segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sofá da casa da Carolina, Chicago
Cebolas selvagens...


... é o que supostamente significa o termo 'Chicago', na lingua dos indios locais quando os colonizadores europeus se estabeleceram por lá (não digo homem branco porque o fundador da cidade era negro). Apesar de alguns infortunios* ocasionais, a cidade cresceu em tamanho e importancia, até um incendio queima-la por completo em meados do seculo XIX (uma vaca local foi falsamente considerada culpada pela tragedia, até ser absolvida postumamente na década de 90). Os locais aproveitaram a oportunidade para inventar os arranha-ceus, iniciar uma tradição de arquitetura arrojada, e reestabelecer a a cidade em um grid cartesiano de ruas.

O resultado é que Chicago é uma cidade muito interessante (e facil) de se andar a esmo, apreciando os variados e interessantes edificios do distrito central; mas correndo o risco de cair em um bueiro, trombar em um poste ou desenvolver torcicolo.


Depois de meu periplo em Houston, cheguei na casa da Carolina (minha host de couchsurfing) já tarde na 6a. Na manhã seguinte, ela nos deu carona (digo nós poruq há uma outra brasileira participante do congresso da SfN hospedada na casa dela) até o local onde ocorre o evento. O McCormick Olace é o maior centro de convenções doe EUA, e não sabiamos para qual de suas cavernosas unidades deveriamos nos dirigir. Pensamos inicialmente que deveriamos entrar em uma enorme fila que dobrava o quarteirão em torno de um dos pavilhões. Mas a profusão de violões, tambores e implementos musicais variados, e a ausência de tubos para posteres, sugeria o contrário (descobri mais tarde que estes eram os participantes de algum show de calouros local). No pavilhão correto, a conferência foi aberta por dois mágicos profissinais, que deram uma demonstração prática de como a atenção humana funciona, e como ela pode ser enganada (um deles, Apollo Robbins, certa vez trocou o conteudo das carteiras e roubou os distintivos dos agentes do serviço secreto que protegiam Jimmy Carter).

O restante do dia foi menos lúdico, mas muito bom academicamente (talvez porque eu estou me sentindo menos perdido este ano, achei este congresso melhor do que o do ano passado). Não tive tempo de fazer turismo, mas chegando aqui organizamos um mini-festival de filmes de terror, consistindo do REC (filme de zumbi espanhol excelente), seu remake americano (reproduzido quase cena por cena, mas bastante inferior), e um terror trash genérico bastante esquecível (Saw 4,7 ou pi, sei lá).

No dia seguinte (hoje), o dia estava perfeito, com ceu azul (raridade em Chicago) e temperatura em níveis sensatos. Depois da primeira palestra do dia, dei uma escapulida e fui andar um pouco. Serendipicamente, passei na frente do Instituto de Arte de Chicago, e não pude deixar de entrar, para ver a sua enciclopédica coleção. Museus de arte têm personalidades bastante distintas, mas as suas descrições constumam ser bem parecidas ('os Monets são impressionantes... A coleção renascentista merece uma visita...'), então não vou entrar em detalhes, exceto para notar que a visita vale o salgado preço da entrada (US$18).

Voltei ao Neuroscience, assisiti palestras, peguei freebies vários com os expositores, perdi e achei o celular pré-pago que comprei por aqui. Já anoitecia, e, assim como fiz em Londres, sai em caminhada noturna. De forma absolutamente típica, o que deveria ser um passeio rápido se transformou em uma marcha percolativa de 3 horas de duração. Os pontos altos foram o Milennium Park (com diversas instalações a céu aberto iluminadas, incluindo o feijão prateado gigante mostrado acima), e o mirante da torre Hancock, com uma vista espetacular da cidade iluminada e do lago Michigan (e um audioguia narrado pelo David Schwimmer, o Ross do Friends, e nativo da cidade).

Amanhã apresento o poster.





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* E.g. o massacre dos habitantes pelos indios cebolofilos (estimulados pelos ingleses), e o fato de muito da cidade originalmente ter sido construida em um lamaçal)

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