domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ibirapuera, São Paulo
Misteriosa bola amarela no céu cega nerds

Hoje é o ultimo dia do Campus Party, e os participantes sobreviventes vagam pelo saguão com aquele olhar vazio e passo arrastado geralmente associado à insones ou zumbis. Me incluo no momento na primeira categoria, fiz parte por um breve momento ontem da segunda: O Fernando dirigiu um filme de zumbis, com direito à participação especial do Zé do Caixão e sangue de ketchup, e fiz apropriadamente o papel do morto-vivo que começa a infecção. Quando tiver o link para o produto final editado, posto aqui.

O dia de ontem transcorreu de forma muito semelhante ao anterior, e novamente vi muitas coisas interessantes e surpreendentes. A CP é notável por atrair gente muito competente, desde os overclockers da noite anterior aos entusiastas por simulação de voo que construíram uma engenhoca para acoplar o controle do ângulo de visão do avião aos movimentos de cabeça do usuário. Mas, pessoalmente, o que mais me impressionou foi uma palestra de um entusiasta de fotografia astronômica, um médico que entende muito mais do assunto do que qualquer astrônomo profissional que conheço (e cuja plateia incluía membros de um grupo amador que construiu um observatório automatizado na Serra da Piedade e já descobriu 13 supernovas*).

Ontem ocorreu ainda o primeiro protesto nerd do pais. Liderado por um robô e contando com a presença do nosso velho conhecido na fantasia de pinguim, o barulhento ato foi agregando participantes a medida em que passava. De longe a facção mais animada era a dos que defendiam a 'liberação do Counter Strike', um tema que talvez seja hermético demais para ser explicado para O Globo; mas o tema central era preservar a liberdade na e integridade da Internet (contra, em particular, projetos de lei fantásticamente estúpidos a respeito). O protesto terminou em uma rave improvisada, no qual a Raquel ficou assediando o Pinguim enquanto era por sua vez assediada por um careca mal-enjambrado.

Durante a noite resolvemos sair do Ibirapuera, para ver o alto teto abobadado azul escuro que as antigas lendas dizem existir fora da Campus Party. Fui com o Fernando e a Raquel comer uma espécie de PF japonês, em um restaurante de um balcão em buraco na parede de uma galeria fechada (sem Yakuzas jogando dominó desta vez, mas acho que só demos sorte). Em seguida fomos com um grupo maior para um bar na Vila Madalena. O começo da noite foi exclusivo para portadores dos cartões Gold e Platinnum da Funai; primeiro demoramos 40 minutos para arregimentar todos os convivas, depois nos ensardinhamos por um engarrafamento noturno, enquanto o Fernando dava um exemplo de civilidade urbana com sua direção estilo Mad Max. Finalmente, chegamos no bar, não encontramos quem havia nos convidado para ir lá, e esperamos mais meia hora para conseguir uma mesa. Depois a noite melhorou. Eu estava porém com muito sono (havia dormido muito bem, mas muito pouco, na minha barraca no dia anterior). Após tomar uma cápsula de guaraná em pó (cortesia da s1mone), porém, comecei a falar pelos cotovelos de forma absolutamente maníaca, indo da termodinâmica da neurogênese ao gnosticismo à fragilidade do sistema bancário na Asia. Aos poucos, passei a me comunicar em uma largura de banda mais normal, e voltei ao meu estado insone anterior. Como o prédio da Bienal só abriria as 5 da matina do dia seguinte, fomos matar o tempo restante em um café, e voltei para o Ibirapuera e para minha barraca já dormindo o sono dos justos.

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* Este tipo de observação é imporante para calcular a taxa de expansão do universo de forma independente de modelos. Falando sério, esse povo é muito foda.

2 comentários:

Anônimo disse...

Careca mal-enjambrado? eauhaeueha
muuuito boa a definição!
Bruno, vc é foda demaiiiiss, adorei muito tudo isso!

um beijao

|3run0 disse...

Eu tb adorei o evento, e encontrar vcs Raquel. EEm BH a gente se vê de novo.