sábado, 29 de setembro de 2007

Ônibus, BH
Programa de milhas rodoviárias

Estou no ônibus para o aeroporto, de onde pego um voo para o Rio. Estou aproveitando um wi-fi aberto dando sopa na vizinhança; mas fico também muito feliz de este ser o último ônibus que vou pegar por um bom tempo. Mais ainda, acho que o estado de São Paulo devia criar um programa de milhagem rodoviária. De terça até ontem, fiz de ônibus Rio-Campinas-[várias cidades do interior paulista]-Lindoia-Aguas de Lindoia-[outras cidades do interior paulista]-São Paulo-BH. Acho que vale um trecho grátis Jundiaí-Piracicaba.

UPDATE: Fiz um mapa com as paradas. A ida em azul, e a volta em vermelho.

Rio - Aguas de Lindóia
Rio de Janeiro
Campinas
Jaguariuna
Pedreira
Amparo
Serra Negra
Lindóia
Aguas de Lindóia

Águas de Lindóia - Belo Horizonte
Águas de Lindóia
Lindoia
Serra Negra
Amparo
Morungaba
Itatiba
Jundiai
São Paulo
Belo Horizonte

(e hoje, BH->Confins->Galeão->casa)

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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Rodoviaria, São Paulo
O roteiro das rodoviárias

Cheguei finalmente aqui em SP, em conexão para BH. Haviam me dito que a viagem de Águas de Lindoia até aqui demorava 2 horas. Suponho que demore, se o ónibus não fizer um tour pelo circuito das cidades ordinárias com nomes indígenas. Passei quatro horas me extasiando com a arquitetura das rodoviárias de cidades notáveis pela sua falta de característica notáveis, e dobrando o meu vocabulário em Tupí-Guaraní. Finalmente em Sampa as 10:30, tentei falar com o Fernando, com quem havia combinado de sair ´por volta das oito´. Argh... É o último congresso que vou em Águas de Lindoia. Vc perde um dia inteiro para ir para, e outro para voltar de, um nada no meio do nada.

No trecho final, entre Jundiaí e Sampa, até que rolou um papo legal com uma fonoaudióloga e uma pedagoga. Existem mais pessoas com quem valha a pena conviver do que físicos de partículas e campos radicados no interior de São Paulo.

Aqui na rodoviária, entabulei um papo com uma velha mendiga. Muito interessante a conversa, sobre uma faceta da vida urbana com a qual temos muito pouco contato. Me lembrou muito a segunda parte do ´Down and out in Paris and London´, do George Orwell, quando ele volta para Londres e passa a viver em Albergues com horas esdruxulas e comer cozidos de *.* em sopões municipais. Uma pessoa assim tem tão pouco controle sobre a própria vida que deve ser difícil distinguir realidade da paranóia. É difícil saber o quê exatamente aconteceu quando ela diz:

'É os bandidos meu fio. São os bandido. Eles vem de moto. Eu fui para
Jundiai, depois para Franco da Rocha, depois para Itatitiba e depois
Bragança e eles vem atrás'

Assim como nos tempos do Orwell, mendigos viajam bastante. Além das
cidades acima, a minha amiga já havia estado em BH e no Rio (um lugar,
segundo ela, muito mais seguro que São Paulo e com uma população mais amigável e solidária). Fundamental na sua avaliação de cada
município era a qualidade do(s) abrigo(s) e albergues. É meio
deprimente constatar que, apesar da proximidade física intrínseca à
vida urbana, eu e a minha amiga vivemos quase que em universos
paralelos.

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Rodoviaria, Aguas de Lindoia
Pé na estrada

No post anterior eu disse onde estava, mas não por quê. Estive aqui
para o XXVIII Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos.
Cheguei aqui na terça de manhã, após ir (de onibus) do Rio para Campinas, de Campinas para Lindoia, e de Lindoia para Aguas de Lindoia. Estava, obviamente, destruido (na noite seguinte, dormi quase 12 horas seguidas). Não ví nenhum seminário particularmente interessante no primeiro dia (mas é difícil saber o quanto isto se deve ao meu estado morto-vivo), mas encontrei algumas pessoas que valem a
pena.

