segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Casa, Belo Horizonte
Não só de cérebros picados vive o ser humano

Esta é a época dos trenós voadores, shoppings apocalípticos e comilança desvairada. Me mantendo fiel a esta última tradição, na semana passada fizemos um almoço de Natal/Chanuka/Solstício de Verão/Muharam na casa da Suzana. Fiquei responsável pela parte salgada. Eis as receitas. Reduzi as proporções para umas 6 porções bem nutridas por prato, mas como faço muita coisa no olhômetro, não garanto muita precisão.

Foram duas entradas e três pratos principais. Infelizmente não tenho fotos, mas se alguem tiver alguma e me mandar eu posto aqui.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Hotel da ASUFEMG, Cabo Frio
Haiku turístico em Houston


Foi só voltar de viagem que o meu ritmo de postagem no blog voltou a níveis vergonhosos. Estamos em Cabo Frio para passar o fim de semana com os pais da Ceci, e aproveito a madrugada para postar sobre o meu último dia nos EUA, a mais de um mês atrás.

A Continental Airlines tem o seu centro de operações em Houston, então quase todos os seus vôos internacionais passam ou terminam por lá. Na ida, como já descrevi, fiquei algumas horas fazendo turismo involuntário pelos terminais do aeroporto 'intercontinental' (uma descrição que também seria apropriada a um aeroclube em Istambul; mas divago), a procura de um lugar em um vôo para Chicago, após ter estupidamente perdido a minha conexão original. Na volta, cheguei em Houston sem contratempos para uma parada de 6 horas até o horário do vôo para o Rio. Originalmente, eu pretendia apreveitar para conhecer o centro espacial (para onde os astronautas anunciaram que tinham 'um problema'); mas tanto o centro quanto o aeroporto ficam longe da cidade, em direções diametralmente opostas, e não havia qualquer tipo de transporte direto. Transporte público, alias, é algo por cuja falta a cidade é notória (pelo menos entre meus amigos em Chicago). O plano B era uma breve caminhada pelo centro da cidade, a procura de algo interessante para ver ou fazer. Mas para isso eu precisava chegar lá.

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domingo, 25 de outubro de 2009

Sofá da Kelly, Chicago
go to Wabash and Lake



Ultima noite em Chicago. Para quem não sabe, estou me hospedando na base do couchsurfing, o que significa que fico na casa de completos estranhos que conheço através da internet (a principal função do site é válidar hospedes e hospedantes, e garantir que nem uns nem outros sejam maniacos de machadinha ou flatulentos crônicos). É uma maneira excelente de poupar dinheiro, e conhecer uma cidade nova de forma menos anônima. O processo exige porém uma dose considerável de flexibilidade, e tem os seus lances ocasionais de melodrama. Na minha primeira parada, as duas flatmates passaram em poucos dias do convívio amigável para o estranhamento mútuo para a hostilidade aberta. No momento, elas não se cumprimentam (o terceiro flatmante acaba virando dano colateral na guerra doméstica). As razões da briga são, como eu já disse, um tanto bizantinas, e envolviam a nossa (minha e da Aline) hospedagem, mas não implicavam na rejeiçao, por qualquer uma das partes, da nossa presença lá. Mesmo assim, com clima pesado e o fato de que nenhuma ação ou inação da minha parte seria considerada neutra em um clima tão polarizado (neste aspecto guerras domésticas são iguais a guerra civis), acabei me mudando; inicialmente para a casa que um estudante de cinema divide com seis de seus amigos mais próximos, e em seguida para o apartamento de uma neurocientísta que só chegou hoje de uma viagem de trabalho.

O resultado disto tudo é que a minha estada pós-SfN aqui em Chicago acabou se tornando mais social do que propriamente turistica. Conheci várias pessoas interessantes, entre hospedeiros, seus amigos e namorados, e agregados em geral. Tive companhia para ir em restaurantes, caférs, bares, lojas e museus; discuti a dinâmica populacional de zumbis, o julgamento do Pirate Bay e o a inconstância do clima de Chicago. Eu já disse antes, e repito, que conhecer lugares é muito interessante, mas conhecer pessoas é mais interessante ainda.

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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

McCormick Place, Chicago
Dim sum


Está fazendo muito calor aqui em Chicago: 20 C. Deve ser o aquecimento global...

