quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Casa, BH

Meu avô Cilas morreu ontem de noite. Ele estava na UTI após desmaiar na fazenda da minha tia, mas após dois dias parecia bem, falante e inquieto. Eu fui visita-lo sabado de manha; o Roca foi a tarde. Algumas horas depois o pulmão não conseguia mais bombear oxigenio suficiente devido a uma embolia, e ele morreu.

O meu avô adorava inventar engenhocas, contar estorias e piadas infames. Cada canto da casa dele tem alguma coisa que ele construiu ou modificou, uma especie de museu do Professor Pardal. Portas e portões automaticos, arvores com topologia não-trivial, uma cadeira articulada inimitavel, um pegador automatico de goiabas, e a passagem secreta ocasional. Como ele era *muito* bom em trabalhar com madeira, quase tudo é de pinho de Riga (i.e., Estonia. É a mesma arvore que dá aqui no Brasil, mas por lá a madeira ganha veios claros e escuros alternados)

Quando eu era pequeno, ele era o adulto mais interessante que conhecia. Uma cabana tosca que construimos nos fundos da fazenda se transformava em um posto avançado na selva profunda. Sua oficina/deposito continha os segredos da Vida, o Universo e tudo o Mais. E foi no seu Doge brontossaurico que o Paulinho aprendeu (sem que sua mãe soubesse) a dirigir. Eu, meu irmão e meus primos eramos, e ainda somos, loucos com ele.

Chegamos no hospital pouco depois das 11 da noite de ontem. Com algumas poucas horas de sono fomos para o velorio, que durou o dia inteiro para que toda a familia & amigos se reunisse. O enterro foi no final da tarde. Não houve ultimas palavras, e fico feliz por isso. Qualquer coisa que se dissese naquela hora seria redundante, ou dispensavel. Nós nos lembramos, e isso basta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que triste, Bruno. Meus pêsames.

Carina