A quarta foi o dia mais interessante, academicamente falando. As duas plenárias 1,2 foram não só estimulantes e didáticas, mas também complementares. Ambas começaram do mesmo ponto: a dualidade na eletrodinâmica entre as descrições de Faraday, com linhas de campo, e de Maxwell, com equações diferencias parciais locais. Mas enquanto o
primeiro usou isto para motivar a(s) teoria(s) de cordas, o segundo abriu caminho na direção da Loop Quantum Gravity. Foi uma congruencia curiosa, já que existe um conflito meio bairrista entre o pessoal de cordas e de LQG, o mais perto de um FlaFlu que a física elementar tem. Assisti também uma das paralelas 3, sobre plasma de quarks e gluons. É impressionante como uma palestra bem dada, mesmo sobre um
assunto que eu não entendo bem, pode ser interessante. De forma análoga, uma palestra sobre um assunto que eu entendo muito mais, a supernova 1987A, quase induzia ao suicídio de tão chata.

Na quarta a noite saí com um bando de físicos para tomar cerveja/coca cola. Mais do que vazia, AdL parecia então quase assombrada. Uma matilha nos seguia por ruas desertas e lojas fechadas (e isto as 9 da noite!), até acharmos um bar aberto. Os cachorros então se deitaram no meio da rua em formação defensiva, e se alternavam na perseguição de eventuais motoqueiros temerários o suficiente para passar perto. Eu,
de forma totamente típica, decidi comer uma pizza de calabresa (já havia jantado, mas pizza é pizza). Voltei então para o hotel para terminar minha apresentação.

AS 4 da manhã, terminei de preparar a apresentação, e meu estomago já fazia protestos ruidosos. Passei a noite em luta encarniçada com a pizza, e saí do quarto, ainda um tanto trêmulo, diretamente para a minha sessão. Acho que me saí bem; a comunicação foi bem aceita, dentro do tempo, e com uma série bem estruturada de slides. Talvez
menos compreensível para a plateia, alheia a meus tremores peristálticos e turbilhões gástricos, foram os ocasionais grunhidos, e a minha maneira meio Clint Eastwood de falar por trás de dentes cerrados.

O resto do encontro transcorreu sem maiores transtornos ou sobressaltos; a pizza passou gradualmente desta para a melhor, e eu voltei a passar mais tempo fora do banheiro do que dentro dele. Escrevo agora sentado na pituresca rodoviária da cidade (sem wi-fi, ao contrário de Campinas), onde espero um ônibus que me levará até São
Paulo, onde pretendo me encontrar com o Fernando e o Kosta. Irei em seguida para BH. Chego lá na sexta de manhã, e volto para o Rio de avião no Sábado.

_______________________________
1 Rajesh Gopakumar (Harish-Chandra Research Institute – India) - From
Fields to Strings
2 Lee Smolin (Perimeter Institute, Canada) - Emergence of chiral
matter from quantum gravity
3 J. Takahashi (UNICAMP) - Quark-Gluon Plasma, a perfect liquid from RHIC to LHC

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

Hotel Majestic, Aguas de Lindoia
De bicicleta para a fama

Domingo passado fiz um almoço para o Bernardo, Carla e Júlia, que voltaram recentemente de Londres, para a Naira, e que contou com uma participação especial da Suzana, Carlos, Luquinha e Lulu. Fiz quase o mesmo menu do jantar na casa da Mari, exceto pela falta do risoto e acréscimo do crepe de nutela com calda de laranja (havia feito crepes no sábado tb).

Após acordar, tomar café e reassumir a minha condição de ser humano, saí de bicicleta com o Gabriel para dar uma volta na Lagoa e comprar os ingredientes. Era uma dia tranquilo, e fiquei só ligeiramente surpreso quando vi um jogo de baseball em curso perto do corte do Cantagalo. Fiquei um pouco mais surpreso com dois hoplitas, muito bem paramentados com couraças, elmos crinados, escudos estampados com górgonas e lanças, treinando na grama ao lado da ciclovia. Inevitavelmente, parei para perguntar o que diabos era aquilo, meio esperando ser chutado lagoa adentro por um dos hoplitas aos gritos de 'This is Espaaartaaaaaa!!!!'.

Quebrando um pouco o clima, aquele que parecia ser o líder dos myrmidons ersatz me disse amavelmente que eles eram um grupo de recriação histórica (como e.g. a SCA), que treinavam todo sábado, e ainda que eu seria muito bem vindo. Tenho que admitir que fiquei bastante tentado. Adoro a ideia de atingir os amigos com instrumentos pontiagudos e ainda chamar isto de esporte.

