quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Casa, Rio de Janeiro
O grande bazar aeronáutico


Viajei, pela primeira vez, de US Airways na minha última ida aos EUA. Não tenho grandes reclamações ou elogios. A comida foi previsivelmente mediocre, os assentos eram toleravelmente desconfortáveis, e os filmes de bordo foram perfeitamente esquecíveis. Notáveis mesmo foram somente duas coisas; uma dentro e outra fora do avião.

Eu sei que companias aéreas estão cortando custos onde podem, mas os vôos da US Airways se tornaram os análogos aéreos dos ônibus fluminenses, onde o passageiro é interrompido a todo momento por algum vendedor alardeando aos berros as vantagens, reais ou imaginárias, de suas balas/biscoitos/fitas de cabelo. Podemos escolher entre gastar nosso dinheiro em drinks misturados na hora, sanduiches com nomes pretensiosos (em vôos domésticos), fones de ouvido ou produtos de free shop, todos insistentemente anunciados pelo autofalante. Só não se pode escolher não ser perturbado. O dia não tardará em que comissários de bordo jogarão malabares em troca de algumas moedas, e o copiloto irá implorar por alguns trocados para inteirar a passagem de volta.

As coisas foram menos pentelhativas fora da cabine. Com um trajeto (Charlotte->San Diego->Chicago) primordialmente diúrno, eu atravessei os EUA duas vezes por rotas ligeiramente diferentes. Assim como o nosso, os EUA são um pais continental, mas com um interior em grande parte seco e sem muita cobertura vegetal. Assim, é possivel ir acompanhando do alto como a geologia vai mudando com o fuso horário; das colinas arborizadas nos estertores do outono, na Carolina do Norte, passando pelas planices sem fim quadriculadas de fazendas do Kansas, pelos canions e mesas do deserto do Novo México, com suas famosas dunas de areia branca, até a chegada súbida da continuação das montanhas rochosas, que dão por sua vez lugar à planice costeira da California. Tenho certeza que um geólogo teria entendido melhor os detalhes; mas certamente ficar olhando a paisagem lá fora é melhor passatempo do que aguentar o mercado de pulgas ao lado.

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