Casa, Rio de Janeiro
De volta
Estou de volta ao Rio. A viagem de volta passou por três continentes e cruzou dois oceanos. Entre o vôo vindo de Amsterdam e o indo para São Paulo, passei 12 horas mofando no aeroporto em Washington. Mas, entre livros, WiFi, a lojinha do Smithsonian e um Mexicano decente com refil de coca, até que foi uma espera agradável. Até consegui descansar um pouco.
O encontro de Amsterdam (a FENS) foi cientificamente decepcionante, em alguns aspectos. Achei as plenárias e as paralelas bastante menos interessantes (e de interesse bem mais restrito) do que as suas equivalentes nos encontros da SfN (nos EUA). Por outro lado, as sessões de posteres foram animadas e instigantes; e a organização foi impecável.
"Você usa anticorpos?" - me perguntou a representante comercial
"Só os que o meu sistema imunológico produz" - respondi
As feirinhas das editoras e fabricantes de equipamentos em congressos dirigidos às ciências biológicas são sempre um evento a parte. Se por um lado a distribuição de brindes foi menos liberal do que em outros encontros, por outro as bocas-livres, petiscos e chocolates eram muito mais numerosas e de melhor qualidade do que em eventos nos EUA. Outro destaque ficou por conta das anticorpetes, um grupo de vendedoras de anticorpos embaladas a vacuo em uniformes estilo Formula-1; sinceramente, elas estavam meio incongruentes em meio aos microscópios cofocais e os implantes craniais para ratos; e dada a demografia destes encontros, imagino que elas fariam mais sucesso em um encontro de física...
Um último comentário: Em sempre gostei de Rembrandt, mas nunca tinha prestado muita atenção nas suas gravuras (i.e., impressões em papel a partir de uma placa de cobre riscada). No seu primeiro a FENS só começava de tarde, então dei uma volta por alguns museus, incluindo o museu judaico e a Gassam Diamonds. Na antiga casa do pintor (sobre cujo conteúdo na época sabemos bastante, graças ao detalhado inventário produzido quando Rembrandt foi a falência e teve que leiloar todas as suas posses), eu estava subindo as escadas quando ouvi que uma demonstração das técnicas de gravura comecaria dentro de instantes. E, em frente a uma prensa manual, uma artista de verdade foi nos conduzindo passo a passo pelo processo: Das três técnicas de riscar o cobre, a maneira de se aplicar e retirar a tinta, até a impressão propriamente dita. E foi só assim que eu começei realmente a apreciar e prestar atenção nas gravuras (e suas matrizes).
As tais gravuras são impressionantes, em particular no uso e representação da luz e sombra. É muito interessante, para quem gosta de quadrinhos, notar o quanto o tipode traço ou risco usado determina a ênfase, o movimento e a forma de uma figura. Além disso, como Rembrandt nunca fora à Itália, o seu contato com os mestres da renascença se deu através de gravura; o seu entendimento do chiaroscuro deve tanto ao buril quanto ao pincel; de fato, tive a impressão de que a gravura para ele era uma forma de arte muito mais ínitma e pessoal do que a pintura. Assim, as suas gravuras ajudam um pouco a entender o restante de sua obra.
2 comentários:
voce poderia ter ao menos avisado que vinha aqui por essas bandas. besides, tinha voos baratinhos entre Amsterdam e Genebra, criatura.
Mas eu avisei! No dia em que falei com vc depois que vc recebeu sua cidadania francesa. De qualquer forma, não dava tempo de dar uma esticada até Genebra; eu até tive que sair um dia antes porque dava aula na 6a.
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