domingo, 28 de novembro de 2004

Cyber Games, Cabo Frio

Estou aqui em Cabo Frio para o fim de semana, com a Ceci & pais. Praticamos esportes radicais, como ir a praia, comer peixe frito e dormir. Pode não ser uma grande aventura, más é uma ótima terapia. A dona da barraca onde almoçamos é uma excelente cozinheira (para quem gosta de coisas bizarras, comi as ovas fritas do(a) peixe. Gostoso.). Depois do almoço, ficamos discutindo sobre receitas e temperos. Decidi que vou plantar um pouco de alfavaca.

Nada como um pouco de antropologia underground. Existe alguma conexão profunda entre sol & praia e música ruim & alta. Música ruim existe em qualquer lugar, mas só na praia ela é realmente apreciada (os habitantes locais não são mais ou menos propensos a gostar de porcaria; o que acontece é que os fãs hardcore se congregam na praia). Em outro lugares, as pessoas ouvem funk/axé porque estão entediadas/procurando sexo/embriagadas, mas por aqui seus apreciadores ouvem com atenção reverente enquanto cantam e dançam com uma desenvoltura que só a longa experiencia traz. O repertório não se limita ao ´bonde do Tigrão´ básico, e inclui vários grupos obscuros (mas igualmente ruins) do Brasil afora. Assim como os verdadeiros fãs de rock progressivo não consideram o Pink Floyd seu grupo favorito (preferindo algum grupo finlandês obscuro), os verdadeiros connoisseurs tem opiniões fortes sobre o que constitui o verdadeiro funk/axé, e discutem entre si os meritos relativos dos diversos grupos, bandas e bundas.

Chega de antropologia underground.

No Rio a minha vida esta meio atolada. Não consigo terminar algumas tarefas necessarias mas desinteressantes, e portanto não consigo começar outras mais interessantes. Argh...

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domingo, 21 de novembro de 2004

HSH, Belo Horiznote - Chernobyl

Estou em BH para outra visita relâmpago. Semana restrasada estive em SP para o Tim Festival. Eu *nâo* estive em Chernobyl durante este periodo, mas uma Bielorussa cruzou a zona contaminada de moto, e fez um blog a respeito! Não é uma aventura tão suicida quanto parece; a radiação é toleravel se vc não sai da estrada ou fica muito tempo (ou pelo menos é o que ela diz).

Quando o reator explodiu, espalhou radiação por uma zona enorme na Ucrania e na Bielorussia. O governo sovietico tentou manter o acidente em segredo até que os noruegueses (acho) detectaram um nuvem radioativa inda na direção deles. Enquanto isso, os sovieticos recrutaram milhares de soldados e bombeiros para apagar o fogo (das barras de grafite super-aquecidas, expostas pela explosão ao oxigenio atmosferico). Alguns sabiam do que se tratava, outros não; mas parece que alguns milhares deles morreram de cancer ou envenenamento radioativo. Depois que o alarme foi dado, algumas centenas de quilomtros quadrados da então URSS foram evacuados quase que da noite para o dia. As fotos mostram as cidades fantasmas, caminhões, fazendas, barcos, como foram deixados. Parece filme de zumbi...

http://www.kiddofspeed.com/chapter1.html

UPDATE: A tal Elena é uma fraude! (veja aqui tb) Parece que ela foi em uma excursão para Chernobyl com o marido (em um Lada, com um guia), e que metade das coisas que ela diz são exageros. Argh! Parecia bom demais para ser verdade

UPDATE 2: O filme "Return of the living dead 4¨ vai ter cenas rodadas em Chernobyl!". Filme de zumbi mesmo.,.,

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terça-feira, 16 de novembro de 2004

CBPF, Rio de Janeiro - Ruido branco

Não vou mais falar da eleição americana (pode abrir os olhos, Fernando). Este não é um blog político, afinal de contas. Mas não prometo não falar sobre a morte do Arafat, o segundo turno na Ucrania ou o genocidio em Darfour... ;-) Minha personalidade 'News Junkie' está tentando voltar a tona, mas no momento é a 'Cadê a comida?' que está no comando.

Vou jantar agora. Comecei o post prometendo não falar sobre alguma coisa, e terminei falando sobre coisa alguma. Em homenagem as **AA, termino com uma citação do Robert Heinlein

There has grown up in the minds of certain groups in this country the notion that because a man or corporation has made a profit out of the public for a number of years, the government and the courts are charged with the duty of guaranteeing such profit in the future, even in the face of changing circumstances and contrary public interest. This strange doctrine is not supported by statute nor common law. Neither individuals nor corporations have any right to come into court and ask that the clock of history be stopped or turned back, for their private benefit.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2004

CBPF, Rio de Janeiro

o Bush ganhou... Que merda.

Eu passei a madrugada ontem acompanhando a eleição americana pela internet. Por volta das 9 da noite, começaram a aparecer extra-oficialmente pesquisas de boca de urna indicando que o Kerry estava na frente em quase todos os swing states. Na CNN, os apresentadores (que tinham se comprometido a não divulgar tais pesquisas dado o fiasco da eleição anterior) ficavam soltando 'dicas', dizendo que o sorriso da Laura Bush parecia forçado, que o clima era de otimismo entre os democratas, etc. Na internet não havia auto-censura (e.g, na Wonkette); os democratas comemoravam, e os republicanos arranjavam desculpas e acusavam os democratas de intimidação, mau halito e bestialismo. No site de apostas TradeSports , os apostadores que antes favoreciam Bush na proporção de 2 para 1 subitamente mudaram de ideia, e começaram a apostar em Kerry.