O encontro da SfN acaba de terminar. Cinco dias de pés e cabeça doendo, mas que valem a pena. Não postei muito nestes últimos dias porque sinceramente não havia muito sobe o que postar. O meu poster fez algum sucesso; a conferencia este ano está melhor do que no ano passado; eu estou me sentindo menos atordoado pela escala do evento desta vez.

Ontem durante o almoço fui com a Suzana e a Theresa almoçar dim sum em Chinatown, aqui perto. Dim sum é um tipo de refeição estilo brunch onde pequenas porções de iguarias chinesas a sua escolha são levadas continuamente para sua mesa, e consumidas acompanhadas de vastas quantidades de chá. Gostei tanto que voltei lá hoje.

Hoje vou ver se consigo visitar algum museu antes do horario de fechar, mas meus pés doem. Também é possível que eu tenha que me mudar, porque duas das minhas hosts estão se atracando em uma longa e bizantina briga a respeito de quando, se e de que maneira a nossa presença lá deveria ou não ter sido melhor coordenada. É na verdade uma discussão complicada demais para descrever aqui (prefiro me ater a temas mais simples e de resolução mais fácil, tais como conflitos no Oriente Médio, neurociência e topologia). De qualquer maneira, devo ir para a casa de um estudande de cinema especializado em documentários.

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sofá da casa da Carolina, Chicago
Cebolas selvagens...


... é o que supostamente significa o termo 'Chicago', na lingua dos indios locais quando os colonizadores europeus se estabeleceram por lá (não digo homem branco porque o fundador da cidade era negro). Apesar de alguns infortunios* ocasionais, a cidade cresceu em tamanho e importancia, até um incendio queima-la por completo em meados do seculo XIX (uma vaca local foi falsamente considerada culpada pela tragedia, até ser absolvida postumamente na década de 90). Os locais aproveitaram a oportunidade para inventar os arranha-ceus, iniciar uma tradição de arquitetura arrojada, e reestabelecer a a cidade em um grid cartesiano de ruas.

O resultado é que Chicago é uma cidade muito interessante (e facil) de se andar a esmo, apreciando os variados e interessantes edificios do distrito central; mas correndo o risco de cair em um bueiro, trombar em um poste ou desenvolver torcicolo.

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

GWB Intercontinental Airport, Houston
Terminais


Eu perdi a conexão de 7:30 da manhã para Chicago por uma questão de poucos minutos (maldita livraria...). Tudo bem, eu pego o próximo, pensei. Vôos para Chicago saem daqui o tempo todo, e a Continental não cobra adicional...

O modelo atual de aviação americano exige que todos os aviões decolem praticamente lotados. O que significa que, entre overbooking, atrasados e pessoas que compram diretamente uma vaga na lista de espera (uma pechincha para aquelas pessoas de temperamento budista), conseguir um assento não é trivial. Até conseguir uma reserva firme para 15:45, o meu dia consistiu em verificar de qual terminal sairia o próximo vôo para Chicago, e me dirigir até lá através de alguma combinação de escada rolante, trem intra-terminais, e caminhada. Após todos os passageiros titulares embarcarem, eu esperava (em vão) que o meu nome fosse chamado, tal qual um orfão rejeitado em filme da sessão da tarde, e mais de uma vez perdi o assento para velhinhas e velhinhos esbaforidos, descarregados na última hora pelos carrinhos elétricos que circulam entre os termnais do aeroporto. Que são, A, B, C, D e E, dos quais conheci todos, exceto o D. Quem sabe na volta...

Apesar da descrição um tanto kafkaniana (a diferença, obviamente, foi que a minha situação era completa e comprensivelmente minha culpa), não tive um dia desagradavel. Eu não era o único viajante com destino a Chicago condenado ao limbo aeronáutico , e em nossas peregrinações conjuntas de um terminal ao outro acabamos batendo um papo demorado, e ocasionalmente interessante. Havia a organizadora de eventos que cruza os EUA diversas vezes toda semana; o economista desmpregado casado com uma Belo Horizontina; um casal aposentado, ele dentista, ela aeromoça, a caminho de um jogo de futebol americano; o vocalista e baterista de uma banda de soul ou jazz, cujo atraso levou ao desespero uma senhora (agente?) um tanto perúica com vários metros cúbicos de spray aplicados nos cabelos; e mais alguns viajantes mais indistintos na memória.

