário. Só fazia questão de assistir DVDs.

Processador gráfico
A opção é entre um processador dedicado, ou um processador 'integrado' com memoria compartilhada. Se você não pretende instalar jogos ou fazer uso de aplicações gráficas pesadas (tipo autocad), opte pelo integrado.
Nada como matar zumbis para relaxar. Processadores gráficos integrados são para os que não sobreviverão à próxima infestação. Eu obviamente optei pelo processador dedicado

Processador

PC ou MAC? Intel ou AMD? Eu não vou me aventurar no terreno minado da guerra santa entre os Borg e o Culto da Maçã. Faça sua escolha e viva com ela. Os últimos powerbooks esquentam pacas, porém.

Se vc optar pelo PC, os chips para laptop da Intel baseados no Pentium-M são em geral mais econômicos, silenciosos que os da AMD. Eu recomendo fortemente Intel neste caso. Você ainda tem a opção entre monocore ('centrino'), dual core (essencialmente dois P-M em um único chip) e daqui a pouco quad-core. O dual core é o padrão atualmente, mas se a performace não importar muito opte pelo centrino. Se a performace importar muito, espere uns meses, gaste muito $ e compre um quad core.

O clock do processador é muito menos importante, e pode ser escolhido depois de definido o modelo.

Modelo
Definidos os parâmetros acima, está na hora de escolher uma marca e modelo específicos. A esta altura, devem haver uns 4 ou5 modelos que se encaixam na sua especificação. Esta é a parte mais subjetiva do processo. Eu só posso recomendar que você pesquise em revistas e na internet até se apaixonar por um modelo. Se possível, tente manusear o laptop em uma loja. São vários os detalhes que definem esta atração, tais como a posição dos conectors, a qualidade da imagem no monitor (tradicionalmente, a Sony tem os melhores monitores), a qualidade do teclado (IBM/Lenovo são considerados os melhores), detalhes do acabamento, a qualidade do som (os autofalantes embutidos nunca são bons, mas tem graus diferentes de ruindade), reputação da marca, etc. O melhor lugar para começar é na Notebookreview, que tem comentários sobre qualque modelo existente. Na dúvida, entre nos forums e faça uma pergunta; os participantes em geral tem muito boa vontade para discutir os méritos relativos dos vários modelos. Também recomendo a CNET para reviews e comparações entre os modelos, e as revistas PCmag e Laptop.

Os sites dos fabricantes costumam, ser careiros, mas muitas vezes permitem configurar o laptop nos mínimos detalhes. São uteis para saber quais são as opções disponíveis, e ter uma ideia do preço. Veja e.g. o site da Sony:
Eu estava em dúvida entre modelos da Fujitsu, Sony e Averatec. Optei pela Sony porque a tela é fantástica, e achei o design da serie S extremamente conveniente (prex: a tela tem dobradiças pneumáticas, e precinde de uma trava mecânica. É só levantar e abaixar; os conectores ficam em nichos cobertos por tampas de plástico, impedido a entrada de poeira, etc). E ele é lindo.
Escolhido o modelo, resta agora configurar memória, processador, HD, etc. As opções são mais ou menos padrão.


Processador (clock)
Para cada tipo de processador (AMD ou Intel, mono-, duo- ou quad-core), o valor exato do clock influencia muito pouco a performace. A não ser que você precise do topo de linha ou tenha dinheiro sobrando, opte pela opção mais modesta, a diferença de preço é significativa.

Memória
256 MB é uma imprudência. Tenha pelo menos 512 MB, 1G se possível. Mais que isso é desperdicio a não ser para algumas necessidades específicas (e.g. edição de vídeo).

HD
O tamanho do HD não importa muita, a não ser que vc preciso acumular arquivos enormes (como no caso de edição de vídeo, vide acima). Se você é rato de BitTorrent, grave uns DVDs. De qualquer maneira mesmo um HD pequeno só vai começar a ficar lotado após alguns meses ou anos. É tempo suficiente para juntar mais dinheiro e comprar um HD muito maior, que vai estar muito mais barato do que hoje. Qualque coisa acima de 40GB está de bom tamanho.

