segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Hotel Boa Esperança, Florestal
Que Mundo Maravilhoso!

Estou aqui em um hotel fazenda com a família da Ceci, para o Ano Novo. O lugar é muito agradável, a comida é boa e os funcionários são extremamente simpáticos. Mas cuidar do Gabriel full time em um lugar desses cansa pacas, e tivemos poucas oportunidades de fazer coisas mais fazendíssicas.

O lugar tem o seu charme. Existe um lago logo em frente aos nossos quarto, habitado por gansos, patos e capivaras (e formigas!). O Gabriel gosta de passear pelo gramado em frente, e se diverte perseguindo as pobres aves até as margens da água.

Como eu disse, a comida é boa, e extremamente mineira. Durante o jantar dois violeiros bastante competentes se apresentam com um repertório um tanto eclético. O mais velho não só se parece com o Louis Armstrong, como também consegue imitar brilhantemente a sua voz ao cantar 'What a Wonderful World'. Infelizmente suas habilidades linguísticas ficam bem aquém de seus dotes musicais. Imagine uma voz com o timbre do LA, acompanhada de um elegante dedilhado de violão, cantando:

"Aize feuds af grreem
redouses tuuu
Aize embroom
fo miniou
anadink tuu mizell
what a wonderfl wrld...
aidinj tuu mizell
what a wonderfl wrld...

[...]

Aize freends xique rnds
seing rawdgdu
zeirily seing ailuvu
anadink tuu mizell
what a wonderfl wrld..."

Oh yeah... O problema é que o cara é bom demais para estragar a música ou transformá-la em pura comédia. Talvez a melhor maneira de apreciá-la seja imaginar que esta é uma versão de 'What a Wonderful World' em um antigo dialeto frísio ou algo assim. Hoje consegui concatenar uma sesta pós-almoço do Gabriel com uma caminhada. Para os meus padrÕes, foi um passeio sem grandes percalços. Simplesmente segui por uma estrada de terra, e me embrenhei em um mato na primeira picada até chegar em um canavial. Encontrei então dois matutos com um sotaque absolutamente impenetrável (e digo isto como mineiro!), que me informaram de uma outra trilha mateira do outro lado
do canavial (a informação foi acompanhada de um aviso 'maicê oiabem quitem cobra. Numvaipisá nusmato seim vê naum, oia lá!'. Eu realmente devo estar na antiga Frisia). Segui a trilha, encontrando de forma um tanto inusitada um concha de molusco e uma frigideira de ferro batido, que preservo para a posteridade. Passei ainda por diversos cupinzeiros destruídos (provavelmente pelos matutos; destruir cupinzeiros deve ter um profundo significado ritual para o frigios), até encontrar outra estrada de terra. Seguindo pela mesma, passei por uma casa geminada com um curral, e encontrei novamente a estrada entre dois lagos que leva ao Hotel Fazenda. Após intimidar uma pobre capivara pelo caminho, retornei ao meu ponto de partida, para tomar uma merecida coca cola.

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