Andando mais um pouco, vi um casal em animada conversação em um pier, enquanto eram filmados por uma equipe completa. Imaginei que fosse alguma cena de novela; mas a conversa rendia e rendia, sem nenhuma acrimônia aparente, o que me parecia bem pouco típico para o padrão Globo (ou Record, ou Televisa) de melodrama. Meus devaneios foram interrompidos, porém, pela cesta da bicicleta, que sem dar explicações resolveu se soltar e bater de forma barulhenta no chão. Consegui com algum esforço retirar o Gabriel da bicicleta e levá-la até a grama. Com a simpática ajuda de uma moça que fazia parte da equipe de filmagens e o auxílio material de funcionários do quiosque próximo, improvisei um conserto McGuyveriano com um pouco de arame e meu canivete. Enquanto agradecia pela ajuda, inevitavelmente ('é minha natureza', como diria o escorpião na fábula) perguntei à moça o que eles filmavam. Era um programa piloto dedicado a bicicletas, ela me disse. Obviamente, achei a ideia interessante, e mencionei de passagem que eu não só gostava muito de bicicletas, como as usava para ir trabalhar. Foi a vez dela de ficar animada. 'Será que você poderia' - ela perguntou - 'nos dar uma entrevista?' Respondi que sim, imaginando uma ou duas perguntas rápidas. Mas a ideia dela, um tanto mais elaborada, era me filmar saindo de casa, e chegando no trabalho, e depois me fazer algumas perguntas. Tudo bem. A equipe iria lá em casa na segunda feira, e (imaginei) em 15 ou 20 minutos teriam as imagens e respostas que precisavam.

Eles chegaram, como combinado, as 9 da manhã. A minha condição humana ainda era um tanto precária quando fui recebe-los.

"Então você coloca o capacete e filmamos você enquanto se prepara"

"Err... Eu não costumo usar capacete na ciclovia, e a minha preparação consiste de pegar a bicicleta e sair pedalando"

"Mas onde você leva as roupas de trabalho?"

"hmmmmm, quando está muito quente eu levo uma camiseta extra, mas eu trabalho assim mesmo [de bermuda e chinelo]"

Não sei se eles ficaram decepcionados por não conseguirem imagens a lá Rambo de um atleta-filósofo colocando capacete, sapatilhas, camiseta de microporos, medidor cardíaco, GPS, faca, M-60, granadas (talvez não esperassem estas últimas). Mas eu precisava de um capacete, para dar o exemplo (no que alias eles têm toda a razão), e um capacete foi providenciado.

A entrevista foi bastante simples. Acho que a ideia é que eu fale em off (tipo no final original de Blade Runner!), então só minha voz foi gravada, enquanto eu discorria sobre as diversas vantagens da bicicleta e tentava não dizer nada de muito bizarro.

A primeira cena, na qual eu fazia o papel de "Bruno Mota, um físico que vai de bicicleta para o trabalho", consistia em colocar o capacete, retirar a corrente, e sair pedalando da garagem. Me enrolei com a corrente na primeira tomada, sai muito rápido na segunda, mas acertei na terceira. Em seguida, uma tomada na qual nosso intrépido herói segue pela Bartolomeu Mitre e atravessa a Ataufo de Paiva. Depois, combinamos de nos encontrar em frente ao posto 9, para que me registrassem pedalando pela ciclovia em Ipanema. Finalmente, nos encontramos no CBPF, onde os confusos seguranças me viram entrar e sair pela portaria principal três vezes seguidas. Pendurei então a bicicleta no bicicletário (duas vezes), e nos despedimos.

No final, a coisa toda demorou muito mais do que eu esperava. Na minha inocência, achei que um segmento de alguns poucos minutos demoraria outros tantos para ser filmado. A equipe toda foi extremamente simpática, e um programa sobre bicicletas certamente é uma ótima ideia. Eles ficaram de me mandar uma cópia quando a edição ficar pronta, mas não há ainda uma data ou emissora para anunciar. Vamos ver como me saí.

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sábado, 1 de setembro de 2007

Gerador de escudo, Lua florestal de Endor
Star Wars Simpsons

Fantástico! Agradecimentos ao Luiz Pimenta


(Rich Cando)

UPDATE: Segundo o youtube, This video is no longer available due to a copyright claim by Twentieth Century Fox. Que coisa estúpida! Em primeiro lugar, isto não é verdade (paródias são explicitamente permitidas pela doutrina de fair use; ninguem pensa em proibir o Spaceballs, e os Simpsons certamente usam e abusam do gênero). Além disso, um video destes é um comercial pro-bono de alta qualidade para dois franchises da Fox! Não é a toa que a industria de 'entretenimento' está enfrentando problemas, pois ela é claramente liderada por imbecis.

UPDATE2: Achei um link que ainda funciona. Vamos ver quanto tempo dura.

UPDATE3: O plantão do ml42 informa: O Pavarotti morreu. Não fui eu, tenho um álibi!

UPDATE4: Minesweeper the Movie
Brilhante!

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