quarta-feira, 1 de julho de 2009

Palais de l'Unesco, Paris
Passeando em Paris, voltando no tempo e viajando na maionese

O sol se põe tarde no verão aqui em Paris, e se põe lentamente. Eram 8:30 da noite de segunda feira quando nos sentamos para comer na margem do rio Sena, e o sol se punha. Ele continuava se pondo quando terminamos, duas horas depois. Foi um agradavel piquenique, na companhia de um grupo de físicos (e uma matemática) brasileiros, ao longo de um entardecer de duas horas.


Após me despedir de todos, fui fazer pelo segundo dia consecutivo um passeio tardinoturno ao longo do Sena. É a hora em que Paris é mais bonita, e mais fotogênica. É também um horário em que não há nada aberto nesta roça além de restaurantes e casas noturnas, então passear acaba sendo não só o melhor, mas também o único programa.


As vezes o tempo passa devagar, e as vezes na recontagem ele passa ao contrário. Fomos para o convescote depois de sair do primeiro dia de palestras do 'Universo Invisivel'. O encontro está acontecendo no Palacio da Unesco, que é um tanto mais principesco que os locais típicos onde físicos se reunem (embora não seja nem de longe tão charmoso quanto o Observatorio de Paris). O prédio em si é uma obra em estilo modernista perfeitamente ordinaria que se parece como uma paródia de um prédio típico projetado em estilo modernista. Não sei se é overdose de Oscar Niemayer, e que me perdoem os fãs, mas poucas obras arquitetonicas me provocaram tanta indiferença quanto esta.

O interior do prédio, alcançado após passar pelo raio-x e negociar com o segurança em frenglish a custódia do meu canivete, é agradável e misericordialmente fresco (o clima por aqui está muito quente e sem vento). Me pareceu, porém, um tanto vazio; não há muita atividade aparente na sede mundial da Unesco, pelo menos nesta época do ano. As plenárias acontecem em um salão grandioso aparentemente dedicado a conferencias entre representantes dos paises-membros, com um mural celebrando a amizade entre os povos e outros sentimentos igualmente nobres, microfones para apartes dos diplomatas, assentos retraidos para assessores, e cabines vidradas para tradução simultânea (em inglês, francês, espanhol, russo, árabe e chinês, segundo as legendas). Fiquei tentado a rejeitar veementemente a moção apresentado pelo honorável representante da Tchecoslováquia, ou algo assim, mas me contive. As palestras têm sido na maior parte interessantes (em particular a do Padmanaban sobre relatividade geral vista do ponto de vista da termodinâmica); além disso, para mim é bom reestabelecer um contato mais próximo com a cosmologia de tempos em tempos, dado o meu corrente idílio neurocientífico.

Eu tive alguma dificuldade em acordar na segunda, porém, e perdi as palavras de abertura onde os organizadores se agradecem mutualmente pelo trabalho realizado, tecem loas aos patrocinadores do evento, e discorrem sobre como a nossa (uso o pronome no sentido mais lato) presença lhes causa um extase indescritivel. Ou algo assim. A razão do sono foi o meu passeio (mencionado acima) tardinoturno no domingo. Após pegar minhas credenciais no Observatório, e filar internet no meu ponto tradicional atrás da Notre Dame, fui pedalando ao longo da margem sul do Sena, passando pelo Louvre, pelo Invalides, dando um pulinho no Petit Palais para mais um pouco de WiFi, e uma esticada até a torre Eiffel, antes de tomar o rumo de casa por volta de meia noite.





O próprio domingo já havia começado um pouco tarde, graças ao passeio noturno de sábado, este a pé, que fiz o a Jacqueline (cf. o post anterior). Desta vez saimos de casa por volta de 11 da manhã, e fomos (de metrô) ao Museu do quai Branly, para ver (no último dia) uma retrospectiva sobre a história do Jazz, de 1917 até os dias de hoje. Uma exposição interessante, onde a música (emitida por pequenas caixas de som embutidas nas paredes) e alguns filmes estavam totalmente integrados aos items pictóricos. O museu em si também vale a pena: A coleção permanente é dedicada à arte da asia, africa e américas (i.e., a não-europa), e o prédio consegue combinar harmoniosamente formas geométricas flutuantes, telas vegetais e cercas vivas, e a vista da Torre Eiffel ao fundo.






Na prática, além de todo o seu mérito acadêmico, o 'Universo Invisível' também serve uma função fisiológica: Desde que cheguei aqui, passei a maior parte do meu tempo pedalando ou andando. É bom poder sentar e descansar as pernas por algumas horas de vez em quando.

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