A velocidade de rotação do HD por outro lado pode influenciar bastante a performace. HDs que rodam a 4200 rpm podem tornar o laptop lento ao carregar um programa. Prefira, se possível, um com 5400 rpm. Alguns modelos mais novos tem 7200, mas ainda são muito caros.
O preço de um HD de 5400 rpm era muito acima do de um de 4200 rpm. Optei pelo último, mas esta provavelmente é a maior trava na performace do meu vaio. Ele é em geral muito rápido, mas se arrasta um pouco quando tem que acessar muito o HD.
Conectividade sem fio
Wi-Fi a/b/g é padrão. Bluetooth é útil para conectar com o celular/palm, e com algumas câmeras mais modernas. Além disso, no futuro próximo, a conexão com a internet por celular deve se tornar mais viável, com preços menos ridículos. Quase todos os modelos tem o BT ou como padrão, ou como um opcional, então mesmo que ele seja fundamental, não deve ser motivo de preocupação antes de definir o modelo do laptop. Outros padrões de wireless ainda não estão bem estabelecidos, e só valem a pena se já vierem no modelo básico.
No final de todo este processo, comprei um Sony Vaio S270P, com um processador Pentium-M 1.6 Ghz, 512 MB de memoria e HD de 60 GB e 4200 RPM; Gravador de CD e DVD, Wi-Fi. E estou muito satisfeito.
(o sucessor da série S é o SZ, que tem algumas melhorias significativas mas ainda é meio caro)


Algumas considerações finais:

- Se o seu orçamento não der para comprar o laptop que você quer, mesmo fazendo todos os sacrificios possíveis, considere esperar alguns meses. Os preços caem muito rápidamente, da ordem de 50% em um ano. Modelos novos são lançados por volta de maio e novembro, então a melhor época para conseguir um bom preço é logo antes.

- Pesquise bem os preços. A variação costuma ser enorme. Bons lugares para começar são a Newegg e na Amazon. Mesmo que você não vá comprar lá, vale a pena dar uma olhada para verificar os modelos disponíveis e a faixa de preço (a Newegg é geralmente a mais barata na internet). O Froogle também é util para comparar preços.

- Não confie nos valores dados pelos fabricantes para a duração da bateria.

- Os preços no Brasil são ridículos, se possível compre (ou ache quem compre para você) lá fora.

- [PS] Vale a pena verificar algumas marcas menos conhecidas, tais como a supracitada Averatec (americana), Asus, Acer (vende direto no Brasil) e BenQ (mais fácil de achar na Europa)

Bom, é isso. Espero que ajude.

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sábado, 16 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Estilo de vida, ou, como comprar um laptop

Uma maneira rápida de classificar as pessoas é pelas coisas que definem seu estilo de vida. Por exemplo:



- Sedentário: Cama e televisão
- Executivo: Maleta e avião
- Mauricinho: Carrão e celular
- Surfista: Praia e prancha
- Gollum: Peixe e Anel Um

Não funciona bem com todo mundo, mas eu sou bem definido pelo par bicicleta e laptop. A primeira é a grande razão pela qual gosto de morar no Rio de Janeiro; o segundo é onde trabalho, e em grande medida me divirto e pratico meus hobbies.

Eu poderia talvez substituir o laptop por 'livro', mas simplesmente dizer que eu levo livros para lá e para cá não diz muito sobre como é o meu cotidiano; e livros são só o reflexo de uma das minhas atividades favoritas (ler), que é grande parte o que eu faço no laptop. Uma outra atividade favorita, passear/viajar, eu faço com a bicicleta.

</digressão randômica>



Bom, para tornar este post minimamente útil, eis algumas coisas que aprendi comprando o preciousss.
[Escrevi o tal guia em um post novo, acima]

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quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Jantar de despedida

Um casal de amigos nossos (O Bernardo e a Carla, muito amigos mesmo) está indo morar em Londres, e hoje eu fiz um jantar de despedida (com ajuda do Bernardo). Fiz três pratos, uma entrada e duas principais. Eu me lembro que quando começei a cozinhar demorava horas para fazer um, estou ficando mais eficiente...