Últimas observações sobre o 'George W. H. Bush Intercontinental Airport', enquanto nao embarco:

- A espera aqui é mais confortável do que nos aeroportos brasileiros. A variedade de lanchonetes, lojas e livrarias é impressionante.
- Não é dificil se locomover, mas os carrinhos elétricos são um tanto irritantes, conduzidos aos berros por motoristas talvez bem humorados demais, e ameaçando a toda hora atropelar os pedestres.
- Fazer piada sobre os procedimentos de segurança dá cadeia, segundo os anuncios do alto-falante.

Taxi na Linha Vermelha, Rio de Janeiro
Liveblogging até Houston (se eu chegar no Galeão a tempo)


Viajar sem aventura não tem graça. Ou pelo menos eu tento me convencer disto toda vez que estou ridiculamente atrasado para pegar algum vôo. Não sai de casa propriamente atrasado; mas depois de passar uma hora para chegar no Rebouças, e me arrastar por 30 minutos até a entrada da ponte, tenho só uma hora e meia até o avião decolar.Hoje estou (espero) indo para Chicago, para o encontro anual da Society for Neuroscience. Vou ficar por lá 9 dias, e volto para o Brasil em seguida (tenho 6 horas de conexão em Houston, então talvez faça alguma coisa por lá tb).

De qualquer maneira, a minha (não) blogagem ultimamente tem sido patética. Espero escrever mais regularmente, pelo menos durante a viagem. Na verdade, a minha vida toda está meio que em transe ultimamente. Os últimos meses foram alguns dos mais improdutivos, tangiversativos e procastinados da minha existência. Se eu quero realmente levar para a frente esta minha vida dupla de cosmólogo e neuro-físico, eu preciso parar com isso.


UPDATE (19:44, GMT -3)
Passamos por dois carros estragados, e a coisa está andando! O motorista, sabendo da minha urgência, está, bem, desencolvendo. Digamos que, se este taxi fosse um Delorean equipado com capacitor de fluxo, eu já estaria em 1950.

UPDATE#2 (21:07, GMT-3)
Diversas camadas de segurança, nenhuma das quais inspira total confiança. Estou no avião, onde toca, por razões que é melhor desconhecer, uma balada pop japonêsa.

UPDATE#3 (22:38, GMT-3)
O avião fez uma curva brusca para evitar algumas cumulus-nimbus de aparência sinistra. Turbulência! Relâmpagos! Valquírias! (bem, talvez não estas últimas). Tudo muito dramático. Estamos passando ao lado de Brasilia. Vejo o plano piloto iluminado ao longe, através de uma brecha nas nuvens.

Depois de todas as perguntas e revistas, o jantar é servido com talheres de metal... Frango surprendentemente comivel; um pão milagroso que resseca 5 minutos depois de ser partido, e nada de Coca-Cola. É o meu primeiro vôo onde Coca não é servida. Na Continental.

UPDATE#4 (16 Outubro, 08:16, GMT-6)
Estou em Houston, esperando conexão para Chicago.

domingo, 30 de agosto de 2009

Casa, Rio de Janeiro
Show de calouros

Alguns dos primeiros hits do Youtube e correlatos foram clips do 'American Idol' (ou algum outro show de calouros semelhante), onde malucos com mais entusiasmo do que bom senso massacravam alguma música de forma particularmente horrenda ou patética. De fato, a bizarrice e a desgraça alheia pareciam ser o grande atrativo destes programas, onde os ganhadores eram via de regra competentes mas pasturizados interpretes de música pop ordinária, e eram menos lembrados do que o desfile de esquisitos sem talento ritualmente escorraçados pelo juri nas primeiras etapas.

A popularidade da Susan Boyle tornou mundialmente popular a disseminação viral de videos de calouros efetivamente talentosos (o seu grande charme é inicialmente parecer ser um dos esquisitos sem talento supracitados). E de fato talves a grande surpresa é que artistas competentes e surpreendentes possam surgir neste tipo de programa.

