Casa, Belo Horizonte
Está a brincar, Sr. Gell-Mann!
O Gell-Mann é de fato um velhinho muito simpático. Pelo menos foi conosco, estudantes do CSSS. Deu duas palestras no último fim de semana da escola, e, assim como os demais professores, ele e a esposa faziam suas refeições com a gente sem frescuras, e batiam um papo amigável.
Ele agora está semi-aposentado, estudando literalmente o que lhe dá na telha lá em Santa Fé. A sua esposa, apesar de uma primeira impressão um tanto intimidante, também é gente boa. Ela aparentemente é uma costureira/designer de moda de certo renome, e origens aristocráticas. Nos contou sobre quando, por razões convolutas demais para que eu me lembre, ficou encarregada de receber diversos cardeais (e, eventualmente, o Papa) em uma mansão ou algo do gênero na Itália. Os cardeais invariavelmente pediam ou algum tipo de droga (analgésicos e barbitúricos, acho), ou bebida; um deles chegou com uma maleta cheia de dinheiro. Pelo menos nenhum pediu coroinhas...
que na realidade está mais distante está mais próximo.
Humberto, o Gell-Mann continua sim obcecado por etimologia, e com a pronuncia das palavras. Ele não corrigiu o meu português, mas ficou bastante curioso quando eu disse que ele tinha um sotaque carioca (ele não fala português, mas conhece algumas palavras. Alias, ele conhece algumas palavras em todas as línguas conhecidas, incluindo !Kang). Viajamos um pouco ao tentar imaginar a origem das diferenças de pronuncia entre Minas e Rio. Ele também é um observador de pássaros; aprendi mais do que jamais quis saber sobre o Pica-Pau de Magalhães. No penúltimo dia no Edelweiss, eles saíram em excursão ornitológica pelas margens do Nahuel Huapi.
Gell-Mann também é um ateu fervoroso. O que não o impede de saber minúcias sobre
diversas religiões. Será que Deus prescinde de causalidade, e age somente de forma auto-consistente? Mas a comida chegou antes que pudessemos responder esta pergunta.