O Gabriel acordou, ele está meio gripado, acho que a noite vai ser longa. Amanha eu termino este post com as receitas.

Bom, como prometido, eis as receitas:

Primeiro, a manteiga com ervas, que é usada em dois dos pratos. Amasse uns 90g de manteiga com 30g de farinha de trigo e ervas muito bem picadas (usei salsinha, manjericão e um pouco de manjerona) até formar uma pasta homogênea.

Entrada:
Tomates recheados com Cogumelos e alho poró

Ingredientes:
6 tomates grandes, ainda firmes mas não verdes
150 g de cogumelos de Paris frescos, sem os talos e cortado em fatias finas
150 g de Chitaque fresco, sem os talos, etc.
1 talo (uns 30 cm) de alho poró, cortado em rodelas finas
50 g de bacon picado em cubinhos
Molho de soja
Vinho tinto
_______________________

Despele os tomates. Eu faço isso mergulhando-os em uma panela de agua fervente rapidamente, e depois transferido-os para uma vasilha com agua fria. A pele sai facil,mente.

Faça um corte em forma de cone no topo dos tomates. Corte a base da tampa. Remova o interior do tomate (sementes e a maior parte da polpa) com uma colher. Separe a polpa.

Em um wok ou frigideira grande sobre fogo alto, coloque 4 colheres da manteiga e um filete de azeite. Deixe derreter, e adicione o bacon. Frite por 2 minutos, e adicione o cogumelo. Mexa vigorosamente até os cogumelos ficarem macios (uns 2 minutos) adicione o alho-poró e continue agitando maniacamente por mais 1 min. Adicione a polpa amassada retirada anteriormente dos tomates, shoyu (a gosto, é o que dá sal) e 1/4 xicara de vinho. Dê uma flambada, porque vc quer acabar com alcool do vinho o mais rápido possivel (ou o alho poró e os cogumelos perdem textura), desligue o fogo e adicione mais uma colher de manteiga para ficar cremoso. Misture, e recheie os tomates.

Leve os tomates ao forno pré aquecido, por uns 5 minutos.

Arroz de sete grãos com carneiro, castanha e cebola caramelizada

Ingredientes:
4 cebolas grandes
1/2 colher de chá de açucar
3 dentes de alho
1 cubo de caldo de galinha
200 g de Arroz de 7 grão

200 g de carne de carneiro, picada em tirinhas (usei costela)
70 g de castanha de caju (um pacotinho)
Vinho tinto
Sal e Pimenta
Maço pequeno de salsa
_______________________

Misture o cordeiro com sal e pimenta, e deixe entranhar.

Corte 2 das cebolas em rodelas. Jogue na panela quente com um pouco de azeite. Deixe a cebola começar a queimar, e vá adicionando vinho (da primeira vez) e água (nas vezes subsequentes) aos pouquinhos para limpar a borra que se forma na panela. A cebola vai adquirir um cor marrom-caramelo. Adicione 1/4 do caldo de galinha. Quando a cebola estiver começando a ficar mole, adicione a última dose de agua e o acúcar. Deixe secar. O açucar vai formar um caramelo em volta da cebola. Separe, e reserve.

Corte o resto da cebola em cubinhos, refogue na (mesma) panela até começar a desmanchar (use mais azeite e um fogo mais baixo). Adicione o arroz. Quando ele começar a ficar transparente, junte 1/2 xicara de vinho. Quando o cheiro de alcool passar e o vinho secar, adicione a água (quente!), o resto do caldo de galinha e o carneiro. Quando estiver quase pronto (idealmente, quando a água estiver quase secando), adicione a castanha. Não mexa, deixa a panela semi-tampada. Isso não é um risoto, não deixe o arroz passar do ponto.

Sirva com as cebolas caramelizadas por cima, cobertas de salsinha picada.