Abaixo, a ganhadora do Україна має талант ('Ukraine's Got Talent'), Kseniya Simonova, conta (de forma literal e figurativamente melodramática) a história da Ucrânia na 2a Guerra Mundial usando areia. O que me atraiu no clip não é só o talento e expressividade óbvios da moça, mas também o fato de nunca ter visto nada parecido antes.

domingo, 26 de julho de 2009

Casa, Rio de Janeiro
39.1 C, Apocalipse XII e sarcófagos apertados

Estou de volta ao Brasil. Cheguei na quarta de manhã, e em poucos dias peguei uma gripe sinistra (mas não suína, aparentemente). Passei de indisposto na 5a, para mal na 6a, pré-febril no sábado e febril no domingo (hoje). Espero que esta progressão pare logo...

Viajar é bom, mas eu estava com muita saudade da minha família. Um mês é tempo demais...

O meu último dia na França foi uma sequência de viagens de volta: De Pontorson de volta à Caen, de Caen de volta à Paris, da Gare Saint-Lazare de volta à casa da Jacqueline, da casa da Jacqueline de volta ao aeroporto, e de Paris de volta para o Rio. De forma bem pouco característica, fiz todas as conexões com tempo de sobra, e ainda consegui fazer um pouco de turismo de úttima hora. Em Pontorson andei de bicicleta pela cidade, e tomei um lauto café da manhã em um hotel mais arrumado*. Os Hill vieram buscar a bicicleta exatamente no horário combinado, e peguei meu trem para Caen.

Em Caen, visitei rapidamente o castelo ducal de Guilherme, o Conquistador. Na sua época, era um dos mais fortes castelos da Europa, e hoje guarda em seu interior um profusão de museus e cafés. O destaque não óbvio fica por conta da série de esculturas de animais fantásticos colocados em pilastras de madeira (dependendo do meu humor, posso compará-los ao 'Livro dos seres imaginários', do Borges, ou ao Monster's Manual, do AD&D).

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terça-feira, 21 de julho de 2009

TER Basse Normandie, entre Pontorson e Avranches
Quando a maré encher


A dois anos os Hill, um casal de ingleses, resolveram se instalar na Bretanha, e viver de alugar bicicletas. É só ligar para eles de qualquer lugar da região, e em 40 minutos John e/ou Verônica chegam com sua bicicleta, capacete, colete reflexivo e kit para pneu furado. A devolução é feita da mesma forma. Acho que esta viagem se tornou perfeita para mim quando alugar uma bicicleta se tornou tão simples quanto pedir uma Pizza. Em inglês.

Resolvido o meu problema com o banco (graças ao skype e a velhinha do café), sai da penúria, arrumei um quarto em um hotel 'simples', e liguei para o John. Quarenta e cinco minutos depois, exatamente no horario combinado vejo da janela do meu quarto uma van dobrando a esquina, com uma bicicleta no capô e um casal de meia idade no interior (eu já falei que eles são ingleses? São praticamente um esteriotipo nacional ambulante. Chegaram exatamente no horario marcado, e me confiaram uma bicicleta em troca de pouco mais do que um aperto de mão). Parti imediatamente para Mont Saint-Michel.

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segunda-feira, 20 de julho de 2009

L'Ete Cafe, Pontorson
Down and out in Pontorson and Mont Saint-Michel

Cheguei em Pontorson muito cedo hoje, com algumas ideias mas sem um programa fixo. Achei um hotel simpático, comprei o de sempre no Carrefour, tomei um café creme enquanto atualizava o blog, e me informei sobre horarios de onibus e aluguel de bicicleta. Mas só tinha um problema: Estou com 17 euros no bolso, e meus cartões continuam sem funcionar. Estou no momento sentado no café internet local (WiFi é muito parisiense, a coisa por aqui é ethernet!), de favor da velhinha monoglota que cuida do local, ligando furiosamente por skype para meu banco. Espero resolver a situação satisfatoriamente; senão, tenho o dinheiro exato para entrar na abadia em Mont Saint-Michel e pegar o RER da Gare du Nord para o aeroporto em Paris; tenho comida, casaco e capa de chuva, e estou me preparando para dormir em um matinho conveniente a meio caminho de Mont Saint Michel (planejava voltar andando de qualquer maneira).