Por volta de 1 da manhã, começavam a chegar os primeiros resultados. Em todo os EUA, eles favoreciam Bush, mas isso era esperado, porque distritos rurais (que em geral votam nos republicanos) terminam a contagem mais cedo.

Uma hora depois, a liderança de Bush se consolidava em alguns estados que a boca de urna apontava como tendendo ao democrata. Os posts nos blogs liberais foram ficando mais esparsos, e as apostas em um ou outro lado se equilibravam.

Perto das 3:30, alguma coisa estava obviamente errada com a boca de urna. Na Florida Bush abria 5 pontos de vantagem com metade das urnas apuradas. Ele tambem liderava em new Hampshire, Winscosin, Minnesotta, Iowa e Michigan, alem de Ohio. As apostas agora voltavam a proporção anterior de 2 para 1 em favor de Bush.

As 4, com mais votos urbanos sendo apurados, New Hampshire passou a favorecer Kerry. Pouco depois, o mesmo se deu com Minnesotta, Wisconsin, Michgan e Iowa. A disputa em Nevada, Colorado e Novo Mexico era apertada. Em Ohio, a vantagem de Bush caiu para 4, 3, 2 por cento. Tudo dependia de Ohio, quem ganhasse seria o novo presidente. Mas a esperança democrata dura pouco. O resultado em Ohio oscila, mas a diferença nunca é menor que 100.000 votos. O total de seçoes eleitorais apuradas chega a 80%, 90%, 96%. Por volta das 5, até os democratas mais otimistas reconhecem que tinha acabado.
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Neste momento, estou dividido entre raiva e perplexidade. Não entendo como os americanos elegeram este mentecapto, após tudo o que ele fez (na verdade entendo sim, só não aceito. Mas depois desta madrugada insone acho que tenho o direito de ser implicante). Fico com raiva daqueles americanos que não foram votar por pura coceba. Fico com raiva da esquerda, que atualmente só consegue oscilar entre o patético e o irrelevante. Fico com raiva dos Roves, Cheneys, Rumsfelds e Ashcrofts da vida, que vão tomar este massacre (não só na eleição presidencial, mas também no senado e camara dos representantes, e em alguns anos também na suprema corte) como um mandato para continuar a cagada dos ultimos 4 anos. E fico com raiva dos fascistas islamistas que vão aproveitar esta oportunidade única para se posicionarem como 'defensores da fé' na cabeça de muito gente.

De consolação, pelo menos como procedimento democratico a eleição nos EUA foi um sucesso. Os americanos tem um sistema singularmente ineficiente e excentrico de votação. Mas não houve fraude ou intimidação em larga escala, o comparecimento foi grande, e eu tive a impressão que os eleitores foram muito mais capazes de aceitar diferenças honestas de opinião do que os políticos e comentaristas em geral.

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terça-feira, 2 de novembro de 2004

B & C B& B, Rio de Janeiro

A comunidade mineira expatriada (exceto pelo Schneider, cujo celular aparentemente faleceu) está aqui em casa. Fiz um macarrão (novidade!) de Chitake & Shimeji com alho poró, soyo e vinho branco. A Maria Flavia trouxe brownies de sobremesa.

Nas ultimas semanas me tornei quase um expecialista no processo eleitoral americano. GOTV, swing states, incubent rule, early ballots, etc.

Nas ultimas duas semanas, estão aparecendo literalmente duzias de pesquisas por dia. Veja aqui e aqui mapas eleitorais com previsão de voto estado a estado. Em resumo, a maior parte dos estados já está definido. O sul e centro oeste é Bush sem discussão. O nordeste e oeste são democratas. Os swing states que ainda estão em jogo ficam em sua maioria na região dos grandes lagos (Iowa, Wisonsin, Minnesota, Ohio; A Pennsylvania já esta quase definida para o Kerry). Além destes, a Florida (sempre) está empatada nas pesquisas, e Novo Mexico e New Hempshire ainda estão na disputa (mas tendem a Bush e Kerry, respectivamente).

Até ontem as pesquisas estavam praticamente empatadas, tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral. Em geral, isso tenderia a favorecer a oposição; 2/3 eleitores indecisos tradicionalmente voltam na oposição. Mas nesta eleição o numero de indecisos é minusculo; e dada a excepcionalidade do pleito, o inverso pode acontecer (alguem que esteja indeciso nesta altura do campeonato ou é *muito* alienado, ou *muito* burro, duas caracteristicas de muitos dos eleitores do Bush).

No final das contas, a eleição deve ser definida pelo comparecimento dos eleitores. Nas ultimas eleições presidenciais americanas, pouco menos de metade dos eleitores qualificados votaram (a menor fração em um pais industrializado hoje). Este ano espera-se um comparecimento maior. A questão é quão maior, e quem são os novos eleitores. Ambos os partidos investiram pesado no GOTV (get out the vote); os republicanos tentam mobilizar 4 milhões de evangelicos que não votaram na eleição passada (explicando em parte o apoio do Bush aquela emenda constitucional grotesca proibindo os estados de reconhecer uniões gays). Por outro lado, negros e jovens tendem a votar nos democratas, e milhões deles se registraram para votar pela primeira vez. O voto hispânico também é disputado. No final das contas, tudo depende de quem vai efetivamente comparecer*.

Estou ligeiramente otimista que estes fatores favorecem o Kerry. Quem quer que ganhe, acho que vai ser por uma margem relativamente grande; quem for mais eficiente no GOTV deve ganhar em quase todos os swing states.

Alguns (poucos) links que costumo frequentar:

Comentarios relevantes na revista Slate
Quatro blogs (os dois primeiros politicos, os dois ultimos sobre o Iraque:
Andrew Sullivan, Wonkette, Juan Cole, Healing Iraq
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* To any americans reading this, get off your ass and vote!

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