sábado, 29 de maio de 2010

Casa, Rio de Janeiro
Cientista maluco ou engenheiro maluco?



(Encontrado aqui, ht: Sandro)

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Casa, Rio de Janeiro
Miscelania no VE day

Continuo sem postar regularmente quando não estou viajando... Em Junho/Julho devo ir para Washington e de lá para Amsterdam, então quem sabe a blogagem não pega no tranco?

No mes passado fiquei sabendo meio que por acidente que iria acontecer uma seleção para professor substituto no instituto de física da UFRJ. Fiquei sabendo em uma quinta, entreguei os documentos na data-limite, na sexta, fiz a prova na quarta e fui aprovado na quinta. Tudo rápido demais para pensar muito sobre o assunto.

A questão era: Eu poderia acumular minha bolsa de posdoc e o salario de prof. substituto? Mandei emails e telefonemas vários para a faperj, sem resposta. Mas como a necessidade de professores era para ontem, e eu já estava no clima de pular primeiro e olhar se a piscina estava cheia depois, começei quase imediatamente a dar aulas de 'Introdução à Física A/B'. Duas turmas, 4 horas semanais cada. O curso já estava bem estruturado, e se destina a, ao mesmo tempo, nivelar os alunos (do primeiro semestre) com deficiencias na formação, e motivar o interesse daqueles que já sabiam mais um pouco em tópicos mais avançados.

No final das contas, mesmo no límbo empregatício, acabei me divertindo dando as aulas. Os alunos são simpáticos, e aparentam interesse. A minha estrategia tem sido, em geral, em abordar a fisica de forma bem leve e construtiva (e, necessariamente, sem cálculo), mas ao mesmo tempo mostrar que os conceitos que discutimos na aula está relacionado a ideias bastante profundas e (espero) interessantes.

Assim, ao mesmo tempo em que revia as leis de Kepler, eu indicava que a 2a lei (areas iguais em tempos iguais) era uma consequencia bastante geral da simetria por rotações em torno do Sol do modelo Kepleriano. De fato, isto implica, pelo teorema de Noether, que existe uma quantidade conservada, o momento angular, que é exatamente proporcional à derivada temporal da area percorrida. Em termos de simetrias, a gravitação de Newton extende o modelo de Kepler ao incluir o movimento do Sol (que deixa de existir por fiat em um ponto previlegiado do espaço, no foco de todas aquelas elipses, e se torna um corpo massivo como qualquer outro, sujeito a forças reciprocas gravitacionais); a física do sistema todo se torna então invariante por translações, o que implica que o momento linear também é conservado. Eu mencionei tudo isto, em diferentes níveis de detalhe, de uma forma que espero não tenha sido muito assustadora. A ideia era não só indicar o progresso conceitual entre um modelo e outro, e a ideia transformadora de uma força realmente universal, mas também mostrar para os alunos que o conceito de simetria é particularmente poderoso na ciência.

Outro exemplo: Ao falar de ótica geométrica, o curso é estruturado de forma que os alunos deduzam as leis da ótica geométrica a partir de uma série de experimentos. Eu aproveitei a deixa par mostrar como estas leis podem ser obtidas a partir de um principio de mínimo (no caso, de minimo tempo de propagação); usei para isso o exemplo do salva vidas, que precisa salvar um afogado, e precisa escolher o caminho mais rápido até o pobre coitado levando em conta as diferentes velocidades com que corre na areia e nada no mar; ou o bombeiro, que precisa correr até o mar, encher um balde e apagar um incendio. As trajetórias mas rápidas de ambos correspondem exatamente aos casos de refração e reflexão de raios luminosos.

De qualquer forma, estou gostando da experiencia. E semana passada, a Faperj finalmente deu sinal de vida (após eu ter achado o email de um dos vice-presidentes), dizendo que não havia problemas em acumular as duas atividades. O que significa que eu vou até ser pago por isso...

Fora isso, algums comentários randômicos:

Estou virando um entusiasta do iogurte artesanal. Que é um nome bastante pomposo para algo que faço em 40 segundos e deixo na agua morna durante a noite. Normalmente, é preciso ferver o leite e a recipiente, esperar que voltem à temperatura ambiente, para então adicionar os lactobacilos (obtidos convenientemente no iogurte da vespera, ou (no primeiro dia), de um copinho de iogurte natural). Mas raciocinei que tanto a pasteurização do leite quanto a esterilização do recipiente já ocorrem nas caixas de leite longa vida. Então, simplesmente abro um litro, bebo meio copo, adiciono uma colher do iogurte da véspera, fecho, chacoalho, e mergulho em uma panela com agua morna. Sério, fazer um copo de nescau dá mais trabalho.

É possivel ainda engrossar o iogurte resultante com um filtro de café. Depois de umas 12 horas sobre o filtro, obtenho um iogurte pastoso, que pode ser comido com azeite, pão, azeitonas, e Za'atar (uma mistura libanesa de sumac, tomilho e sementes de gergelim torrado).

Ultima observação: Estive em BH mês passado. Desde que comecei a cozinhar macarrão a sério, perdi o entusiasmo por restaurantes de massa. Em geral, a minha impressão é que eu poderia fazer melhor em casa pagando menos. Mas desta vez fui com os meus pais em um tal de Via Destra, e a experiência foi outra. Voltando do banheiro, por acaso dei uma espichada de pescoço em direção à cozinha. O chef, notando meu interesse e demonstrando uma certa sintonia com a Força, imediatamente me convidou para entrar. "Você gosta de cozinhar?" - me perguntou, assim que ajustei uma touca, convenientemente disponível, na minha cabeça. Acabei acompanhando todo o processo de elaboração dos nossos pratos. É algo bastante não trivial sequenciar todos os procedimentos para que todos os pratos de uma mesa fiquem prontos ao mesmo tempo; e há um balanço entre as preparações que precisam ser feitas antes do restaurante abrir e a elaboração de cada prato após o pedido. Algo ab initio em excesso demoraria muito, mas antecipar demais a preparação transforma a comida em uma mediocridade pré-fabricada.

Fui uma experiência instrutiva, em particular porque a comida estava excelente, como há muito eu não comia em um restaurante italiano.

Bem, vou dormir, porque dou aula daqui a 5 horas e meia (argh...). De qualquer forma, ontem (quando comecei a escreve o post) foi o aniversário do final da IIa guerra na Europa. Feliz Dia VE, e feliz dia das mães, para todos os não-nazistas do mundo no primeiro caso, e para todas as mães (idealmente, não-nazistas também) no segundo.

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