Convention center, New Orleans
Lista de tarefas
Se a visita é curta, é muito útil ter um(a)
guia local. A minha foi a Nandini. Ela é professora na Tulane, originária da
Índia, e mora aqui a menos de cinco anos, mas parece já ter estado em cada
boteco e beco da cidade. E, até dois dias depois da minha chegada aqui, era uma
completa estranha para mim.
Eu sabia que o Alex, de quem fiquei amigo quando
ele me hospedou em Nova Iorque (por recomendação de terceiros, i.e., a Mariana)
há alguns anos, havia morado na cidade até recentemente. Obviamente, fui me
informar com ele sobre lugares interessantes para ir. Ao que ele me respondeu
‘Porque você não pergunta para a minha esposa?’. Ele provavelmente já havia me
dito que ela ainda morava por aqui, mas a informação não formou sinapses. Pois
bem, depois de mais alguma conversa com o Alex (ao longo da qual ele me
ofereceu emprestada uma bicicleta que ele havia deixado por aqui), mandei um
email para a Nandini, esperando uma resposta educada com uma ou duas
recomendações de restaurantes. Recebi uma enorme missiva, com uma lista
detalhada de restaurantes e atrações, comentada e indexada, seguida de uma
série de convites para almoços, bar crawls e socials.
Ainda estou trabalhando com afinco em ambas as
listas.
Pode não parecer, mas também tenho aproveitado
bastante os congressos científicos. O JB Johnston (lema: ‘We have more brains
than you’) é um encontro pequeno, essencialmente sobre neuroanatomia comparada;
então assistimos palestras sobre o sistema nervoso de todo tipo de animal que
jamais pisou na arca de Noé ou nadou a sua volta: lesmas e sangue-sugas,
polvos, tartarugas, elefantes e baleias, etc. O SfN, por outro lado, transforma
todo ano um centro de convenções em uma pequena vila habitada por
neurocientistas e vendedores de equipamento de laboratório. Para alguém como
eu, que vem de outra área, as palestras plenárias são extremamente úteis.
Devido à generalidade de assuntos e a sua própria natureza bogdoniana, a SfN
não é o tipo de encontro que estimula discussões profissionais mais intimistas;
mas por alguma razão este eu tive mais e mais interessantes discussões do que
nos eventos anteriores. De fato, acho que após discutir dismorfia sexual das glias com um professor japonês bêbado, estou apto a debater qualquer assunto.
Em termos pé-na-jáquicos, o mesmo tem
acontecido. Explorei a arquitetura local, comi jacaré defumado e insetos fritos
no museu homônimo (cobertos de chocolate, não têm muita graça; mas waxworm com
temperos mexicanos é interessante, e grilo cajun é delicioso). Eu já saí com
gente de tantos países e estados dos EUA diferentes, ouvi tantos estilos de
música distintos, e fui a tantos bares e restaurantes de todos os tipos, que já
estou dando orientações detalhadas para turistas na rua. Acho que entendo a
Nandini um pouco melhor agora...
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