quinta-feira, 6 de março de 2014

Convention center, Denver
A sorte favorece os ousados; a sobrevivencia favorece os preparados


Entre os físicos, existe uma reação inicial quase universal perante  um poster sobre dinämica populacional de Zumbis. A heurística funciona mais ou menos assim:

1: Isto é sério? -> Sim, é. Pelo menos não é uma paródia ou camera escondida
2: Este cara realmente acredita em Zumbis? ->; Não, aparentemente ele não acredita que um ataque de mortos-vivos é realmente emintente. Ele não vai me pentelhar por 2 horas com teorias de conspiração

A segunda questão é importante porque todo físico já encontrou algum lunático, tão prolixo quanto insistente, que acredita ter mostrado que 'Einsten estava errado', mas que uma conspiração dos homens lagarto do CERN (ou algo assim) impede que a verdade venha a luz.

Descontadas as hipõteses de que eu fosse comediante ou insano, as reações subsequentes variavam mais. Algumas pessoas fazim uma ou duas perguntas e seguiam o seu caminho. Outras chamavam os amigos e tiravam fotos. Outras pediam, incrédulas, por explicações detalhadas. Alguns poucos franziam o cenho como se perdessem naquele momento um pouco de sua fé na humanidade, ou aceleravam o passo com medo de que asneiras fossem contagiosas. Mas os meu favoritos eram aqueles que aceitavam o trabalho pelo que ele é, e entendiam que um modelo pode ter consequencias interessantes mesmo se suas premissas não forem realistas. Descobri, enfim, que não sou o único 'atuando' nesta área. Um colega produziu um modelo de infestação de zumbis alternativo usando autòmatos celulares. Combinamos de nos manter em contato.

A minha outra apresentação causou menos comoção.

Fora os zumbis, a minha estadia aqui estã sendo bem tranquila. Denver é uma cidade amigavel para ciclistas. Denver é uma cidade amigavel, ponto, com sensibilidades um tanto libertárias (definição clássica: Libertários defendem o direito de casais lésbicos portarem armas para proteger suas plantações de maconha). Tem um centro compacto andável, restaurantes interessantes e museus e espaços públicos interessantes, e tendo como fundo as montanhas rochosas.

O urso da foto fica no exterior do centro de convenções onde estou agora. Um exemplo do ideosincrático humor local, suponho.

O único incidente digno de nota ocorreu na volta do almoço hoje, quando um choque com um quebra-mola não detectado me jogou por cima da bicicleta. Fisicamente, náo sofri grandes danos, mas a minha calça, enganchada pelo assento, não teve tanta sorte. Tive que voltar para a casa usando cuecas mal cobertas pelos trapos em que minha calça havia se tornado. Os transeuntes locais não me pareceram particularmente chocados.


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domingo, 2 de março de 2014

Sala de embarque, Aeroporto, Miami
Turismo acidental, cetáceos e armas de assalto

O plano era ir para Denver. Ainda é. Mas a conexão por São Paulo atrasou por falta de onde estacionar a aeronave em Guarulhos, e fui remanejado. De um um voo que ia para Dallas com uma subsequente conexão menos de 3 horas depois, por um passeio não programado de 14 horas em Miami.

Com meu um novo amigo, um veterinário carioca a caminho de Denver com exatamente o mesmo problema, fui fazer a proverbial limonada viscitudial, manifesta como turismo acidental. Fomos (de táxi) ao aquário local, o Oceanarium, que fica bem próximo da praia onde tive que roubar a minha própria bicicleta. Sem maiores emergências desta vez, vimos vários tipos de mamíferos marinhos fazendo inúmeras piruetas; são shows direcionados principalmente para crianças, e eu seria mais feliz com menos gritaria e as incontáveis pausas para aplausos. Mas há uma elegância inegável na maneira como estes animais se movem e deslizam, como se o mundo fosse feito de quiabo. Eu poderia observá-los por horas...

A alimentação dos tubarões pode soar como excitante e sanguinária. Mas na verdade os tubarões locais são extremamente acomodados, e preferem a comodidade dos peixes dados pelos treinadores ao trabalho de ir atrás de algo que possa eventualmente tentar fugir. Uma iguana havia caído na água, e alternava entre nadar até a margem e se fingir de morta enquanto um peixe maior que o meu braço mordiscava preguiçosamente as suas extremidades, mais para  preservar o seu orgulho próprio do que propriamente para se alimentar. Menos pacíficos, na verdade, eram os pelicanos, que se jogavam sobre a comida alheia e tinham que ser espantados pelas treinadoras com raquetes anti-pássaro.

A iguana foi resgatada por um funcionário com uma rede, sem ferimentos aparentes.





Falando em coisas sanguinárias, vou para Denver para apresentar dois trabalhos no congresso anual da American Physical Society. Um deles é um modelo da dinâmica populacional de infestações de zumbis, onde procuro computar qual seriam as estratégias ótimas para lidar com o problema. Inspirado pelo tema, e pelo tripadvisor, passei uma agradável hora em uma galeria de tiros temática (sim, é uma atração turística), aprendendo a atirar com fuzis, sub-metralhadoras e pistolas. A minha instrutora é uma fuzileira naval reformada (abaixo) com um muque respeitável, que me ensinou os fundamentos de segurança (dedo fora do gatilho exceto quando for atirar, apontar o cano só na direção 'downrange', etc.), e me mostrou como segurar e disparar as várias armas. É um dos poucos lugares no mundo onde é possível disparar armas automáticas e fuzis de assalto de vários tipos (certmente situado no único pais do mundo onde isto é legal). Quando a infestação zumbi ocorrer, estarei mais preparado...



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