Casa do Paco, Cancun
Massa crítica
Como eu não tinha muita ideia do que esperar aqui em Cancun, a minha programação por aqui está tendo um significativo componente aleatório: Vou fazendo/vendo/experimentando o que me aparece pela frente e soa interessante, em geral no contexto da pedalada de 20km entre o hotel onde ocorre o evento (Gran Meliá e FALAN, respectivamente) e a casa do meu simpático host de couchsurfing.
A primeira coisa realmente turística que fiz por aqui, além o passeio cênico, foi visitar as ruinas de uma cidade
Maia (do período pós-clássico tardio, quase contemporâneo à chegada dos espanhois) em um lugar chamado El Rey, a alguns poucos quilômetros do Gran Melia. Não vou me alongar muito a respeito do sítio, pois pretendo falar sobre os Maias em maior detalhe em um post subsequente; digo somente que, embora situado na zona hoteleira, o lugar não parece atrair muitos turistas, mas está bombando entre as iguanas locais. Estas últimas lagarteeiam as dezenas nas pedras das ruinas, sem muito receio dos humanos ocasionais (juro que algumas parecem querer posar para fotografias...). É uma sensação interessante escalar os restos de um templo maia, sem nenhum outro humano a vista, e encontrar um iguana se esgueirando para dentro de uma vão entre as pedras que leva a sabe-se lá onde...
Antes de voltar para o congresso (que ocorre ao longo de todo o dia até as 21:00, mas com um buraco de 3-5 horas na programação durante a tarde, dependendo de quão interessante é a palestra após os posteres), resolvi dar uma paradinha na praia do Delfines, logo em frente. Parei para comer um quibe e bater um papo com a velhinas quituteiras locais (que se mostraram fascinadas pela minha bicicleta, e tentaram me ensinar algumas frases em maia), e desci para a praia, onde um mar impossivelmente azul me esperava para me fazer esquecer da neurociência, qual um Lethe caribenho (êta!).
Já deitado na canga e lendo um livro, ouvi uma comoção a alguns metros atrás de mim. Eram quatro gordinhos mascarados anunciando os mérito de sua federação de luta livre. Ou pelo menos um deles anunciava, enquanto os demais grunhiam em concordância. Quando perguntados sobre o que gostariam de dizer ao Brasil (me desculpem, mas não consegui pensar em algo mais inteligente para perguntar; me solidarizo neste momento com os reporteres do tapete vermelho do Oscar...), responderam algo do tipo 'peitos, bundas e caipirinha!'. Uma resposta que carece de comentários; mas acrecento que, se algum dia assistir uma suas lutas, torcerei pelo o que usa uma camiseta do Homer Simpson.
Apesar de todo o esforço da natureza, Cancun não é uma cidade particularmente charmosa. O centro da cidade quase poderia ser confundido com uma cidade do interior de São Paulo. A zona hoteleira, situada no entorno de uma lagoa de água salobra separada do mar por uma barra arenosa, lembra em alguns trechos a filha bastarda da Barra da Tijuca com Las begas. É bem cuidada, mas sofre pelo excesso de generalidade. Mas, como a foto ao lado atesta, não falta aos restaurantes temáticos locais o empenho de fazer os visitantes se sentirem bem vindos...
Ontem, ao retornar do encontro, eu tinha planos de ir direto para casa e descansar um pouco. Parei primeiro em um restaurante um tanto turístico, onde apesar das minhas suspeitas, comi muito bem, notadamente um prato maia ('Reyeno Negro') onde peru, almôndegas de porco e um ovo cozidos são acompanhados por um complexo molho negro feito a base de pimentões doces tostados. Na ausência de muitos outros clientes, acabei entabulando conversa em portunhol com meu garçon, o Ubaldo, cujo avô brasileiro (de Copacabana!) havia fugido para o México por razões políticas e acabou abrindo uma padaria em Veracruz.
De qualquer forma, uma hora depois e um pouco mais redondo, continuei pedalando até o final do Boulevard Kukulcan, onde me deparei com um grupo de ciclistas portando vestes reflexivas, megafones e bicicletas de todos os tipos e condições, e acompanhados de um equipe de filmagem.
Era o grupo local do Massa Crítica, a ponto de iniciar uma pedalada noturna. Me agreguei ao pelotão, e eles não poderiam ter me feito sentir mais bem vindo. O meu portunhol se mostrou surpreendentemente efetivo, e acabei a noite em um segundo jantar em um copo sujo local (muito mais em conta!) com alguns deles. Se tudo der certo, amanhã volto a pedalar com eles...
Apesar de todo o esforço da natureza, Cancun não é uma cidade particularmente charmosa. O centro da cidade quase poderia ser confundido com uma cidade do interior de São Paulo. A zona hoteleira, situada no entorno de uma lagoa de água salobra separada do mar por uma barra arenosa, lembra em alguns trechos a filha bastarda da Barra da Tijuca com Las begas. É bem cuidada, mas sofre pelo excesso de generalidade. Mas, como a foto ao lado atesta, não falta aos restaurantes temáticos locais o empenho de fazer os visitantes se sentirem bem vindos...
Ontem, ao retornar do encontro, eu tinha planos de ir direto para casa e descansar um pouco. Parei primeiro em um restaurante um tanto turístico, onde apesar das minhas suspeitas, comi muito bem, notadamente um prato maia ('Reyeno Negro') onde peru, almôndegas de porco e um ovo cozidos são acompanhados por um complexo molho negro feito a base de pimentões doces tostados. Na ausência de muitos outros clientes, acabei entabulando conversa em portunhol com meu garçon, o Ubaldo, cujo avô brasileiro (de Copacabana!) havia fugido para o México por razões políticas e acabou abrindo uma padaria em Veracruz.
De qualquer forma, uma hora depois e um pouco mais redondo, continuei pedalando até o final do Boulevard Kukulcan, onde me deparei com um grupo de ciclistas portando vestes reflexivas, megafones e bicicletas de todos os tipos e condições, e acompanhados de um equipe de filmagem.
Era o grupo local do Massa Crítica, a ponto de iniciar uma pedalada noturna. Me agreguei ao pelotão, e eles não poderiam ter me feito sentir mais bem vindo. O meu portunhol se mostrou surpreendentemente efetivo, e acabei a noite em um segundo jantar em um copo sujo local (muito mais em conta!) com alguns deles. Se tudo der certo, amanhã volto a pedalar com eles...