terça-feira, 12 de julho de 2011

Casa, Rio de Janeiro
Zumbizando poesia vogon

Estou indo para a Itália amanhã. Hoje. Já que são quatro da manhã. O propósito da viagem é

i) Apresentar em um encontro em Florença um trabalho sobre como calcular a massa média de neurônios e glias no cérebros (e subestruturas) de diversas espécies de primatas e roedores, baseado no fato de que as células gliais apresentam uma simpática uniformidade, não importando muito onde ou em que bicho elas se situam.

ii) Fazer um passeio de bicicleta (dobrável!) por algumas cidades da Toscana; um tour de 4 dias subindo e decendo uns 60km de morro com míseras 7 marchas por dia, no estilo 'O que não te mata te deixa mais forte'

iii) Fazer um tour por Portugal e o oeste espanhol, de carro, com a minha família, que encontro em Lisboa no final do mes.

É uma viagem eclética, e deveras promissora. O único problema é que, no meu estado atual, acho que vou passar uma semana na Itália só dormindo. Explico...

O final deste semestre lembrou muito um engavetamento em alta velocidade: É muita coisa tentando acontecer em pouco tempo e pouco espaço; colisões imprevistas levam à acomodações que são tão desajeitadas quanto são desconfortaveis; e você só se da conta da gravidade da situação quando já está no meio dela. O numero de coisas que precisavam ser resolvidas antes da viagem parecia se resetar sempre que aproximava do zero. As provas e relatórios e notas de quatro turmas de Física Experimental... Três papers para terminar de redigir, um deles com um prazo... Um relatório para pedir renovação da minha bolsa... o Poster que vou apresntar... os preparativos da viagem.

O resultado é que faz quase uma semana em que durmo 2 - 3 horas por umas duas noites consecutivas, entro em colapso morphético no terçeiro, e recomeço o ciclo. Agora, a 8 horas da minha viagem, só falta fazer a mala, cortar o cabelo, entregar o relatório e terminar um paper. Facil. Ou então a parte do meu cortex pré-frontal responsável pelo bom senso já foi desligada.

Na minha situação atual, consigo trabalhar em condições quase normais; mas ocasionalmente eu sofro um piripaque e faço coisas estranhas. Como escrever este post. Ou escrever o epitáfio de um irritante mosquito que matei após várias picadas e palmas anti-aereas:

Warm blood flows in her proboscis, can't stop now. A wall of flesh approaches; infinitely slow, and yet inescapable. Blood heavy, she accepts fate. Savor one last bite; and in the brief moment before being crushed, think deeper and more sublime thoughts than ever conceived by a mammalian mind. Oh, the warm, salty tang of irony!
Como bem disse o Catão, "E esse foi o tema do primeiro (e único) sarau de poesia Vogon da Galáxia. Trechos do evento ainda são utilizados ocasionalmente em presídios e guerras civis especialmente violentas". No facebook, foi capaz de unir israelenses e palestinos, dispostos a esquecer suas diferenças e unir forças para não ter que ouvir/ler mais coisas do tipo. O que obviamente me sugeriu escrever uma sequência... Pois palmas não são a única, ou a mais elegante, maneira de se matar um mosquito.


Oh Laser, photonic foe! Why do your bosons excite my leptons so?

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