Lareira, Hotel Orotour, Campos do Jordão
Idílio Paleolítico
Estou em Campos do Jordão, para mais um 'Nova Física do Espaço' (o décimo ao todo, e quarto de que participo). Está fazendo um frio glacial, o que torna particularmente agradável a lareira sobre cujo ombreira estão os meus pés. Agora a pouco um grupo de chorinho (quase) exclusivamente feminino, o 'Choro de Saia' estava tocando; uma delas é casada com um pesquisador do Inpe (o Alex, que arranjou algumas das músicas).
Antes da música, eu estava tendo um dia bastante paleolitico. Depois de apresentar o meu trabalho pela manhã (o que transcorreu muito bem), eu e o Reza (o meu colaborador britânico de origem iraniana) passamos as três horas seguintes subindo morros e percorrendo trilhas. De volta ao hotel, depois de trabalhar um pouco, comi quantidades industriais de carne mal passada em um churrasco organizado pelo evento. Reavivei então a lareira com pilhas de lenha e uma afanação vigorosa com programa do Nova Física. Realmente, é um estilo de vida bem neandertal este que consiste em perambular por matos e morros, comer carne quase crua e acender fogos crepitantes*. Eu estava a ponto de tacapear alguma transeunte randômica mais apresentável, quando o chorinho começou. Este teve um profundo efeito civilizatório em mim, e me lembrei o suficiente de 20000 anos de evolução cultural para escrever neste blog.
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* As duas últimas atividades são o que permitiram nossos antepassados (a partir do Homo Erectus, que primeiro fez uso do fogo) terem cérebros grandes e metabolicamente caros; se tivessemos que subsistir da alimentação dos gorilas (sem cozimento, sem carne), precisariamos de passar mais de 12 horas por dia comendo só para não morrer de fome.
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