sábado, 9 de junho de 2012

Pousada da Serrinha, Ouro Preto
Convergência teleológica e etnografia Jeca-Tatúica

Ferias 2010-11 103 

É uma vergonha que este blog tenha estado parado por mais de seis meses. Por outro lado, é igualmente uma vergonha que a minha vida não tenha, por razões várias, andado muito para frente no mesmo período. No esforço de induzir algum tipo de convergência teleológica entre os dois, eis que escrevo um post novo, que sera tamen.

Em geral as viagens que inspiram os meus posts descrevem lugares que visito pela primeira vez, ou pelo menos se referem a coisas novas e (presumo) interessantes que fiz em lugares já visitados. Desta vez, estamos eu e a Ceci em Ouro Preto por alguns dias, para essencialmente ficar na mesma pousada, visitar os mesmos lugares, comer nos mesmos restaurantes e fazer as mesmas coisas que fizemos/ficamos/comemos/visitamos em passagens anteriores. As vezes este tipo de viagem também é necessária...

Não é que eu não tenha nada para dizer sobre Ouro Preto; mas eu teria que escrever muito para dizer algo verdadeiramente interessante, e como não quero me esteder aqui, não direi nada. Mas menciono brevemente um lugar peculiar, a meio caminho entre BH e Ouro Preto, que visitamos no ano passado.

Imagine que arqueólogos do futuro escavassem cuidadosamente as ruinas de Belo Horizonte, a mítica Belzonte de outrora, até encontrarem a camada estratigráfica referente aos anos 70. Sem enteder o seu propósito, eles seguem uma longa e ilustra tradição na arqueologia e atribuem um significado ritual a diversos items de uso corrente na época, tais como máquinas de escrever e secadores de cabelo. Por outro lado, a profusão de pequenos discos de resina plástica preta com um padrão espiral de ranhuras sugeriria o seu uso na construção civil, possivelmente para a calafetação dos interiores das primitivas habitações da época. Finalmente, embora sem ainda conhecer os detalhes da cultura e religião dos antigos Belzontinos, nossos futuros estudiosos provavelmente concluirão que eles cultuavam uma estranha divindade sorridente, com longos cabelos negros, e normalmente representada vestido de branco, ou usando intricados medalhões carregados de um profundo mas oculto simbolismo.

O diorama em exposição no Museu Etnográfico de Tychograd tentando explicar tais achados provavelmente se pareceria muito com o Museu do Jeca Tatú.

O local é quase literalmente indescritível: Ele parece ser o fruto do alcolizado cruzamento entre um brechó e uma casa de fazenda mais rústica, que decidiu ganhar a vida vendendo pasteis de angú. É um passeio interessante (e os pasteis são bem decentes), obviamente o amoroso trabalho de uma vida. É um lugar de que gosto bastante, mas não posso dizer que entendo. De qualquer forma, seguem algumas fotos, do MdJT e de Ouro Preto.

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