quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Pensamentos canônicos

Existe uma nova guerra fria no Oriente Médio, precipitada pela guerra no Iraque. Grosso modo, é um conflito entre xiitas e sunitas, mas vista de perto a coisa é um pouco mais complicada. O embate central do conflito é entre Arábia Saudita e Irã, ambos abarrotados de petrodolares, e que nunca se deram muito bem. Mas como nenhum dos lados quer por enquanto um confronto direto, a briga se dá na periferia, entre os seus respectivos agentes e aliados locais. Assim, os recentes eventos no Líbano e na Palestina, e em menor medida, no Iraque*; me parecem ser em grande parte conflitos por procuração entre estes dois lados.

Mas não estou com saco para falar sobre isso agora. O canon de Pechelbel é uma obra barroca muito agradável, embora um tanto manjada. Achei esta versão interessante.



E isso aqui é hilário.



Existe uma nova guerra fria no Oriente Médio, precipitada pela guerra no Iraque. Depois posto mais sobre isto.
________________________
*A Arábia Saudita avisou o Cheney que se os EUA se retirarem precipitadamente ela irá começar a apoiar os Sunitas iraquianos

Continue lendo...>>

domingo, 10 de dezembro de 2006

Casa, Rio de Janeiro
Taiko!

Metade da humanidade, incluindo a totalidade dos brasileiros, acha que sabe batucar. Combinar alguns poucos ritmos simples está de fato ao alcance de muita gente, e os brasileiros parecem ter talento para a coisa. Mas combinar vários ritmos, com transições suaves e pausas nas horas certas, já é bem mais difícil. E fazer isto tudo harmoniosamente com um grupo, com instrumentos e partituras diferentes, é altamente não-trivial.

Hoje houve uma exibição de Taiko na Dias Ferreira. Para quem não sabe, taiko é a arte de percussão japonesa. Individualmente, em duplas ou grupos, os percussionistas batem com bastões em tambores de madeira cobertos de couro altamente tensionado (o que torna o som mais barítono do que baixo).

Pois bem. Fui, e gostei muito. Até hoje eu só havia visto taiko pela televisão, e me surpreendi com a intensidade da experiência de assistir ao vivo. Se o primeiro impulso de quem ouve a bateria de um escola de samba é começar a dançar ou batucar junto, no taiko a vontade é de gritar no final de cada seqüência (os músicos gritavam palavras em japones que tenho certeza tinham um significado profundo e trancendente; mas eu me contentaria com um Gaaaaaahhhh paleolítico).

Originalmente o taiko surgiu para motivar e coordenar tropas em campos de batalha. Estas raizes implicam, em primeiro lugar, que o som é ALTO (uma batalha entre japoneses e os escoceses e suas gaitas de foles provavelmente deixaria metade dos participantes surdos). Em segundo lugar, como a ideia não era fazer o soldados cairem na dança, mas sim estimula-los a lutar e ag ir de forma coordenada, o taiko parece (ou pelo menos me pareceu) uma massagem sonora, ou uma palestra motivacional não verbal.

O som produzido não cria exatamente uma melodia ritmica, na acepção bum-eskibum-bum-bum do termo, mas sim vai construindo a partir dos vários tambores um ritmo único, que vai crecendo em intensidade até terminar subitamente em uma pausa prolongada (as pausas são muito importantes).

Os percussionistas eram homens e mulheres, de todas as idades e tamanhos (e aparencia perfeitamente normal, mas depois de ve-los espancar os tambores com potentes bastonadas por 20 minutos, decidi que seria sensato não contraria-los). Eram seis pessoas (acho), mais um sensei/mestre da bateria, que no inicio do show emergiu do restaurante (o show foi patrocinado por um restaurante japones, incidentamente) saltitando faunicamente usando uma mascara de demônio, e começou a puxar o ritmo batendo em uma cumbuquinha de metal. Eram três os tipos de tambores: um do tamanho de uma panela, usado para marcar o rítmo; quatro médios, dois dos quais faziam a 'base' (com uma baqueta) enquanto os outros dois 'solavam' (com duas baquetas); o último tambor parecia um grande barril, e soava como um diplodocus marchando.
(este parágrafo precisa urgentemente de uma infusão da terminologia correta)


Solando


Note o tambor diplodocus no centro, e o marcador de ritmo atrás

Quem quiser ouvir e ver um pouco do que eu estou falando, veja os vídeos aqui. Mas eu acho que taiko precisa ser experimentado ao vivo para ser apreciado.

Continue lendo...>>

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Limbo, Aeroporto de Confins


Vim para BH no domingo, de sopetão, para ficar com o meu pai, que sofreu um descolamento de retina no sábado (ele está se recuperando bem). Deveria voltar hoje, e de forma pouco caracteristica cheguei aqui no aeroporto de Confins com quase 40 minutos de antecedencia. Só para descobrir que nenhum avião decolou ou pousou nesta birosca desde 12:00 dia. Supostamente um raio caiu no Cindacta, e paralisou todo o trafego aéreo do sudeste. Sei. Imagino que os raios queiram um aumento, afinal descargas elétricas atmosféricas cumprem um papel inportante na natureza.

Aparentemente o CINDACTA1 está de pé novamente. Pousos e decolagens estão novamente autorizados em todo o pais, e os aviões que estão no solo já começaram a decolar. O aparelho em que eu deveria voar faria Rio-Vitória-BH-Rio. Ele ainda está no Rio, então mesmo com o Homer Simpson fora do CINDACTA as minhas perspectivas ainda não são boas. Estou pensando seriamente em voltar à civilização e pegar um ônibus para o Rio. A não ser que um raio tenha caido na policia rodoviária ou algo assim.

UPDATE1 [18:01]: As decolagens estão autorizadas somente com intervalos de 20 minutos (e não os usuais 5). A historia do raio parece ser só boato, a causa oficial é uma pane não-especificada.

UPDATE2 [18:13] Todos os aviões que já estavam aqui no solo ja decolaram. Mas ainda não há perspectiva de pouso (quanto mais decolagem) para os demais. Argh!! Acho que vou para a rodoviaria mesmo. Segundo minhas estimativas, devem ter pelo menos uns 10 voos atrasados no Rio antes do meu. Mesmo se a etapa de Vitória for cancelada, com 20 minutos entre decolagens isto corresponde a 3 horas de espera no Rio, 1 hora de vôo até BH e 1 hora até o Rio. Total de 5 horas...

UPDATE3 [18:39] Vou para a rodoviária comprar passagem. No Rio um vôo que deveria sair as 10:15 ainda não decolou.

UPDATE4 [19:58 do dia seguinte] Estou no Rio, depois de viajar a noite toda de onibus. Acho que fiz a escolha certa, já que os vôos continuam atrasando e os passageiros já começaram a apelar para o canimbalismo. As autoridades já trabalham para sanar o problema, e redefiniram 'atraso' como sendo algo que ocorre mais de 1.5 horas depois do horario previsto. Eu sinto orgulho do incrível talento Brasileiro para criar soluções semânticas para problemas concretos.

Continue lendo...>>