Filé de salmão com crosta de bousin e sal grosso

Ingredientes:
Um filé de salmão, +-500g
1 queijo boursin (+-150g)
Sal grosso
Maço de manjerona, picada grossa
A indefectivel manteiga de ervas
Pimenta do reino

Azeite
Aspargos, cogumelos,
etc. Algum vegetal com sabor suave (mas não insonso), para equilibrar o salgado do boursin e do sal grosso.
_________________
Mergulhe os aspargos (ou VcSS a sua escolha) rapidamente em agua fervendo, e transfira para o recipiente de cozinhar no vapor (eu tenho certeza que isso tem um nome técnico, mas não faço ideal qual). Deixe lá por uns 5-10 min.

Unte um pirex com azeite, coloque o salmão com a pele para baixo.

Cubra o salmão com camadas sucessivas, nessa ordem:
- Manjerona, picada grossa
- Metade do sal grosso
- Queijo boursin (uma camada de 1 cm)
- O resto do sal, pimenta moida
- Manteiga de ervas.

Coloque os aspargos, cogumelos e eventuais VcSS em volta do salmão no pirex

Asse no forno pré-aquecido (uns 200 graus) por 5-10 min. Acenda a chama de gratinar, e deixe por mais uns 10 minutos, ou até o boursin dourar.
_______________

Bom, é isso. Arroz de carneiro e salmão não é uma combinação muito ortodoxa, mas desta vez funcionou.

Melhor servido com um Chateau Cocá de garrafa de vidro, safra 2005, vindo do característico torroir da RJR. Na falta, um vinho quebra o galho.

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sábado, 9 de setembro de 2006

Casa, BH
Digerindo o Bungee Jump



Estou digerindo o almoço que cozinhamos. Ossobuco com congumelos e gremolata (primeira vez que faço), espaguete puxado na manteiga de salvia (para comer com o molho do ossobuco), polenta com espinafre, arroz de cebola dourada e lombo com a tal crosta de salsa. Foi bom eu ter aprendido a cozinhar no Rio, onde faço toda a comida sozinho, porque quando venho para cá e tenho staff* as coisas saem com uma objetividade impressionante. Não é todo mundo que gosta de ossobuco, mas eu adoro e estava com ansia de comer um a meses.

Ontem fui com a Mi e o Fernando pular de bungee jump. Foi uma operação meio secreta, já que nem a Ceci nem meus pais podiam saber antes do fato ocorrido (eles iriam surtar). Eles surtaram de qualquer maneira, mas como eu estava manifestadamente vivo quando contei pós-fato, acho que o choque foi um pouco amortecido (figurativamente, e figurativamente, falando).

Era noite de Lua cheia, e nós subimos os 101m da torre do Altavila até um terraço vazado em forma de disco voador, com uma vista fantástica de BH e redondezas. O Zecão ficou no solo, munido de câmera, esfregão e espátula, pronto para qualquer eventualidade. Preso pelas perneiras e pelo colete ao cabo elástico, fui andando como um pinguim pela prancha de metal até a zona de salto. Quando o intrutor disse que eu podia saltar, pulei imediatamente. É um movimento quase doloroso, se jogar no vazio a revelia dos milhões de anos de evolução manifestos no cérebro pré-neocortex, mas dessa vez pelo menos o verniz civilizado que sabe o que é lei de Hooke mas não sabe o que é bom senso venceu. Por um segundo ou dois eu estava em queda livre, sentindo um frio na barriga que não acabava. O colchão de ar, que do solo parecia enorme, era do tamanho de um selo, e eu ficava pensando abstratamente que se a corda arrebentasse eu nunca ia conseguir acertar um alvo tão pequeno. A sensação de peso voltou aos poucos, na medida em que o elástico ia se distendendo. Então, rapidamente, fui arremessado para cima, o elástico ficou frouxo, e estava novamente em queda livre. Primeiro subindo, vendo o disco voador se aproximar novamente, e então descendo. As oscilações seguintes não foram tão alto, mas lateralmente começei a balançar muito, como um pêndulo. A Lua, o chão, Belo Horizonte e a torre iam se alternando no meu campo de visão, até eu parar de cabeça para baixo, oscilando só levemente com o vento.