Coincidentemente, enquanto vagava pela cidade a procura de um caixa eletronico que funcionasse (tentei todos), ao passar pela igreja local (ND de Pontorson), ouvi o som de um orgão tocado de forma solene. Entrei e me deparei com uma igreja normanda típica (embora esteja na Bretanha): Pesada, traços limpos (mas alguns arcos ogivais, não clássicos); escura com janelas muito luminosas; fria e com cheiro de pedra; e inspirando a sensação de contemplação e tranquilidade. Eu era a unica pessoa na igreja, pensei. Exceto pelo organista, que nem se deu o trabalho de me olhar enquanto eu andava pela igreja, e cada passo e clique meu parecia soar como um sino. O cara não era muito bom, mas a música soturna era extremamente apropriada ao meu estado de mendicante medieval munido de laptop. Depois de apreciar a musica e a situação por mais alguns minutos, sai e fiz meu piquenique sob a sombra do campanário.

UPDATE: Resolvi o problema. Adeus vida mendicante!

Hotel Rennes, Caen
A vingança do rei Haroldo

Passei o dia de ontem pedalando pela baixa Normandia. Hoje embarco para Pontorson, a 10km de Mont Saint Michel, e acabo de descobrir que, pelo menos aqui, e hoje, nenhum de meus cartões de crédito funciona, nem como crédito nem em caixas eletrônicos. Vamos ver o que eu faço...

A chegada a Caen foi absurdamente civilizada. Peguei um mapa local, indicações de hoteis e as tabelas com horarios de trens já no saguão da gare; organizei o meu itinerário e comprei as passagens até Paris com um funcionario extremamente simpático, e atravessei a rua até um café com WiFi, para um pouco de cafeina e para subir o post anterior, bater um papo com a Naira por skype, e criar uma conta para a versão local do Velib. Me dirigi ao meu hotel, no mesmo quarteirão, onde consegui um quarto com o dono (monoglota, mas gente fina), tomei um banho, deixei a mochila, e sai, atravessande novamente a rua e retirando a minha bicicleta alugada para meu passeio até as praias do Dia D.

Caen é conhecida por essencialmente duas razões: A invasão normanda da Inglaterra em 1066 , e a invasão da Normandia a partir da Inglaterra em 6 de Junho de 1944. No primeiro caso, porque era a sede do ducado da Normandia; Guilherme o Conquistador está enterrado aqui e Bayeux com sua famosa tapeçaria estão a alguns quilometros de distância. No segundo, porque era um dos objetivos principais dos aliados, por ser um nodo de estradas de rodagem e de ferro e a chave para a marcha até Paris. Minha visita se concentrou nesta última, mas é impossível passar por esta região sem notar as inúmeras igrejas, abadias e fortificações remanecentes do período mais remoto.

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domingo, 19 de julho de 2009

Gare Saint-Lazaire, Paris
A Bastilha cai todo ano


Além do Chuck Norris gaulês, tive um dia da Bastilha interessante aqui em Paris. Me encontrei com o Catão, Mariana, Sandro e Stella para um piquenique nos jardins do Museu Rodin. Como de costume, compramos quantidades monstruosas de comida, em volume e variedade. Enquanto os demais grupos se contentavam com o conteudo de uma ou duas tupperwares e uma baguete, iamos nos resfastelando com o piquenique do juizo final, com diversos tipos de queijos, embutidos, patês, pães, frutas e bebidas. Metade da comida depois, e após uma digestão prolongada deitados na grama, fomos ver as esculturas espalhadas pelo jardim (incluindo O 'Pensador' e o 'Portão do Inferno'); gostei em particular de 'Os burgueses de Calais', quatro figuras expressando ao mesmo tempo tristeza, resignação, desespero e raiva, enquanto caminham em direção ao acampamento dos consquistadores ingleses para entregar-lhes as chaves da cidade.

Segui então para a Ille de la Cité, onde me encontrei com a Jacqueline e o Catão para assistir um concerto de música de câmara dentro da Sainte-Chapelle: Vivaldi, com um pouco de Pachebel e (acho) Paganini, tocados por um violinista francês renomado e competente orquestra. Eu não canso de falar aqui no blog sobre o quanto eu gosto da Sainte-Chapelle (embora suspeite que meus leitores se cansem de ouvir a respeito). Assistir um concerto deste calibre lá dentro enquanto o sol se põe é indescritível.

