segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Hotel Edelweiss
SOS camada de ozônio

Estou aqui na Argentina a apenas 15 dias, mas sinto como se estivesse aqui a meses. Isto se deve, em igual medida, a saudades de casa e ao periplo intelectual que foi este evento.

Nao consegui postar muito nesta ultima semana; nao so' mudamos de hotel (alto nivel, mas com WiFi muito caro), mas entramos em um ritmo de pouco sono e muito trabalho, assistindo as palestras durante o dia, e trabalhando no projeto final durante a noite. Devo dizer que fiquei muito satisfeito com o meu*. A minha apresentaçao foi a ultima; de fato, a penultima palestra do evento. So' quando terminei entendi a magnitude do meu cansaço. No computo geral, foram duas semanas tao intensas quanto gratificantes. Quase todas as aulas foram interessantes, e me fizeram pensar muito. Os professores conversavam e faziam suas refeiçoes conosco (jantei com o Gell-Mann umas 3 vezes), e os meus colegas sao simplesmente fantasticos. Poucas vezes na minha vida encontrei um grupo tao interessante e interessado. Suspeito fortemente que daqui para frente continuaremos a nos esbarrar pelo mundo.

Fora a excursao ao Cerro Catedral (cujas fotos ainda nao postei por falta de tempo e banda), e um passeio pela cidade hoje, nao fiz nenhum turismo digno de nota. Tenho portanto poucas observaçoes, digamos, antropologicas, sobre nossos hermanos do sul. Noto, porem, duas obsessoes locais que sou incapaz de entender: Toques de celuar bizarros (uma voz feminina de taquara rachada gritando 'atende a /&·"%$ do telefone' parece ser particularmente popular), e a quantidade de laque de cabelo (ou agente fixador equivalente) que argentinos e argentinas, especialmente os jovems, usam. Sao mechas (a)lisa(da)s apontando em todas direçoes, ou massas medusicas de cabelos cacheados armados formando uma tenda fractal. Tudo isto se movendo rigidamente juntamente com a cabeça, como em um playmobil. Nao que isto realmente me incomode (bem, os telefones enchem o saco), so' acho curioso. Mas a carne continua fantastica.

Amanha saio daqui, e por falta de uma sequencia factivel de vôos, so volto ao Brazil no dia 16. Aproveitarei para dar um pulinho no Chile, atravessando os lagos glaciais e passos andinos ate' o oceano Pacifico, em Puerto Mont. Volto no dia seguinte, direto para o aeroporto, e de la' para o Brasil. E chega de viajar. Este ano.

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* Fiz parte de um grupo quadrinacional (Brazil, EUA, China e Uruguai), estudando a memoria associativa sequencial do sistema olfativo; obtivemos alguns resultados interessantes com nosso modelp, e consegui elaborar um toy model muito legal que pode ser iterado com papel e caneta, mas retém algumas caracteristicas essenciais do sistema real; ele consegue reconhecer 'cheiros' (codificados na forma de vetores binarios de neuronios ativados/nao ativados), reconhecer quando um cheiro e' trocado pro outro, e reconhecer sequencialmente uma combinaçao de cheiros=

Um comentário:

Humberto disse...

O Gell-Mann largou a filologia e está mexendo com neurociência? Não que eu me surpreenda em caso de uma resposta afirmativa, é simples curiosidade... E em qual idioma ele conversou com você? Ele corrigiu sua pronúncia? :P