Quando me cansei (eu ainda preciso ser picado por uma aranha radioativa para achar a ponta-cabeça uma posição natural; e estava frio de rachar), fiz um sinal, e o instrutor baixou um gancho, que prendi no meu colete para ser içado. Ao passar pelo restaurante panoramico, fui aplaudido pelos clientes, aparentemente agradecidos pelo entretenimento proporcionado por meus instintos semi-suicidas. O resto do dia passou quase no piloto automático. Lembro vagamente dos meus pais e da Ceci me dando broncas, e de cuidar do Gabriel de noite. Mas dormí como um anjo.


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*A Maria das Graças, que cozinha bem pacas, e a Diane, que pica, mói e rala qualquer coisa em um átimo.




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quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Casa, BH
De volta

Estou de volta a BH. Vim com a Ceci e o Gabriel de avião, e vamos ficar até 2a de manhã. O Gabriel se comportou quase direitinho a bordo, chorando só um pouquinho e dormindo na metade final.

Geralmente, ele fica de mal humor quando está com sono e não consegue dormir (igual ao pai), mas dá para nina-lo andando pelo corredor da casa cantarolando algo que combine com o estado de espírito dele (i.e., se ele está agitado, canto algo mais animado, se ele está acalmando, ritmo de marchinha, e se ele está quase dormindo o ideal é uma musica calma que vaaaaai e vooooolta.) Meu repertório inclui musicas do Monty Python, hinos nacionais (França e URSS no topo das paradas), valsas, minuetos e algumas árias de opera, a Marcha Imperial, musicas do Chico Buarque, e o clássico de Vincente Celestino; "O ébrio". É um seleção eclética, mas eu canto o que funciona.

É desnescessário dizer que eu canto todas músicas acima, mas não canto bem nenhuma delas. Quando o Gabriel desenvolver algum tipo de discernimento musical, vai ser difícil colocar ele para dormir...

De volta ao avião, andar pelos corredores estava fora de cogitação. Cantar mal então, nem se fala. Por outro lado, bebês se esguelando, ainda mais quando acompanhados de pais intinerantes melodicamente deficientes, são tão bem vindos a bordo quanto membros da Al Qaeda. A solução então é ficar entretendo o Gabriel sentado na poltrona mesmo, com uma sucessão de brincadeiras, caretas e nonsense genérico. Em média cada truque atrai a atenção dele por uns 20 - 40 segundos, então precisamos nos tornar uns animadores bem criativos para mante-lo calmo. Que a paternidade é um aprendinzado eu já sabia, mas que tal aprendizado incluia tornar-me um circo de um homem só é algo que só descobri recentemente.

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Casa, Rio de Janeiro
Blog de cara nova

Como é obvio para qualquer um que já veio aqui antes, eu mudei bastante a cara do meu blog. Inicialmente eu planejava simplesmente mudar o template. Mas depois de fuçar um pouquinho, decido que talvez uma coluna de cada lado dos posts ao invés de uma fosse uma boa ideia...

Uma noite insone depois, antes da qual eu não sabia o que era CSS, consegui por funcionando o ml42 com *2* colunas! Aos poucos, por tentativa e erro e um pouco de adivinhação (baseada na premissa de que quem escreveu o template original [Douglas Bowman, many thanks] era uma pessoa racional), consegui descobrir o que cada pedaço do código html fazia, e fui alterando, na base do ctrl-c ctrl-v, até consegui o resultado desejado. Meio sacal, mas educativo.

Uma semana depois, é criada uma nova e melhorada versão do blogger (beta). Eu tinha a opção de manter o ml42 no formato antigo, mas então não poderia usufruir das novidades, tais como posts antigos indexados naquelas setinhas colapsaveis, labels e edição WYSIWYG dos elementos do blog. Assim, quando o blogger disponibilizou a edição diretado html do novo template, eu migrei.

Outra noite insone depois, refiz meu trabalho de colocar as duas colunas laterais, em uma linguagem substancialmente modificada.

Hoje descobri um blog que explica em detalhes como fazer exatamente isso, escrito por alguem que efetivamente entende do que está fazendo. Se tivesse visto antes, poderia ter feito tudo em 5 minutos.