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Palais de l'Unesco, Paris
Eles são especiais

Uma conversa em franglês, na exibição do exército francês nos jardins do Invalides em comemoração ao 14 de julho:

EU: Porque o seu fuzil é diferente do fuzil dos outros soldados (ele tinha um HK416, os outros, o FAMAS tradicional)
Soldado Francês: Estamos em transição para o fuzil novo
Eu: O exército inteiro?
SF (fazendo pose): Não, só as forças especias
Eu: Então vc é das forças especiais... Você já esteve no Afeganistão?
SF: (se esforçando para parecer perigoso e misterioso) Eu não sei...
Em geral, quanto mais 'especial' um soldado afirma ser, menos especial ele realmente é. A maior parte das autonomeadas 'forças ['de operações', na terminologia americana] especiais' no mundo são na verdade formações de infantaria ligeira bem treinadas. Por outro lado, se um cara troncudo não dá muito papo e afirma ser o cozinheiro, ou o faxineiro da base, provavelmente faz parte de alguma unidade ultra-secreta e é extremamente perigoso.

O equivalente gálico do SAS ou da Força Delta é o 1er RPIMa, e eles de fato usam o HK416; mas não são a unica unidade francesa a fazer isto. As forças de ação direta nos EUA ou no Reino Unido tomam bastante cuidado em proteger a identidade de seus membros, e não são conhecidas por ficarem fazendo pose para turistas acidentais. Por outro lado, o 1er RPIMa tem uma banda (!), então talvez as coisas funcionem de forma diferente na França.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Apessoinha Bed & Breakfast, Paris
Adieu London, hello Paris

Os dias foram movimentados em Londres, e continuei com o meu novo hobby de caminhadas noturnas. Na 5a me encontrei com a Rima, e fizemos um tour a pé pela parte chique (posh) da cidade: Sloane Square, Chelsea, Kensington, etc. Sob muitos aspectos, caminhadas são uma maneira muito mais interessante de reencontrar amigos do que refeições em restaurantes. A experiencia é muito mais memorável, não ficamos presos ao ritmo imposto pelo serviço do restaurante (pedido/comida/sobremesa/conta), e é possível haver pausas na conversasão sem desconforto (e, reciprocamente, não existe a nescessidade de preencher cada minuto de silêncio com palavras); pausas não-desconfortáveis são um sinal de entendimento real entre duas pessoas (só em relações superficiais a conversa nunca para), mas é preciso algum tempo até achar o ritmo certo se estas não se vêem há muito tempo. Depois da extremamente agradável caminhada, me despedi da Rima e fui andando ao longo do Tâmisa a partir da ponte Chelsea, passando por uma usina termoelétrica fora de funcionamento (muito feia, mas por alguma razão tombada), e por uma monstruosidade em forma de pirâmide asteca, em frente à ponte de Vauxhall. Passei pelo parlamento e adjacências (habilmente iluminados, o que produziu em mim certos impulsos homicidas em relação a carregadores de bagagem holandeses), e finalmente peguei o metro em Embankment (ligando a trajetória do passeio com a da noite anterior)

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

France House - QMUL, Londres
Holandando

Paris é monumental, construida para impressionar com suas grandes panorâmicas, mas transparecendo um certo artificialismo. Tudo é muito grande, muito espetacular. É preciso resistir a tentação de correr em estado de frenesí fotográfico de um monumento até o outro, ou de uma ala de seus cavernosos museus para outra, em uma tentativa fútil de 'ver tudo'. Mesmo sendo mais auto-referente e menos aberta que Londres ou Nova York, Paris é mais capáz de inspirar nos visitantes a sensação de reverência ressentida que o provincial estereotipicamente sente em relação à metrópole. O efeito provavelmente é intencional; Londres, Nova York se tornaram com o tempo cidades imperiais; a Paris atual foi projetada como tal.

Amsterdam é uma cidade em escala humana, construida compacta e sensatamente em volta de três canais. Não tem obras monumentais, mas impressiona pelo conjunto. Amsterdam é conhecível em um dia. Foi o que eu fiz com a Ana Júlia. Uma passeio agradável e sem pressa com paradas não programadas quando necessário para comida, bebida, cafeina ou descanso. Passeio este que fomos esticando gradualmente, de uma voltinha durante a tarde até uma caminhada pela madrugada.

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