Taxi a caminho do Galeão, Rio de Janeiro
Like, California baby, yeah!
Eu não sei porque ainda me surpreendo com o equibrio tênue entre o épico e o tragicômico que caracteriza os dias em que vou pegar um vôo para fora do Brasil. Estou indo para San Diego, para participar do encontro anual da Society for Neuroscience. O plano era relativamente simples, como eles sempre são: Preparar o poster no começo da semana, deixar tudo pronto até o dia da viagem; colocar a bicicleta dobrável na mala (pois a ideia é sair pedalando do aeroporto), e chegar no aeroporto com suficiente antecedência tal que perder a paciência fosse muito mais provável que perder o vôo.
Para combinar dois lugares-comuns: Nenhum plano resiste ao primeiro contato com o inimigo, e o inimigo era eu...
Eu passei a semana inteira quebrando a cabeça com o modelo*; tentando entender como o tal 'gás de axônios' deveria ser descrito (estritamente falando, este tópico extrapola o tema do poster, mas fazer quê?). Finalmente, ontem de madrugada, resolvi tomar vergonha na cara e fechar o poster com o que eu já sabia, ao invés de tentar fazer pesquisa original na véspera da viagem. O resultado é que terminei o poster hoje na hora do almoço, e fiquei resolvendo as demais pendências enquanto ele era impresso na gráfica. Ficou pronto as 5. O meu vôo era (ainda é) as 2250. Tempo de sobra para pegar um taxi...
Exceto que a linha vermelha (e a amarela, e a marginal) estava parada (sabemos que o transito está parado, ao invés de simplesmente lento, quando vendedores de biscoito Globo surgem expontaneamente do asfalto**). Um rio de carros imóveis se extendia por dentro do fundão: Por trás do Hospital, em volta do CCS e chegando até a Petrobrás. Não tive dúvida. Passei pedalando pelos carros, atravessei a passarela, e sai perseguindo o primeiro taxi semi estacionário vazio que vi.
O taxista se mostrou uma compania excelente! Ele se chama Marco Sensei, toca em uma banda de Reggae e dá aulas de judo. Demorei duas horas para chegar em casa, onde decobri que a mala que uso para levar a bicicleta havia desaperecido. Resolve o problema usando um saco de colchão e 3 m^2 de papel bolha que consegui comprar na papelaria da esquina para fazer da minha bicicleta dobrada uma especie de crisálida. Peguei o taxi e estou indo para o aeroporto. Pelo menos o trânsito está decente.
UPDATE. Mas deu tudo certo. Estou na sala de embarque e estão chamando o meu vôo. Mas fui enganado na entrada da sala de embarque: Ao contrário do que me foi dito, não há nenhum ligar que venda livros aqui dentro! Nove horas sem nada para ler além da revista de bordo. Tentarei com todas as forças manter a minha sanidade.
_________________________
* Descrevendo como o cortex se dobra de dentro para fora devido a tensões internas ao longo dos axônios geradas por uma força entrópica usando combinações muito simples de leis de potência
** É sintomático da minha vida dupla entre a física e a biologia que eu hesito entre usar como metáfora a geração expontânea de vida ou flutuações do vácuo (asfáltico).
Para combinar dois lugares-comuns: Nenhum plano resiste ao primeiro contato com o inimigo, e o inimigo era eu...
Eu passei a semana inteira quebrando a cabeça com o modelo*; tentando entender como o tal 'gás de axônios' deveria ser descrito (estritamente falando, este tópico extrapola o tema do poster, mas fazer quê?). Finalmente, ontem de madrugada, resolvi tomar vergonha na cara e fechar o poster com o que eu já sabia, ao invés de tentar fazer pesquisa original na véspera da viagem. O resultado é que terminei o poster hoje na hora do almoço, e fiquei resolvendo as demais pendências enquanto ele era impresso na gráfica. Ficou pronto as 5. O meu vôo era (ainda é) as 2250. Tempo de sobra para pegar um taxi...
Exceto que a linha vermelha (e a amarela, e a marginal) estava parada (sabemos que o transito está parado, ao invés de simplesmente lento, quando vendedores de biscoito Globo surgem expontaneamente do asfalto**). Um rio de carros imóveis se extendia por dentro do fundão: Por trás do Hospital, em volta do CCS e chegando até a Petrobrás. Não tive dúvida. Passei pedalando pelos carros, atravessei a passarela, e sai perseguindo o primeiro taxi semi estacionário vazio que vi.
O taxista se mostrou uma compania excelente! Ele se chama Marco Sensei, toca em uma banda de Reggae e dá aulas de judo. Demorei duas horas para chegar em casa, onde decobri que a mala que uso para levar a bicicleta havia desaperecido. Resolve o problema usando um saco de colchão e 3 m^2 de papel bolha que consegui comprar na papelaria da esquina para fazer da minha bicicleta dobrada uma especie de crisálida. Peguei o taxi e estou indo para o aeroporto. Pelo menos o trânsito está decente.
UPDATE. Mas deu tudo certo. Estou na sala de embarque e estão chamando o meu vôo. Mas fui enganado na entrada da sala de embarque: Ao contrário do que me foi dito, não há nenhum ligar que venda livros aqui dentro! Nove horas sem nada para ler além da revista de bordo. Tentarei com todas as forças manter a minha sanidade.
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* Descrevendo como o cortex se dobra de dentro para fora devido a tensões internas ao longo dos axônios geradas por uma força entrópica usando combinações muito simples de leis de potência
** É sintomático da minha vida dupla entre a física e a biologia que eu hesito entre usar como metáfora a geração expontânea de vida ou flutuações do vácuo (asfáltico).
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