Mas aí eu continuaria tão ignorante quanto antes. What can't kill you...


Desde então venho adicionando coisas que vou achando em blogs alheios. Entre em um programa da Amazon que me permite gerar automaticamente recomendações de livros que lí e gostei, algo que sempre quis ter mas sempre tive preguiça de implementar. Organizei minhas labels em uma 'nuvem', sumi com a navbar, etc. Tudo isso implementando codigo disponível na rede, escrito por almas caridosas.

Assim, se alguém mais quiser alterar o template do próprio blog, pode claro pegar o que quiser daqui; mas eu recomendo também que visitem os sites abaixo, que tem ótimas dicas e são escritos por gente que efetivamente sabe o que está fazendo.

* No Fancy Name
* phydeaux3
* apt thinking
* Hackosfera


No espírito de Grigory 'Grisha' Perelman, termino com uma simples e elegante solução de um milenar problema matemático.




HT: Roca

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segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Let loose the blogs of war

Acho que quando você lê muito sobre algum assunto, vai mudando aos poucos as suas fontes de informação. No caso da guerra no Líbano, em pouco tempo comecei a achar a cobertura da imprensa brasileira em geral bastante superficial (com notáveis exceções). Depois de um tempo, já achava a imprensa internacional insuficiente. Comecei então a ler avidamente a imprensa israelense e libanesa disponível em inglês. Mas no final a midia mais informativa foi a blogosfera. Não como uma substituição da mídia tradicional, mas como um suplemento que a potencializa.

Em primeiro lugar, os blogs funcionam como um agregador inteligente, descobrindo e disseminando artigos interessantes em fontes muitas vezes obscuras (para mim; e.g. a mídia árabe e hebraica), que de outra maneira eu nunca leria.

Segundo, os blogs israelenses e árabes fornecem um contexto que falta até mesmo ao jornalista mais bem informado e intencionado. É só dar uma lida em quase qualquer coisa escrita sobre o Brasil por estrangeiros para notar pequenos errinhos factuais e de contextualização, referentes a coisas que são obvias para um habitante local mas não são imediatamente aparentes mesmo para um visitante bastante diligente. Durante a guerra, e em particular no que se refere ao Líbano, foram em grande parte as pequenas sutilezas e detalhes históricos mencionados nos blogs que me permitiram entender (ou pelo menos achar que entendia) as motivações das várias (de novo, muito mais que duas) partes envolvidas.

Terceiro, e talvez o mais importante, os blogs permitiram, talvez pela primeira vez em uma guerra, que pessoas dos dois lados do front discutissem os acontecimentos a medida em que eles ocorriam. Escondido em um mar de idiotices e recriminações mútuas, é possivel notar um diálogo acontecendo, que não só é algo bom pelo que representa, mas também é bastante informativo, em particular no que se refere às percepções mútuas.

Abaixo segue uma lista de alguns dos blogs que achei mais informativos e interessantes. Não quero fazer muitos comentários, deixo cada blog falar por sí só.

* Beirut to the Beltway (Libanês nos EUA)
* Across the Bay (Libanês nos EUA)
* CedarSeed (Libanesa)
* Beirut Spring (Libanês)
* Bad Vilbel (Libanês nos EUA)
* Lebanese Bloggers (Libaneses em vários lugares)
* Lebanese Political Blog (Libaneses, também espalhados pelo mundo)
* The Thinking Lebanese (Libanês)

* On the Face (uma Israelense)
* Chega de Saudade (Israelense/Brasileiro, o único que conheço pessoalmente)
* Terra Estranha (Israelense/Brasileira)
* Israelicool (Israelense/Australiano)
* The Happy Arab News Service (um Israelense)

* Sandmonkey (Egípcio)
* Big Pharaoh (Egípcio)
* Healing Iraq (Iraquiano)
* Musings of a Palestinian Princess (Palestina)
* Bliss Street Journal (Americano, morou no Líbano e é casado com uma libanesa)
* Michael Totten (Americano, que viaja para zonas de guerra e bloga profissionalmente)
* Abu Aardvak (Americano, com análises da mídia em árabe)
* Harry's Place (Britânicos, um blog politico em que eu posto bastante)

Note que muitos destes blogeiros comentam uns nos blogs dos outros. Não é cada blog isoladamente que torna este meio tão interessante, é a rede de interações que se forma. Note também que os blogs Israelenses e Libaneses são muito cosmopolitas, uma característica entre muitas que os dois paises tem em comum.

