RAI Convention Centre, Amsterdam
Laranjas azedas
Mas hoje eu vou postar sobre o jogo de ontem...
Eu sai de casa sem saber muito bem onde assistiria o jogo. Eu queria a compania de outros brasileiros, e não somente por temer por minha integridade física se o Brasil ganhasse. Passei por inúmeros bares e resturantes decorados de laranja do chão até o teto; mas não vi nenhum verde e amerelo. Exceto por estes últimos, Amsterdam tinha aquela aparência de cidade fantasma a que estamos acostumados no Brasil em dia de jogo da seleção. Os holandeses levam o futebol a sério.
O museu é dirigido principalmente para crianças e adolecentes; mas a coleção é muito bem bolada. A parte dedicada à educação sexual é (como poderiamos esperar na Holanda) particularmente direta. Uma série de bonequinhos de madeira demonstra posições sexuais descritas no Kama Sutra; uma caixa com duas marionetes cônicas vermelhas permite aos atendentes simular um beijo de língua gigante; e um desenho animado estilo XKCD mostra de forma cronológica as mudanças nos corpos feminino e masculino entre a infância e a idade adulta. Para as crianças, havia uma apresentação sobre o princípio de causa e efeito. Enquanto uma apresentadora hiperativa (de avental branco, obviamente; mas usando um faixa laranja na cabeça) explicava o que estava acontecendo, uma complicada série de mecanismos iam se ativando em cadeia: Uma série de dominós solta uma bola que empurra uma alanca que libera um bondinho que furava um balão que deixava cair um peso em uma balança, que... No final, um foguete era lançado, fixando nas impressionáveis mentes infantis presentes a ideia de que o desenho do Papa-Léguas é um documentário.
Cerca de 100 dos meu compatriotas gritavam, tocavam vuvuzelas, ou produziam ruido de formas mais criativas. Eram acompanhados de duas emplumadas e sacolejantes morenas, uma barraquinha vendendo churrasquinho, e um grupo de percussionistas. Me senti o próprio estereótipo nacional. Um grupo consideravel (mas minoritário) de holandeses alaranjados completava o grupo. Apesar dos cliches e da proximidade com o 'inimigo', o clima era relaxado e bastante agradável. Gritos de 'Brasil!' e 'Holland' e jingles improvisados ('A laranja! foi chupada! A Holanda vai para casa!') se alternavam; mas a disparidade em números e hábitos culturais, e a presença dos tambores tornavam esta disputa uma que os holandeses não tinham a menor chance de vencer. Pelo menos até o final do segundo tempo...
O resto do dia (museu Van Gogh, uma soneca no parque vizinho, torta de maça na praça) trasnscorreu agradavelmente. A única coisa difíl de aguentar eram os bandos de celebrantes, alaranjados e com níveis variados de alcool no sangue, assoviando em coro 'Aquarela do Brasil'.
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