Também vale a pena ler o Holm-Halom, um forum de discussão criado por Libaneses e Israelenses, e que se originou em uma thread no Lebanese Bloggers.

PS: Acabo de descobrir o Cedarland, um site com vários artigos longos e informativos sobre a história do Libano. Em particular, recomendo esta historia da guerra civil, e esta breve descrição das principais facções envolvidas. Mas o recurso mais interessante é esta lista com pequenas biografias dos principais lideres Libaneses (mais alguns Sirios e Israelenses)

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sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Allons à la Tijuca


Ontem tirei um dia para não estressar com a ^%#% da tese, e fui fazer trilha com a Jacqueline na Floresta da Tijuca. Eu havia comprado um livro com todos os mapas e indicações para o parque na semana anterior (ao lado), e estava doido para achar alguem que me acompanhasse. Como eu já disse, a J. já é avó, mas topou na hora. Escolhemos uma trilha sem muitas subidas, que passava por várias das cavernas que existem no parque, e por algumas ruinas das antigas fazendas de café.

Eu vou escrever um post mais detalhado sobre o passeio quando ela me mandar as fotos. Mas foi muito bom! Começamos em um restaurante ('A Floresta'), que fica na antiga senzala de uma das fazendas, e seguimos pelas ruinas da sede (o único pedaço reconhecível é a antiga lareira, e restos de um muro de pedra). Logo depois a trilha se embrenha no mato, e fica difícil acreditar que você está dentro de um matrópole. Não é difícil de seguir, mas há algumas bifurcações, e em alguns lugares a trilha não é bem demarcada. Sem um mapa seria impossivel achar os locais mais interessantes. Ficamos perdidos só uma vez, mas com a ajuda providencial da bússola nos achamos novamente ('*só* uma vez?!?', consigo imaginar a Ceci pensando sarcasticamente, para quem este tipo de passeio é programa de índio, literal e figurativamente). Atravessamos rios, entramos em cavernas, e exploramos ruinas (uma delas habitada por um velhinho meio Lovecraftiano).

Chegamos de volta ao A Floresta restando apenas meia hora de luz do dia. O restaurante estava fechado, mas a cozinheira ('Ana'), que mora lá mesmo com os filhos, muito gentilmente se ofereceu para fazer qualquer item do menu! Por dentro, o restaurante é uma casa típica de fazenda velha, com aquele leve desmazelo rústico que por alguma razão nós mineiros adoramos. Tomamos duas sopas deliciosas, e os meus genes de origem Coelho estavam se sentindo em casa. Sério, eu adoro fazendas, é provavelmente o ambiente em que eu mais consigo relaxar. E aquele restaurante, no meio do mato, envolto pelo mais completo breu as 6 da tarde, e vazio exceto pela J., eu, um morcego* (um inquilino, não um visitante. Evite o banheiro.) e a Ana com seus dois filhos, estava me induzindo a mesma sensação de conforto caseiro.

A volta à civilização é um contraste interessante. Saímos do nosso idílio rural na escuridão total, descendo por uma estrada sinuosa ladeada por árvores que parecia não ter fim. Saindo do parque, próximo à Quinta da Boa Vista, passamos por casarões simpáticos, e casinhas com jardins bem cuidados, tomamos a estrada da Canoa margeada por mansões e casas de tijolo onde os habitantes aproveitavam o final da tarde, e chegamos em São Conrado, onde sararimen estressados presos em um engarrafamente tentavam voltar para casa. É a história da urbanização brasileira comprimida em uma viagem de carro de 20 minutos.

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* Na hora eu senti uma misteriosa ansia súbita de vestir uma capa preta e combater o crime. Deve ser algo que eu comi...

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